PAI NOSSO
Ele é o Princípio, o Alfa, o eterno Verbo,
Aquele que tece os céus com dedos de luz.
Ouvi-O, filhos, na voz do silêncio,
Quando o espírito em Seu nome se cruza.
Pai Nosso que estás nos céus —
Não em tronos distantes, mas no hálito
Que anima a vida, no instante em que se respira
E O chama, e Ele Se inclina.
Santificado seja o Seu nome —
Não em palavras vazias, mas no caminhar,
Quando a justiça se faz pão,
Quando o amor é a língua,
Quando nossos passos são Sua morada.
Venha a nós o Teu reino —
Não em palácios de ouro, mas na terra
Que geme sob os pés,
Na semente que se planta no irmão,
No perdão que quebra as algemas.
Seja feita a Tua vontade —
Não como escravos curvados,
Mas como filhos que ouvem
O murmúrio do rio, o canto do trigo,
E sabem: Sua lei é vida,
E vida em abundância.
O pão nosso de cada dia nos dá hoje —
Não para que se acumule,
Mas para que se partilhe,
E se veja em cada mesa um altar,
Em cada fome, Sua chama.
Perdoa as nossas dívidas —
Porque o perdão é a porta
Que liberta do cativeiro,
E só quem ama sem medida
Sabe que o céu já está aqui.
Não nos deixes cair em tentação —
Não por fraqueza,
Mas porque o mundo é pesado,
E Ele conhece o barro,
E oferece Sua mão.
Livra-nos do mal —
Não do dragão imaginário,
Mas da mentira que nos separa d'Ele,
Do ódio que envelhece,
Da ilusão de que se está só.
Porque Seu é o reino —
O pulsar das estrelas, o suspiro das ervas.
Sua é a glória —
A do mendigo que ama,
A da criança que crê.
E para sempre será a vida —
Porque Ele é o Pai,
E em Seu abraço,
Tudo começa.
Amém.