O americano e o brasileiro
Um jovem americano estava de passagem pelo Brasil,
já logo de início, olhava meio torto os locais mais pobres,
algumas favelas, os meninos com roupas surradas
perambulando por algumas ruas um pouco descuidadas,
na sua pequena estadia no nosso país, teve um amigo pobre brasileiro,
numas das conversas o gringo parlamentava com o brasileiro:
--- aqui é bom e até que é bonito, mas vocês precisam de muita coisa,
pra viver bem, precisa ter muita cultura, muito dinheiro,
se não a violência pega pesado, e aí muita tristeza também!
--- Mas, cara! Aqui até que somos felizes, temos a nossa liberdade,
nossa música, debate o brasileiro, mas vem, vou te levar pra minha escola,
chegando lá, o americano novamente torceu o nariz,
o prédio escolar não estava muito bonito, pintura nas paredes já estavam velhas,
as carteiras um pouco velhas também, os alunos não estavam bem vestidos,
ele não falou nada pro amigo brasileiro, para não aborrece-lo
mas deve ter pensado: é coisa de pobre mesmo...
no recreio presenciou uma sra. briga! Vários alunos em briga feia!...
o americano cochichava com o amigo: --- isto é o resultado da pobreza,
o ser humano quando não possui as necessidades básicas o resultado
é a violência, o amigo brasileiro na tua malandragem nata, sorria disfarçadamente,
no fim da aula todos os que tinham brigado, estavam num papo bem amigável,
as gargalhadas eram contagiantes, cada um tinha uma piadinha,
o americano muito espantado indaga: --- mas não eram os que estavam brigando?
--- sim responde o brasileiro, e o que tem de errado?
--- muito estranho é uma distorção emocional, responde muito convicto.
Na partida, o americano convida o amigo brasileiro conhecer um pouco os Estados Unidos,
O brasileiro, mais que depressa aceitou, mas com despesas totalmente do americano,
já em terras americanas, depois de muitos passeios em ruas pavimentadas,
muitos gordos lanches, muito rock da pesada, e outros lances tal,
chegou a hora do brasileiro ir à escola do amigo americano,
o brasileiro ficou pasmo de ver o chique, um prédio bonito, arquitetura moderna,
os alunos todos bem vestidos, mas um pouco sérios e pareciam comportados,
o brasileiro comentava mentalmente: --- deve ser por eles serem ricos
ou da classe média alta, logo eu brasileiro da classe pobre é que ele arrumou como amigo,
deveria arrumar amigo brasileiro da classe alta, tão fina como a dele,
pra não entender mal o Brasil! Mas já que estou aqui, vamos ver o que acontece...
o amigo americano vai logo perguntando: então amigo o que você está concluindo?
-- É legal, mas vocês são um pouco sérios pro meu gosto,
-- mas tem que ser assim, defende o americano, o nosso comportamento é exemplar!...
Em instantes, aquela escola que estava silenciosa, começou a haver um tumulto,
Aumentando o barulho assustadoramente, um jovem com uma metralhadora possante
disparava sem cessar, alunos corriam para todos os lados, completamente desnorteados,
logo, vários corpos espalhados no chão, uns já sem vida e outros bastante feridos,
o que é isso? Cara, isso é violência da pesada, confabula o brasileiro, abaixado no chão
com o americano, que logo tenta explicar, isso de vez em quando acontece aqui,
mas como acontece, aquele jovem causador desta tamanha violência,
até que tem um ar de intelectual e de aparência saudável, a miséria deve passar longe dele,
então meu amigo, você disse que lá no Brasil era distorção emocional,
e eu te digo isso aqui é distorção de personalidade, indivíduos carregados de saber, com a super instrução, a sociedade lhes deu tudo, até a facilidade em se armarem,
eles descontrolados com a mente completamente cheia não sabem o que fazer de tudo isso,
então, não querendo ser conhecedor de filosofia alguma, mas eu tenho a minha opinião,
existe os dois lados da moeda, quando a miséria é demais atrapalha o indivíduo, e quando se consegue de tudo com muita facilidade, atrapalha e muito também.
Depois da tormenta, chegando a hora de voltar para o Brasil, a amizade continuava,
Mas o conceito de violência do jovem americano estava mudando,
Quem sabe daí possa acontecer que estes dois jovens tornem-se filósofos
para tentar explicar sobre a violência, seja aonde for!...