Análise ao Wikipédia, a enciclopédia livre. Assunto Monteiro Lobato
Em 20 de dezembro publicou Paranóia ou Mistificação, a famosa crítica desfavorável à exposição de pintura de Anita Malfatti, que culminaria como o estopim para a criação da Semana de Arte Moderna de 1922. Muitos passaram a ver Lobato como reacionário, inclusive os modernistas, mas hoje, após tantos anos, percebe-se que o que Lobato criticava eram os "ismos" que vinham da Europa: cubismo, futurismo, dadaísmo, surrealismo, que ele achava que eram "colonialismos", "europeizações", assim como ocorrera com os acadêmicos das gerações anteriores.
Por que Lobato era um critico dos ismos? Não será que este mesmo Lobato um adorador da cultura americana? Sua campanha pela modernidade era mais que evidente em seus lamentos pela morte do engenheiro norte-americano Frederic Taylor, o grande vulgarizador do conjunto de técnicas conhecidas como taylorismo.
Lobato era a favor de uma arte devidamente brasileira, autóctone, criada aqui. Por isso criticou Malfatti, embora admitisse que ela fosse talentosa. Isso tudo gerou o estranhamento entre ele e os modernistas mas, no fundo, todos eles tinham razão, apenas viam as coisas de ângulos diferentes. Mesmo assim Oswald de Andrade continuou a ser um profundo admirador de Lobato: quando ocorrera a Semana de Arte Moderna, as provas de Urupês ficaram dois dias em cima do sofá da garçonière onde Oswald se encontrava com os amigos.
Devidamente brasileira? Que piada, não tem nada de brasileiro em Lobato, muito pelo contrário. Com sua cabeça voltada para a problemática da superação do brasileiro atrasado, sobretudo no ponto de vista econômico, político, social e cultural. Monteiro Lobato faz severas e levianas reflexões sobre a monocultura brasileira, presumia que o caboclo de mentalidade atrasada e traços caipiras eram predominantes do interior, e também presentes nas cidades grandes (fundamentalmente em São Paulo). Denominava este de uma velha praga, piolho da terra, ser parasita, alienado e inadaptável à civilização, mais precisamente, "funesto parasita da terra". Lobato foi tão implacável em suas denúncias que criou Urupês na figura de Jeca Tatu, o caipira ignorante e responsável pelos problemas do fazendeiro. Em Urupês Lobato relaciona os defeitos do Jeca, passividade, preguiça, falta de iniciativa econômica e política, e assim conclui, ele é incapaz de evolução cultural. Em outras palavras chamaria o povo brasileiro de fungo parasita. O que há de tão importante em sua obra? Neste momento brasileiro as figuras racistas eram comuns, e Lobato só seria um autor respeitável se estivesse um passo a frente.
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