Vou lá fora.
Vou lá fora respirar. Ver a paisagem, sentir o clima. Daqui de dentro não tenho muita noção... se está frio...se está ameno...se o sol resolveu aparecer.
As estações mudaram desde a última vez...e não reconheço qual vigora neste instante. Mas vejo flores, pássaros, esperança... no céu o símbolo da aliança: o arco-celeste veio me saudar.
Abro os braços...a vida roça afetuoso em minha face. Seu gosto...sabor de novidade: “novidade-de-vida”. Um lindo pássaro pousou em minha fronte...lindo...inusitado...atarantado...mas não permito que nela construa seu abrigo. O espanto. A liberdade é seu destino.
Aqui fora está gostoso; mas todas essas cores, sons e movimentos me assustam. Aqui tudo parece perene, ao passo que tudo passa sistematicamente tão rápido, que alguns detalhes tornam-se imperceptíveis. E ele não volta. Não absolve. A borboleta bate suas asas e seus efeitos se farão sentir até o infinito.
Ouço um grito. Não sei se de aflição... se de conquista...mas ele ecoa e incomoda. Folhas se vão ao soprar do vento, e as árvores, como num tom de lamento, reproduzem o som produzido pelo vento.
Há frutos. Me alimento. Seu gosto ainda é desconhecido, mas meu paladar não o rejeita.