SOBRE SEQUESTRO

Eu hoje vi as mulheres, minhas mães, minhas filhas, eu vi meus amores, sob o grito do desespero, uma lágrima largada no silêncio, visão de

dor latente n’alma vazia. Eu hoje vi meu mundo calado, diante de uma

aquarela sem cores. Eu hoje vi minha vergonha, vi meus atos de egoísmo,

minha cobiça escondida, meu mais profundo ato de covardia. Eu hoje chorei

pelo desconhecido, pelo bandido. Por seres que traçam na vida tamanho

verso sem sentimento, tamanho poema sem amor. Eu hoje vi a solidão de um

calor perdido. Pela graça da vida, recriada na descoberta da liberdade, e em como é difícil saber-se vivo e o seu real valor. Eu hoje ma achei

criança, e como é belo a brincadeira de um trabalho sem o pedido de

reconhecimento. Eu hoje voltei a escrever, tentar traduzir em letras um ato incomensuravelmente vergonhoso, e, em tempo, tentar explicar um

“porque” de entendimento.

Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 07/04/2005
Código do texto: T10176