Opinião (sobre ela mesma)
As pessoas oscilam demais conforme oscilam as opiniões. Nossas e deles. Eu defendo o direito à ela. Ser boa ou não é uma questão de gosto. Também defendo o direito à opinião estúpida, mas nunca me sinto no dever de apoiá-la ou de incitar uma discussão sobre ela. Afinal, boas ideias continuam sendo boas mesmo sem bons (ou maus) ouvidos para ouvir, mas não as serão sem um defensor condizente. Ninguém espera que asnos produzam pérolas (mas sempre nos surpreendemos), mas deveríamos não esperar que todas as ostras também as produzam. Dessa forma não seríamos tão escravos da "massa", nem correríamos o risco de acatar tão fácil uma estupidez.
Para que as opiniões sejam apresentadas, não há como a pessoa se isentar do cinismo, e as vezes até do sarcasmo. É o artefato necessário. A companhia da coragem.
Quando se apresenta a opinião causa várias reações, mas raramente alguém vai deixar de fazer o que fazia por causa dela. Vão continuar errando ou acertando, em maior ou menor escala, sem dissimulações ou mais prudentemente.
Certas pessoas inibem minha vontade de opinar porque eu me sinto mais a vontade em dar minhas opiniões a quem, ao menos, notará que essa opinião não deve mudar o curso de sua vida (sem necessidade de me convencer disso).
A opinião vale muito pouco. Ela não consegue, por mais forte que seja, fazer das próprias palavras uma verdade. A opinião realmente é um mal(ou bem)-estar passageiro, como diz Polzonoff. Talvez por isso eu me desvista do cinismo quando tenho certas conclusões sobre determinados assuntos. A minha opinião não valerá grande coisa. É uma vaidade. Minha e sua.