Uma apreciação matemática de nossa época

Com muita, muita, mas muita boa vontade, o objeto mais distante que podemos ver a olho nú daqui da Terra, num céu limpo e com ótimas condições atmosféricas é a constelação de Andrômeda, que está a cerca de 2,5 milhões de anos-luz.

Bem, o universo tem cerca de 15 bilhões de anos-luz.

Pegando a calculadora então:

Podemos ver a fantástica quantia de: 0,016666666% do universo.

Nossa! Até que o número foi alto, não?

Mas um professor de astronomia me disse que no céu de uma cidade como São Paulo vamos ver habitualmente cerca de 30 anos-luz...

Que dá na calculadora exatamente:

0,0000002% do universo.

Ou seja, em uma cidade grande as pessoas vêem o universo 83333,33 vezes pior do que naturalmente poderíamos.

Isso é bem triste, não?

Podíamos ver tão longe... mas hoje estamos sendo encurralados numa caixinha quente, poluída e fechada para a maravilha que devia ser toda noite ter um céu estrelado.

Existem grandiosidades que nos destroem - mas existem outras que nos fascinam.

Um céu estrelado seria uma delas.

Não tem como não experimentar o silêncio sagrado diante de uma Terra coberta de estrelas.

O ser humano está cada vez mais míope e não percebeu... Ou melhor dizendo: 83333,33 vezes mais cego. 83333,33 vezes mais apegado ao seu ego. 83333,33 vezes mais aferrado aos seus valores e preconceitos.

Conclusão do estudo: está na hora de trocarmos de óculos, não? Ou, quem sabe, submetermo-nos a uma operação a laser!!