Daquele que é
Ninguém viu aquele que apontava.
Ninguém o viu zombar, dizer aquilo que queremos dizer mas não dizemos.
Quem o viu tão diferente mas tão igual ao que se quer ser? Quem vê?
Por quê faz coisas que quero fazer e não faço?
Quem é? Agindo sem medo, sem manter aparências?
Por quê se mostra fraco quando fraco está, enquanto eu tomado de medo demonstro uma falsa força?
Não o procuro mas ele está sempre ali. Não fujo mas ele tende a me achar. Quem é? E por que detém repostas contrárias das quais eu dou?
Aquele é e não é o que sou.
É o que eu deveria ser.
É o que não estou sendo.
Será o que devo ser.
Devo ser...
O que devo ser?
Esse que escondo criando outra personalidade?
Esse que afundado em injúrias e devaneios, mergulhado em desejos vis e impossíveis? Por quê aquele tem que ser eu? Não quero mostrá-lo, e não mostro. Se aquele sou eu mesmo por quê tenho medo? Aqueles que julgo importante para mim não o conhecem... talvez seja esse o medo.
Talvez...
Tão certo quanto a incerteza do que não sou, de quem devo ser e daquele que é.