Faz tanto tempo....

Faz muito tempo que meu coração não tem pressa.

Faz tempo que não bate descompassadamente.

Faz tanto tempo que não sinto calafrios.

Quanto, mas quanto tempo que não me banho no rio.

Muito, muitíssimo tempo sem viver aventuras.

Perco a noção do tempo que senti tanta ternura.

Presa em meu casulo, não vejo o tempo passar,

Mas parece passar lentamente, devagar.

Nessa minha ansiedade de maravilhosamente me revelar.

Abrir as minhas asas, Tal qual borboleta sem ter guarida,

De flor em flor desejo me abrigar.

Faz tempo que não cruzo o horizonte.

Os meus limites se prendem ao chão.

Quero tal águia avistar o cume do mais alto monte,

Ver de longe a imensidão do mar,

E em águas mornas, refrescantes me banhar.

Tanto tempo sem cruzar a linha de chegada,

Parece que parei na caminhada.

Quero concorrer a corrida da vida,

E alcançar o primeiro lugar.

Preciso me premiar.

Quanto tempo faz que eu não amo intensamente.

Sentir o frio na barriga, me entregar à paixão.

Fazer loucuras, sentir pulsar o coração.

Quero me entregar ao sexo sem cobranças,

Sem pensar no que será?

Quero acordar de madrugada e ter alguém pra amar.

Mas faz tanto tempo que eu não durmo,

Faz tanto tempo que eu não sonho,

Tanto tempo que eu me canso,

E pego no sono sem um beijo.

Faz tempo que espero acordar desse meu sono profundo.

E o tempo que não vejo passar, poder contar os segundos.

E dizer: Faz muito tempo que não sei o que é ter tempo!

Só vivo pra amar e acompanhar o meu relógio,

Que marca compassadamente as minhas alegrias,

As minhas vitórias.