Cacos sentimentais.
A dor me escapa pelos dedos.
Sinto a solidão fria e gélida que escorre pelas veias de um morto vivo.
Vida devassa, negada por muito tempo e escondida aos olhos cristãos.
Cristo, bela palavra, dor mais tarde vivida que exalta a cada dia tal nome.
Sentimentos se perdem no tempo e se misturam a falta de fé.
O tempo se vai como água que cai de um copo furado.
Tento conter os sentimentos nela impregnados, mas é inútil.
Música suave se torna tortura diante de tanto tormento e dor.
A alma chora sem parar, esvaindo-se em pura falta de esperança e fé.
A crença antes existente, torna-se oculta e ausente em muitos momentos.
O mundo se torna solitário em meio a multidão de rostos.
Sinto cada pedaço de mim se tornar único e independente, mas de certa forma quebrados como vidro frágil após uma quedá livre.
Se tornam tão pequenos e inúteis que nem mesmo colados serviriam para algo.
O sentimento frio, calor da alma morta, veias sem força, sorriso sem vontade própria, apenas máscara.
Máscara da alma, que insite em existir, e crer, crer em quê?
Nos anjos?No Deus? Nos Deuses? em quê?
A unica certeza que se faz real é de um futuro incerto e cheio de dor por não crer.
Que eterna seja então a dor, a vida, a morte e o que chamam de felicidade.
Que a luz se faça em meio a escuridão que hoje impera e reina em minha alma.
E que um dia, ao menos um dia eu restaure em mim os cacos sentimentais perdidos no tempo.