Sem título..
Não acho que envelheci, ainda – apesar de ter essa impressão, às vezes.
Não quero chegar a velhice.
Mas tenho muitas esperanças;
Muitos sonhos a realizar.
Anseio muitas coisas, com a força e a fé que habitam em meu coração.
Espero viver um amor de verdade,
Sem as cobranças e medos descabidos, das paixões desenfreadas; desmedidas e possessivas.
Sempre anseio, por condições, dias melhores.
Não desejo, não sonho apenas.
É sempre algo desesperado; tenho urgência; pareço não querer esperar o tempo certo das coisas;
Pareço não confiar nos desígnios; na providencia divina.
Digo-me crente, mas ajo tal qual ateus, hereges, fariseus...
Às vezes, quero fazer um propósito com Deus;
E quase sempre percebo que este compromisso deve ser feito comigo, por crer em meu merecimento, por saber também o que me faz mal; por saber que a divindade do Pai também, de alguma forma, em qualquer que seja a proporção, habita em mim.
Quero prometer não mais chorar.
Mas não posso, não cumpriria esta promessa.
Repito a razão, na essência do meu ser, reside uma certeza; a de que algum dia (que não sou eu quem define) meus desejos, sonhos e anseios se realizarão.
Meus receios não mais existirão, pois, se quiserem aproximar, eu irei lacrar minha mente e direi que tentam em vão.
Mas tudo depende da minha fé, do quanto estou disposta a lutar, da renuncia dos meus temores, da minha insegurança, da minha crença na realização deles.
Às vezes, quero parar de respirar e ir...
Todavia, não sei se meu destino é um lugar melhor, se é chamado paraíso.
Quando paro novamente, conversando com meu outro ser, me pergunto se não tenho juízo, quando esqueço o sonho, a fé e perco a noção.
Cobro-me muito; me culpo; entristeço; emudeço e fico a pensar comigo “começar de novo, não!”.
E é, para mim, sempre muito dolorido colocar os pés no chão.
Mas a tristeza não ajuda, a autopunição, as lágrimas e o silencio de nada adiantam...
Preciso já, recuperar a razão.