Aos Refugiados Do Clima

Aos Refugiados Do Clima

Estes incrédulos olhos

Viram um laçador ilhado

Um cavalo no telhado

Um bovino no altar

E quem não tinha pra dar

Estendendo ao seu irmão

O seu braço sua mão

Com enchentes no olhar

Vi uma corrente humana

Puxando a nau da esperança

O temor de uma criança

Içada pelas alturas

Vi maldade sem censura

Exposta em redes sociais

Humanos e animais

Ilhados nesta loucura

Cidades que estão desertas

Cobertas de lamaçal

Numa imagem surreal

Da força da natureza

Em todo canto há a incerteza

Dos refugiados do clima

Enquanto o céu lá em cima

Desagua um mar de tristezas

Então surge a pergunta

Este é um novo normal?

Ou consequência do mal

Que causamos a esta terra ?

Litoral fronteira e serra

Danos por todos os cantos

Somam-se à perdas e prantos

Neste cenário de guerra

Há pouco tempo atrás

Tivemos “mostra do pano”

Isso a menos de um ano

Um sinal de advertência

Disfarçam a consequência

Os detentores do “trono”

Das bombas do abandono

Ao muro da incompetência

Coragem a este povo

Neste penoso momento

Pra contornar este evento

Que chegou sem precedentes

Não seremos impotentes

Pois há no Rio Grande a raça

Forjada ao fogo e a fumaça

Da história da nossa gente

Elson Lemos