Beleza-verdade-horror (dedicado ao Recanto, à gente recanteira)
O científico constata: Quando as estrelas estalam, dispersam polo espaço seus elementos mais pesados. Consequentemente, todos os átomos pesados do nosso corpo são pó de estrelas mortas.
O escritor interpreta: Se para chegar a sermos o que somos tivemos que dar vida ao pó das estrelas mortas, se em nós sobrevive o fantasma de um cadáver estelar, nossa pátria é um espaço demasiado memorável para lhe dar um nome tão só. Assim que quando um tirano pistola em mão nos exija a identificação, sempre poderemos dizer que vimos dum lugar sem identidade qualquer chamado Ressurreição da Estrela Morta, ou ainda melhor, que nós somos esse lugar onde cintilam, mortas, as estrelas.
Finalmente, qualquer um, em concordância e reconfortado, estendendo os dedos como fios, como pontes, escreve, confessa: Vós sois do meu país, desta Terra de Ninguém.