Sozinha

Sozinha no silêncio do meu quarto.

Só não estou! Se pensar bem, estou eu e a TV, que insiste em passar à mesma programação, e na tarde e fria madrugada parece aumentar ainda mais essa sensação.

Tem o rádio, que insiste em tocar músicas românticas, e eu tola, entro no clima e canto para ninguém. Fico mesmo na esperança de estar apenas em um ensaio,à espera do grande concerto.

Há também a cama, que apesar de ser nova, pelo meu ânimo parece ter mais anos que os móveis de um antiquário.

Roupas também tenho, apesar de nunca achar que elas são suficientes. É verdade são poucas se considerarmos uma loja ,e muitas se compararmos com as de um mendigo.

Um quadro com algumas figuras que vão do mau gosto ao péssimo.

Sapinhos, na verdade um casal deles, talvez esse não seja um objeto meu, mas sim da menina que mora em mim. Nesse momento ela quer tomar posse desse corpo, diria um objeto de martírio, mas chamemos de corpo mesmo.

Vontade de acordar a todos como fazia quando pequena. Chorar, pedir colo, pedir chamegos e carícias, torna-me o centro das atenções, e não ficar mais nesse quarto só, esperando a manhã aparecer no vasto céu de ternura.

F Abreu
Enviado por F Abreu em 24/06/2008
Código do texto: T1049093
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