SOBRE SEQUESTRO
Eu hoje vi as mulheres, minhas mães, minhas filhas, eu vi meus amores, sob o grito do desespero, uma lágrima largada no silêncio, visão de
dor latente n’alma vazia. Eu hoje vi meu mundo calado, diante de uma
aquarela sem cores. Eu hoje vi minha vergonha, vi meus atos de egoísmo,
minha cobiça escondida, meu mais profundo ato de covardia. Eu hoje chorei
pelo desconhecido, pelo bandido. Por seres que traçam na vida tamanho
verso sem sentimento, tamanho poema sem amor. Eu hoje vi a solidão de um
calor perdido. Pela graça da vida, recriada na descoberta da liberdade, e em como é difícil saber-se vivo e o seu real valor. Eu hoje ma achei
criança, e como é belo a brincadeira de um trabalho sem o pedido de
reconhecimento. Eu hoje voltei a escrever, tentar traduzir em letras um ato incomensuravelmente vergonhoso, e, em tempo, tentar explicar um
“porque” de entendimento.