ESSE TEXTO VALE COMO UMA ORAÇÃO
Primeira página do livro Ensaio sobre a Sabedoria de Isaías Amorim
No livro Ensaio sobre a Sabedoria de Isaías Amorim, o objetivo principal é ensinar as pessoas a viverem conforme os ideais cristãos em sua essência.
A cena se passa em um ponto de ônibus, onde um muro alto e antigo se ergue atrás dos personagens. Um pequeno buraco, perfeitamente circular, está localizado a pouco mais de dois metros do chão, permitindo a passagem de uma cabeça humana. Do outro lado do muro, Jesus Cristo, na forma de um menino de doze anos, repousa a cabeça sobre uma pedra. Ele voltou ao mundo com uma missão: ajudar crianças que sofrem a toda sorte de abusos, e Jesus quer lembrar também as pessoas do que elas esqueceram — a misericórdia, o perdão e o amor ao próximo.
Deste ponto de ônibus, é possível ver o Sanatório Municipal. Uma dona de casa de meia-idade espera pelo transporte, visivelmente aborrecida. Um homem ofegante e um pouco acima do peso chega ao local e se junta a ela, seguido por um rapaz magro, absorto em pensamentos. O silêncio é interrompido pela chegada de uma vendedora ambulante de cachorros-quentes, que, ansiosa, estaciona seu carrinho e tenta ser simpática:
— Bom dia, gente boa! Está quente hoje, não é?
Surpresos pela súbita saudação, os três olham para ela. A voz da vendedora é estridente. O rapaz magricela, tentando ser amigável, responde:
— Bom dia, senhora. Está muito quente mesmo. Ontem, pelo menos, ventava um tanto.
O homem suado também tenta ser cordial:
— Bom dia. Espero que tenha um ótimo dia.
A dona de casa, olhando o relógio, sorri falsamente:
— Bom dia. Está quente mesmo. Espero que chova logo, senão vou derreter.
A vendedora força um sorriso e oferece:
— Quem vai querer um "especial" fresquinho?
O homem acima do peso olha para o cartaz do carrinho, salivando, mas lamenta:
— Adoraria, mas estou de dieta. Agradeço a oferta. Que você faça muitas vendas.
A dona de casa responde asperamente:
— Acabei de lanchar em casa. Não estou interessada.
O rapaz magricela, desdenhando, comenta:
— Se eu comer algo assim, estrago o almoço do Dia das Mães. Minha mamãe prepara um banquete delicioso, e ela ficaria chateada se eu não aproveitasse bem toda a comida gostosa dela.
A vendedora, visivelmente aborrecida, desabafa:
— Parece que ninguém vai comprar nada. Como vou pagar minhas dívidas? Meu aluguel está atrasado. Não tenho para onde ir!
A dona de casa responde rispidamente:
— A vida não está fácil para ninguém. Meu marido ficou desempregado. Também estou morando de aluguel.
O homem admite:
— Eu também estou em dificuldades há quase um ano.
O rapaz, nervoso, fala agressivamente:
— Ninguém aqui tem dinheiro mesmo. E essa comida não é saudável. Pare de insistir, por favor. Se alguém quiser, compra. Mas é seu primeiro dia vendendo essa porcaria por acaso?
A vendedora, desanimada, responde:
— Não, senhor. Já faz um mês que estou nessa dura luta. Comprei esse carrinho de segunda mão fiado… Estou tentando quitar algumas dívidas.
O rapaz faz um sinal de que entendeu e não diz mais nada. O Menino Jesus, atento, ouve tudo, mas permanece em total silêncio em oculto.
Os diálogos revelam uma sequência de interações onde cada personagem, em sua busca por afirmação e superioridade, expõe ideias preconceituosas, ignorantes e, muitas vezes, desumanas. Cada um tenta se destacar em um tipo de "campeonato de moralidade", onde o verdadeiro objetivo é provar que são mais "justos", "capazes" e "merecedores" do que os outros.
O homem acima do peso, tentando demonstrar inteligência, repete o discurso comum sobre corrupção política, sem uma compreensão real das causas e consequências. A vendedora e o magricela se alternam em discursos de autopromoção, imaginando-se em posições de poder e fazendo promessas vazias, revelando um profundo desprezo por aqueles que consideram "inferiores".
Todos eles se viam como potenciais governantes, acreditando que fariam um trabalho muito melhor se existisse apenas um poder – o executivo. Falavam em enfraquecer e destruir os poderes legislativo e judiciário assim que chegassem ao poder.
Convencidos de que seriam tão bons governantes, acreditavam que o mundo inteiro os copiaria, que seriam agraciados com honrarias, estátuas e homenagens por toda a Terra. Cada canto do mundo se tornaria um lugar onde seriam lembrados e reverenciados pelo modo como governariam: com "sabedoria" e "justiça".
O ponto mais chocante é quando a vendedora revela ter expulsado sua filha grávida de casa, algo que ninguém critica. Pelo contrário, o magricela reforça essa atitude, compartilhando uma história semelhante em sua própria família. A dona de casa, por sua vez, sugere que as mães deveriam ser mais severas com as filhas desde pequenas para evitar esse tipo de situação.
O Menino Jesus, observando tudo isso, fica cada vez mais revoltado com as opiniões que escuta, que são o oposto dos valores de amor, compaixão e justiça que ele prega. Seu silêncio, no entanto, simboliza uma esperança de que alguém ali perceba o absurdo das ideias expressas e se oponha, mas isso não acontece.
O próximo diálogo aborda questões como falsa moralidade, preconceito e a falta de empatia, tudo em um tom que contrasta fortemente com a figura de Jesus, que assiste a tudo com indignação. A crítica à hipocrisia é evidente, mostrando como discursos de "moralidade" e "justiça" podem ser usados para justificar o injustificável.
Este diálogo revela uma crítica social densa e incisiva, abordando temas como preconceito, ignorância e falsa moralidade. As palavras do homem e dos outros no ponto de ônibus ecoam ideologias perigosas e desumanas, e até eu, o narrador, e o Menino Jesus expressamos repulsa e indignação.
Enquanto o ônibus não chegava, o Menino Jesus, com o rosto emoldurado pelo buraco no muro, observava aquelas pessoas com uma tristeza profunda. Ele havia escutado cada palavra dita, cada julgamento e opinião compartilhados ali, e sabia que o peso da ignorância e da falta de empatia era grande demais para ser facilmente desfeito. Em sua mente, ecoavam as palavras de outrora, aquelas que ele pregara há séculos: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. "
O diálogo, então, sem que o Menino Jesus diga a eles quem Ele é de fato, se aprofunda na crítica à superficialidade e ignorância disfarçadas de sabedoria. O Filho de Deus, que compreende a verdade, desafia a noção de liberdade que as outras pessoas acreditam ter. Ele expõe a contradição de suas vidas, onde a liberdade é confundida com a simples capacidade de fazer o que se deseja, sem reflexão ou sabedoria.
A resposta do homem acima do peso e da dona de casa demonstra como as pessoas frequentemente rejeitam verdades desconfortáveis e preferem permanecer em sua bolha de ilusões. A irritação deles mostra o quanto são incapazes de reconhecer suas próprias limitações, e o Menino Jesus, com sua serenidade, se mostra como alguém que enxerga além das aparências e superficialidades.
Esta parte da conversa pode ser visto como uma alegoria sobre a cegueira voluntária da sociedade, que muitas vezes escolhe ignorar a profundidade e a verdade em favor de uma falsa sensação de controle, e de liberdade. O diálogo final do Menino Jesus ressalta uma verdade filosófica: a verdadeira liberdade não está em fazer o que se quer, mas em seguir um caminho de sabedoria e justiça, algo que aqueles no ponto de ônibus parecem incapazes de compreender.
E ainda sem se identificar como sendo o Filho de Deus, o diálogo continua, ecoando ensinamentos que remetem a passagens bíblicas, especialmente ao Novo Testamento. Jesus fala com autoridade, como portador da verdade absoluta, alguém que, apesar de preso fisicamente, está espiritualmente livre devido ao seu conhecimento e conexão com a verdade.
A dona de casa, representando o senso comum e a ignorância popular, não consegue entender a mensagem do Menino Jesus, pois sua visão de liberdade é limitada ao plano material e imediato. O Cristo, por sua vez, contesta essa visão, afirmando que a verdadeira liberdade é alcançada através do conhecimento da verdade e da obediência aos princípios superiores do Pai Dele.
As palavras Dele são carregadas de simbolismo e referenciam passagens bíblicas, como o conceito de Jesus como a "videira" e seus seguidores como os "ramos". Ele se coloca como um mediador entre o Pai Dele e os homens, oferecendo um caminho que, segundo Ele, está disponível apenas para aqueles que o seguem e aceitam suas palavras. Sua pregação não é apenas uma repreensão das atitudes inferiores, mas também um convite para que mudem suas vidas e se unam a Ele em um destino superior.
No entanto, as pessoas reagem com chacota, mostrando sua incapacidade de compreender ou aceitar a mensagem do Jesus. Esta reação pode ser vista como uma crítica à maneira como a sociedade moderna rejeita o que não entende, especialmente quando confrontada com ideias que desafiam o status quo ou que requerem uma reflexão mais profunda.
A tristeza expressa pelo Cristo no final do diálogo sublinha sua percepção do estado de decadência moral e espiritual do mundo. Ele vê as pessoas ao seu redor como perdidas, presas em suas ilusões e afastadas da verdade. Sua última fala reforça a ideia de que a verdadeira liberdade e a salvação estão disponíveis, mas apenas para aqueles que estão dispostos a abandonar seus desejos egoístas e buscar uma vida de justiça e obediência aos princípios do Pai que Ele tanto o defende.
E Ele mantendo a serenidade, responde finalmente à dona de casa com uma voz calma, mas firme:
— Hoje é um dia especial, um dia em que todos vocês precisam ouvir o que tenho a dizer. O atraso do ônibus é um sinal para que prestem atenção às minhas palavras. Vocês foram escolhidos para estar aqui, neste exato momento, para que possam refletir sobre suas vidas e decisões. Esta é uma oportunidade única para mudarem seus caminhos. Não é por acaso que estamos todos reunidos aqui, e que o ônibus não chegou.
O grupo começa a se agitar, demonstrando impaciência e desconforto. O rapaz magricela, visivelmente irritado, balança a cabeça em descrença e resmunga:
— Isso é muito ridículo! Nós não temos tempo para essas baboseiras! Alguém deve chamar a polícia para tirar esse maluco daqui.
A dona de casa, cada vez mais preocupada, tenta se acalmar, mas não consegue esconder sua ansiedade:
— Eu preciso ir! Tenho coisas a fazer, filhos para cuidar! Não posso ficar aqui ouvindo isso.
Jesus, percebendo o medo e a angústia no rosto dela, responde com compaixão:
— Minha senhora, eu entendo sua pressa e sua preocupação, mas é exatamente essa agitação constante que os mantém prisioneiros de suas próprias vidas. Vocês estão sempre correndo, sempre ocupados, mas para onde? Para quê? O que realmente importa? O que estão construindo com todo esse esforço?
O homem acima do peso, que até então havia permanecido em silêncio, levanta a voz em um tom de desprezo:
— Estamos construindo nossas vidas, suas prioridades malucas não nos interessam.
Jesus, sem perder a calma, responde:
— Vocês estão construindo castelos na areia. Minhas palavras podem ser difíceis de aceitar agora, mas se derem ouvidos a elas, encontrarão uma fundação sólida e verdadeira para suas vidas. Se ao menos parassem para ouvir.
O magricela, exasperado, se vira para o Menino Jesus com uma mistura de raiva e sarcasmo:
— Ah, claro! E você, preso aí, sabe melhor do que todos nós como viver a vida, não é?
Cristo responde com serenidade:
— Sim, porque, ao contrário de vocês, não estou preso pela ignorância. Estou livre, verdadeiramente livre, porque conheço a verdade que pode libertar todos vocês. Eu estou preso aqui porque a minha sabedoria, a minha verdade é loucura para esse mundo corrompido.
O grupo começa a se distanciar um pouco mais do buraco onde está o Menino Jesus, alguns dando risadas nervosas, outros murmurando sobre o tempo perdido. Mas Cristo, imperturbável, observa-os com uma expressão de compaixão e sabedoria. Ele sabe que suas palavras caíram em ouvidos surdos, mas mantém a esperança de que, em algum momento, eles possam refletir e buscar o verdadeiro caminho.
Ele encarou a todos, seu rosto marcado por uma tristeza profunda. O ambiente parecia mais frio, como se o tempo estivesse se esgotando. Ele falou com a voz calma, mas firme, como quem sabe que está dizendo algo essencial:
— O mundo está doente — disse Ele. — As pessoas erram porque não entendem, não conhecem. Elas julgam rápido, guiadas por ideias falsas e interesses próprios. Elas falham por ganância, por maldade, por não sentirem nada de bom no coração. Eu sou a cura para isso. Estou aqui para falar a verdade, a verdade daquele que me enviou. Ele me pediu que ensinasse a quem quisesse ouvir, a quem quisesse fazer o que é certo. Todos me odiaram por isso, riram de mim, me chamaram de louco. Eles me colocaram aqui. Mas estas paredes me protegem de gente como vocês. Se vocês governassem, fariam mal a todos. Vocês não cuidam corretamente dos seus filhos, nem cuidam bem de si mesmos. Eu nunca votaria em nenhum de vocês. Não levaria nenhum de vocês para minha verdadeira casa. Só quem me ouve e segue o que eu ensino pode entrar lá.
Ele fez uma pausa, observando os rostos confusos à sua frente, e continuou:
— Vocês são livres para escolher, mas lembrem-se de que todas as escolhas têm consequências. Vocês podem continuar vivendo como estão, presos em suas próprias ilusões, ou podem ouvir o que eu digo e encontrar a verdadeira liberdade. A escolha é totalmente de vocês.
Ele fez outra pausa, observando os rostos confusos à sua frente. Continuou.
— Minha casa tem espaço para todos que me obedecem. Estou aqui para convidar vocês a serem meus irmãos, filhos daquele que me enviou. Eu sou a videira verdadeira. Meu Pai é o agricultor. Se vocês se unirem a mim, Ele vai cuidar de vocês também. Vai cortar os ramos que não dão fruto e vai podar os que dão, para que deem mais. Se vocês ouvirem e aceitarem o que digo, serão purificados. Fiquem comigo, e eu ficarei com vocês. Um ramo não dá fruto sozinho. Ele precisa estar ligado à videira. Sem mim, vocês não podem fazer nada. Quem não ficar comigo, vai secar e será jogado fora. Esses ramos serão recolhidos, lançados ao fogo e queimados. Mas se ficarem comigo e minhas palavras ficarem com vocês, podem pedir o que quiserem, e será dado. Meu Pai se alegra quando vocês dão muito bons frutos. Assim, vocês se tornam meus discípulos.
Ele terminou de falar. Houve um momento de silêncio antes que o magricela, enfurecido, gritasse:
— Nós não conhecemos esse maluco que te ensinou! Nem queremos conhecer! E, pelo jeito, ele deve ser bem pior do que você!
O Menino Jesus sorriu, um sorriso de simpatia.
— Então eu vou falar mais sobre Ele — disse. — Para que vocês o conheçam melhor. Quem me vê, vê a Ele também. Somos um só. Ele é minha cabeça, meu guia, minha vontade. Ele me ama profundamente, e mesmo sabendo que vocês não vão me ouvir, Ele insiste que eu fale com vocês. Quanto mais rejeitam meu amor, mais precisam desse amor. O meu Pai quer que eu seja o rei de todos vocês, que vocês me amem e me obedeçam. Ele deseja que todos se tornem como eu, obedientes aos Seus ensinamentos.
O magricela, agora com o rosto contorcido de raiva, gritou:
— Não deem ouvidos a este louco! Vamos ignorá-lo! E por que o ônibus está demorando tanto hoje?
Tentava mudar o assunto, esperando que o Menino Jesus os deixasse em paz.
Cristo ergueu a cabeça, seu olhar fixo e sério.
— O ônibus, hoje, excepcionalmente, não vai passar por aqui por algumas horas — disse ele, com uma voz firme, mas calma.
A dona de casa, preocupada, não conseguiu esconder a aflição.
— Como assim? Por quê? — perguntou, sua voz revelando o desespero crescente.
O Menino Jesus, sem hesitar, respondeu:
— Com toda a autoridade que me foi dada por quem me enviou aqui, eu atraso este transporte coletivo . . . E faço isso sempre que preciso ensinar a verdade aos que se perdem pelo caminho errado. Vocês estão aqui porque eu mesmo escolhi que fosse assim, dessa forma exata. Para que essa conversa se torne uma longa história que vai além deste lugar, ajudando outros ao redor do mundo que vão ler ou ouvir essa linda história que está sendo construída e contada a cada um cidadão do mundo. Estou segurando e mantendo vocês, aqui e agora, para que deixem tudo o que conhecem e trabalhem somente para mim e para quem me enviou. Devem anunciar e divulgar o meu Glorioso Reinado, que não pertence a este mundo corrupto.
Ninguém se comoveu com as palavras do Menino Jesus quando ele terminou de anunciar o seu reinado maravilhoso. O ponto de ônibus ressoou com risadas que ecoavam pela rua. O Menino Jesus, tranquilo, sem perder a compostura, explicou ainda:
— Saibam vocês, pessoas tão malvadas, que com um simples pedido meu, eu poderia alterar toda a rotação da galáxia, fazendo o Sol parecer imóvel. Mas, se eu fizesse isso, vocês acreditariam que o Sol estava parado, e não o sistema solar com um todo. As pessoas julgam apenas pelas aparências. Tolos.! Vocês não sabem de nada que seja realmente verdadeiro. Iludidos! Corrompidos! Maus!
As risadas aumentaram, mas ele, com a mesma calma de antes, continuou:
— Quem tem ouvidos para ouvir, ouça e liberte-se da ignorância. Se compreendessem o que é empatia, se você se colocassem no lugar do outro, seriam pessoas melhores do que são. Julgariam como eu julgo, como quem me enviou ensinou. Com amor e empatia, tornariam-se mais parecidos comigo e com quem me educou. Posso ensinar vocês a amar, a ter empatia, se se arrependerem e renunciarem aos erros passados. Quem me enviou ficaria feliz e muito satisfeito se me ouvissem e respeitassem a autoridade que possuo.
A dona de casa, já sem paciência alguma, interrompeu:
— Meu querido rapazinho, vai tomar. . . O seu remedinho, dorme e fique calminho, está bem? Estamos falando de assuntos sérios aqui. Só pessoas adultas e saudáveis mentalmente podem participar, e isso, definitivamente, convenhamos, não é o seu caso. Não percebeu ainda? Vá embora e nos deixe em paz!
O Menino Jesus, com um sorriso bem irônico, respondeu rapidamente:
— Estão falando sério? Tem mesmo certeza disso?
Ele riu, e depois continuou:
— Então vamos esquecer o que o meu Pai me ensinou e: falaremos sobre os tais sábios desse mundo. Eu digo que, não é preciso ser um governante importante para mudar o mundo. Apenas com pequenos gestos, boas atitudes diárias, já têm um grande impacto. Cada ato correto inspira outros, criando um efeito positivo. Um bom exemplo promove moral e respeito. Mais pessoas fazendo o certo reduz os erros. Se todos ajudarem a corrigir e orientar pequenos erros, a transformação será bem significativa. Faça o que puder e isso mudará a sociedade e o mundo.
As gargalhadas explodiram ao redor dele. A ambulante, quase sem conseguir falar de tanto rir, zombou dele com um falso tom de bondade.
— Parabéns, garoto, você passou no meu teste. Você é o maior dos loucos! Não está atrasado para tomar seu remedinho e dormir? Vai nanar, neném. Quantos anos você tem? Dez? Onze? Quantos?
O Filho de Deus, levantando a mão direita, mostrou doze dedos, abrindo e fechando a sua mão três vezes, quatro dedos de cada vez. Sereno, tentando trazer coerência às suas palavras, disse:
— Tenho doze anos na idade que vocês chamam de humana, mas isso é apenas aparência. O que realmente importa é o conhecimento e a sabedoria que eu tenho para compartilhar. Idade não define sabedoria ou experiência. Sou um mensageiro da verdade, e estou aqui para ensinar, mesmo que vocês riam ou desdenhem.
Ele olhou para todos, sua expressão era calma e firme.
— A verdadeira sabedoria não está na zombaria ou no julgamento superficial, mas no entendimento profundo e na pureza do coração. Estou aqui para guiá-los e ajudar a enxergar além das aparências.
Mesmo diante das risadas, o Menino Jesus manteve sua tranquilidade. Ele acreditava firmemente em sua missão, e a verdade que tinha para compartilhar era maior do que qualquer provocação.
Com a serenidade de quem sabe o que é certo, ele continuou:
— O que eu lhes disse é a pura verdade. Pequenos gestos corretos podem transformar o mundo. Não é complicado, mas é essencial. Se você, que são tolos e maus, fossem governantes, cometeriam grandes injustiças contra o povo, e a História os lembraria como déspotas. Mas, querem saber o que mais poderiam fazer para mudar positivamente o seu entorno e, por consequência, influenciar nações inteiras?
A resposta veio uníssona e afiada:
— Não, não queremos saber! Não temos nenhum interesse nisso!
O rapaz magricela, já à beira da impaciência, lançou sua ofensa com o veneno que só o desprezo pode destilar:
— Guarde suas ideias de maluco para você mesmo e para quem lhe enviou aqui, e, ah, não se esqueça de adicionar sua mãe à lista também. Ensine a ela a ser tão louca quanto você!
Ele apontou o dedo para o Menino Jesus, concluindo com desprezo:
— Você é muito feio, garoto. Tão feio que é até falta de educação mostrar a sua "fuça" para nós!
A gargalhada que se seguiu foi alta e cruel. Riam dele, da sua aparência, da sua calma. O Menino Jesus, porém, não vacilou. Com a mesma calma de antes, respondeu:
— Os tolos julgam pela aparência e se apegam ao superficial. Eles não analisam os fatos, não buscam provas. Quanto mais acreditam em algo sem fundamento, mais convencidos ficam. Isso só gera confusão e injustiça. Deveriam mesmo era se inspirar nos sábios, que baseiam seus julgamentos no verdadeiro conhecimento, e não em crenças infundadas. A verdade pertence ao saber verdadeiro dos iluminados, não às crenças vazias dos tolos.
Mas suas palavras caíram como pedras em um poço profundo, provocando apenas risadas ainda mais ruidosas e sarcásticas.
Ainda assim, Cristo insistiu:
— Vamos falar agora sobre uma questão urgente e crítica que vocês podem ajudar a resolver como cidadãos comuns. Prestem bem atenção nos dados a seguir, que ilustram a grave injustiça e o desrespeito com que as crianças são tratadas em todo o mundo.
O Menino Jesus se manteve firme, sua voz carregando a gravidade das palavras que estava prestes a proferir:
— A cada mês, cerca de novecentas mil crianças morrem devido à pobreza. Diariamente, aproximadamente dezesseis mil crianças não chegam a completar cinco anos. A cada minuto, cinco crianças morrem de desnutrição, totalizando cerca de oito mil e quinhentas mortes diárias. Cento e sessenta milhões de crianças sofrem de raquitismo. Uma criança envolvida em trabalho infantil sofre um acidente a cada minuto. Acidentes domésticos são a principal causa de morte de crianças neste país. A síndrome de maus-tratos aumentou trinta e seis por cento, com as mães frequentemente entre os principais agressores. Setenta e cinco por cento das vítimas têm menos de dois anos. Cinco em cada cem crianças agredidas morrem por conta dessa violência.
Os olhos dele se estreitaram, e sua voz, antes calma, tornou-se um pouco mais intensa:
— No Brasil, quatro meninas menores de treze anos são violadas a cada hora. Quatro crianças são abusadas sexualmente a cada minuto. Poucos tomam medidas para protegê-las. Mais de quarenta mil crianças morrem anualmente por tabagismo passivo, resultado da irresponsabilidade de adultos que fumam perto delas. Em 2017, mais de seis milhões de crianças com menos de quinze anos morreram. A maioria delas tinha menos de cinco anos. A falta de água potável e saneamento básico as mata, com doenças como diarreia, malária e pneumonia.
E o Menino Jesus fez uma pausa, deixando que suas palavras ecoassem no silêncio que se seguiu. Depois continuou, mais calmo, mas com a mesma intensidade:
— Essa tragédia global não é um problema isolado. A poluição do ar, o tabagismo passivo, a água contaminada e a falta de saneamento básico matam um milhão e setecentas mil crianças todos os anos. Mais de trinta milhões de crianças e adolescentes morrem anualmente por negligência, por estupidez humana , maldade e descaso — mortes que poderiam ser totalmente evitadas com educação, compreensão, cuidados e empatia. Muitos acreditam que apenas os governos devem lidar com esses problemas, porém muitos governos estão mais preocupados com corrupção e seus interesses próprios.
O olhar do Menino Jesus percorreu os rostos à sua frente, como se tentasse penetrar a carapaça de indiferença que os envolvia.
— Por isso estou aqui, para chamar a atenção para essa crise e pedir a vocês, que se dizem pessoas de bem, que tomem uma atitude agora mesmo! Quem me enviou deseja que todas as crianças cresçam sem traumas e compreendam essas questões quando forem adultas e que conheçam todos os meus ensinamentos sobre o meu reinado. Se aceitarem essa responsabilidade, serão lembrados no Livro de Nomes daquele que me enviou aqui a fim de salvá-los.
Ele se inclinou ligeiramente para a frente, a intensidade de suas palavras cortando o ar:
— Esqueçam a ideia de mudar o mundo como governantes. Vocês são ingênuos e facilmente manipuláveis e corrompíveis. O sistema é corrupto, e eu sou o único incorruptível e justo, focado em reabilitar e ajudar os vulneráveis. Em vez disso, sejam ao menos bons pais. Eduquem seus filhos corretamente. Sigam meu exemplo ou busquem orientação de especialistas. Investir na educação infantil pode melhorar cada geração. Preocupo-me com a má educação e os valores ruins que passam adiante. Quem me enviou está insatisfeito com a forma como vocês educam suas crianças.
As palavras finais foram ditas com a mesma firmeza, mas havia algo mais nelas agora, uma esperança silenciosa de que, apesar de tudo, aquelas almas endurecidas pudessem, um dia, ouvir e entender.
O Menino Jesus esperou, em silêncio, que algum deles concordasse com suas palavras. Mas ninguém o fez, e o homem, um pouco acima do peso e convencido de ser um bom pai, se indignou com o que ouviu. Com raiva, ele falou:
— Por que você diz essas coisas absurdas e injustas sobre nós? Você não tem esse direito. Pagamos altos impostos para que você tenha um bom tratamento aí dentro, e você nos retribui com ofensas gratuitas e sem sentido. Afinal, qual é o propósito disso tudo? Por favor, explique!
O Menino Jesus, ainda calmo, respondeu:
— Eu tenho um super simulador de realidade e quero colocar vocês lá dentro para fazer um teste. Vou provar que ninguém aqui é capaz de ser um bom governante ou de fazer coisas boas para proteger as crianças.
Intrigados, todos perguntaram:
— Você tem esse simulador aí dentro?
Com um tom desafiador e confiante, o Menino Jesus respondeu:
— Sim, eu realmente tenho esse super simulador. Acabei de criá-lo, e ele é incrivelmente avançado. Ele é projetado para testar suas habilidades como governantes em um cenário realista e complexo. Imaginem que vocês estão no comando de um pequeno reino onde vocês são como ditadores, pois terão o poder total, absoluto e soberano, e enfrentam um grande problema relacionado com crianças. O simulador oferece total liberdade para resolverem a situação da melhor forma possível. Se eu colocar vocês nesse simulador e pausar o jogo, vou pedir que me respondam de forma clara e objetiva: qual seria o próximo passo para resolver o problema? É um teste para provar que, apesar das boas intenções, vocês podem não estar preparados para lidar com questões tão complexas e cruciais. Agora, respondam-me: vocês aceitariam participar desse teste e demonstrar suas habilidades de governança?
O silêncio caiu novamente sobre o grupo enquanto o Menino Jesus aguardava. As quatro pessoas no ponto de ônibus, intrigadas, perguntaram em uma só voz:
— Você realmente tem esse simulador?
O Menino Jesus sorriu, provocador:
— Claro que não tenho um simulador sofisticado aqui dentro. Como poderiam esperar isso de alguém como eu? Vocês mesmos disseram que eu era um menino feio, louco, e que dependia dos seus impostos para tomar remédio e me curar. Sou apenas um Menino em um sanatório, e tal tecnologia está bem fora do meu alcance. Mas eu tenho algo que pode funcionar ainda melhor. Se eu fosse um escritor, seria um narrador excepcional. Posso criar um enredo envolvente que vocês poderão imaginar em suas mentes e, com isso, simular a situação que descrevo. A melhor maneira de ensinar é através de boas alegorias, e eu sou um mestre na arte de criar parábolas, alegorias, e narrativas. Portanto, preparem-se para um teste muito mais interessante do que qualquer simulador.
As quatro pessoas ainda riam do Menino Jesus, mas agora havia um toque de curiosidade nas suas vozes:
— E como seria esse teste tão misterioso?
O Menino Jesus assumiu uma postura séria, como se estivesse prestes a revelar algo crucial, e disse calmamente:
— Vou contar o início de uma história chocante e muito triste, que envolve até, inclusive, a morte sanguinolentas de crianças inocentes. No entanto, essa alegoria é de extrema importância para o nosso contexto, para o nosso propósito. Vocês precisarão prestar muita atenção e responder a algumas perguntas sobre como essa alegoria deve continuar. Com base nas respostas de vocês, avaliarei precisamente se são realmente sábios e justos, se poderiam ser bons governantes e, acima de tudo, se poderiam proteger crianças inocentes de maneira eficaz. Esse teste vai medir suas capacidades e ver se poderiam ser modelos a serem seguidos e honrados. Entenderam tudo o que expliquei? Estão prontos para participar deste teste revelador e ver se têm o que é necessário para fazer a diferença no mundo?
As palavras do Menino Jesus encheram o ar de expectativa. Os rostos dos quatro se tornaram sérios, a raiva e o desprezo anteriores desaparecendo enquanto a promessa de um teste fascinante e revelador os prendia. Eles se esqueceram do ônibus, agora completamente absorvidos pela promessa.
O Menino Jesus suspirou profundamente e, com uma voz calma e firme, começou a contar a história que seria o ponto de partida para o teste que tanto os intrigava.
Eu sei que esse texto vai evocar uma situação profundamente dramática e complexa, que coloca os personagens — e por extensão, os leitores — diante de um dilema ético de proporções monumentais.
Aqui, o Menino Jesus coloca os interlocutores em uma posição de imenso poder e responsabilidade, incitando-os a refletirem sobre justiça, sabedoria e empatia.
O teste, na forma como está escrito, é muito eficaz em criar tensão e em forçar uma introspecção.
— Imaginem um supercarrão esportivo, novíssimo, recém-saído de uma famosa revendedora. Ele rasga a avenida, uma reta que se transforma em uma descida acentuada, levando a um cruzamento em forma de T. No fim, um muro delimita o Parque Nacional. O motorista, em sua aceleração constante: acelera e acelera mais e mais. O velocímetro marca mais de cento e oitenta quilômetros por hora. Ele não consegue fazer a curva. O controle do carro se perde. Duas crianças, inocentes, brincando no meio-fio, são atropeladas. Uma delas, com três anos e meio. A outra, quase um bebê, de apenas um ano e meio.
O carro somente para ao se chocar contra uma barreira improvisada de pneus. O veículo, uma obra-prima de tecnologia e velocidade, está destruído. O motorista, salvo pelos airbags e pelo cinto de cinco pontos, está inconsciente, mas ileso. Em questão de minutos, os pais das crianças, moradores de uma ocupação precária a uma quadra do acidente, chegam ao local, acompanhados por vizinhos e amigos. A dor e a revolta os consomem. A multidão, inflamada pela tragédia, quer justiça imediata. Querem matá-lo com as próprias mãos, usando paus, pedras, socos, chutes, ferramentas, e até armas de fogo.
É sábado, 20h35. A duas quadras dali, no palácio real, um novo rei é celebrado. Este monarca, coroado tem apenas um dia de governo, foi reconhecido como o mais sábio e justo de todos os tempos, após rigorosos testes conduzidos por uma agência mundialmente respeitada.
Enquanto o acidente se desenrola, o rei está sendo entrevistado pelas vinte maiores emissoras de televisão do planeta. A transmissão, ao vivo, é um marco histórico. A humanidade busca respostas para a ignorância e injustiça que permeiam o mundo. E, para isso, esse homem, o mais sábio e justo, é o modelo a ser seguido.
No auge da entrevista, as portas do salão principal se abrem. Um guardião do palácio entra, aflito, e ousa interromper o monarca. Ele sussurra ao rei sobre a tragédia: um motorista atropelou e matou duas crianças. A multidão, furiosa, clama por vingança. O repórter, atento, percebe a tensão e, com audácia, sugere ao rei que lide com a situação ao vivo, diante do mundo, demonstrando sua sabedoria e justiça.
O rei aceita o desafio. Ele caminha em direção ao local do acidente, seguido por toda a comitiva. Nesse momento quatro bilhões de pessoas assistem, tensos, aguardando sua decisão. As cenas do acidente são devastadoras: corpos dilacerados, sangue inocente manchando a calçada. O mundo observa, em choque, à espera de uma solução.
Quando o rei chega, ele vê o horror diante de si: o corpinho de uma das crianças, partido ao meio, lançado sobre o capô do carro, a outra, desfigurada contra um poste. O motorista, ainda inconsciente, parece dormir em paz, alheio à tragédia que causou. A multidão quer justiça, e as sugestões de punição cruel se multiplicam.
Então, o Menino Jesus, que narra a história, diz aos seus ouvintes:
— Agora, cada um de vocês será o rei desta história. Vocês têm todo o poder para julgar. O que vocês decidirem será a verdade absoluta, o novo paradigma. Mas lembrem-se: o objetivo é encontrar a solução mais sábia e justa. A responsabilidade é imensa. Cada escolha terá um impacto profundo e duradouro.
Ele olha para cada pessoa, seu olhar é sério e penetrante:
— Vocês têm liberdade para agir, mas lembrem-se: o propósito é proteger os inocentes e garantir a justiça. Perguntem-me o que quiserem, e eu responderei prontamente. Cada detalhe, cada fato, eu posso revelar. Estou aqui para ajudar a esclarecer todas as dúvidas. Agora, decidam. Lembrando que cada uma pessoa do mundo todo já está assistindo pela TVs tudo o que e passa no local do acidente.
A narrativa do Menino Jesus ganha um tom intensamente dramático e reflexivo, levando os personagens e os leitores a uma profunda ponderação sobre justiça, moralidade e as consequências das ações humanas. O Menino Jesus age como um guia, não apenas narrando os eventos, mas também exigindo que seus ouvintes se coloquem na posição de tomadores de decisões, testando sua capacidade de julgar e agir de forma justa.
As pessoas no ponto de ônibus ficaram em silêncio. Estavam de bocas abertas, sem saber o que dizer ou fazer. O Menino Jesus, com calma, continuou explicando a última parte do teste:
— Vejam a situação. As câmeras de televisão focam o rei, os corpos das crianças, os pais, o motorista e a multidão. Cada detalhe é exibido. A dor é real.
O motorista acorda. Olha ao redor. A multidão grita: "Morte ao assassino!"
O Menino Jesus, paciente, explica:
— O motorista vê os corpos. Metade de um menino está ao seu lado. Ele percebe as câmeras. O terror toma conta. A multidão grita.
O motorista entende que eles o chamam de assassino. Ele tenta falar, mas não consegue. Está em pânico. Ele se vira para o rei, o homem mais sábio do reino, agora o novo monarca. Olha nos olhos do rei, mas não consegue dizer uma palavra. Implora com os olhos:
— Por favor, ajude-me.
O Menino Jesus continua:
— Olhem nos olhos do motorista. Contem-me o que fariam. Suas respostas mostrarão se vocês seriam bons governantes. Lembrem-se, o mundo inteiro estará observando.
Ele pausa, deixando as palavras penetrarem.
— Agora, me digam: o que acontecerá quando todos seguirem o que vocês propõem? Como suas ações evitarão que mais crianças morram assim? Criem um exemplo. Mostrem-me que são sábios e justos.
As palavras do Filho de Deus eram tão vívidas que parecia mágica. Todos podiam ver, ouvir e sentir o que ele descrevia. Estavam imersos na cena. Eram o rei, julgando o motorista e as crianças mortas.
O Menino Jesus perguntou:
— Então, digam-me, um de cada vez, o que fariam se fossem o rei?
A vendedora de lanches olhou para os outros. Sem hesitar, apontou para o Menino Jesus e disse, convicta e sem hesitar:
— Mandaria matar ele imediatamente. Ele é um assassino frio, calculista e cruel. Não tenho dúvidas disso.
Ela disse esse aburdo com muito orgulho.
E o rapaz magricela, reprovando a resposta da vendedora, tomou a palavra:
— Não concordo com nada disso. Se o motorista fosse morto imediatamente, não sofreria nadinha. A morte dele seria um alívio. O melhor seria prendê-lo e dar-lhe surras diárias. E ainda cortar pedaços de seu corpo, jogando sal nas feridas. Ele deve pagar por seu crime horrível. Duas prisões perpétuas para esse criminoso.
E eu, O narrador, pensei alto novamente:
"Essa abordagem também é contrária aos ensinamentos de Cristo. Em Romanos, a Bíblia nos diz: 'A mim pertence a vingança. ' Cristo nos chama a agir com misericórdia e amor, não com violência. "
A dona de casa, com raiva, balançou seus cabelos e falou, quase gritando:
— Ele deveria pagar uma indenização alta à família das crianças. Seria ao menos o triplo do valor do carro. Talvez quatro vezes mais. Dinheiro dói no bolso. Isso faria com que ele refletisse antes de cometer crimes. Essa indenização ajudaria a família a tentar outras gravidezes e trazer um pouco de alegria de volta.
E eu, narrador, já me cansei das respostas falei comigo mesmo:
"Embora a intenção de compensar a dor da família seja compreensível, a justiça, segundo Cristo, não deve ser baseada apenas em dinheiro. Em Lucas, Jesus nos diz: 'Sede misericordiosos. ' A verdadeira justiça envolve a cura das feridas, o perdão e a reconciliação. Cristo nos chama a um equilíbrio entre justiça e misericórdia. "
A dona de casa, ao imaginar o motorista assinando um cheque milionário, sorriu, satisfeita com sua "justiça", e explicou:
— Tirar esse dinheiro dele faria com que refletisse melhor. Isso serviria de exemplo, tornando o planeta mais seguro. Esse é o legado que aprendi e que passarei adiante.
Ela esperava aplausos, mas ninguém aplaudiu. Ficou séria e se calou.
O homem, um pouco acima do peso, ansioso para dar sua opinião, olhou para o Menino Jesus, que recolocava a cabeça no buraco do muro do sanatório. Finalmente, disse:
— Eu faria tão diferente. Ele deveria ser preso em uma cadeia onde prestaria serviços à sociedade para sempre. Trabalharia sem remuneração, pagaria pelo crime horrível que cometeu. Sua consciência o atormentaria. Ele nunca mais mataria ninguém. Não é justo que tenha uma cadeia confortável às custas dos contribuintes.
Essa narrativa mergulha em uma reflexão sobre a justiça, revelando as falhas humanas e a arrogância de quem acredita ter respostas definitivas para questões complexas. A forma como o Menino Jesus lida com as respostas dos participantes do teste expõe a hipocrisia e a limitação da sabedoria humana, especialmente quando motivada por orgulho e preconceito.
O humor é bem irônico nesse pedaço do texto, especialmente na parte a seguir em que a vendedora de lanches vai desafiar o próprio Menino Jesus a ser ele mesmo o rei (do teste que ele mesmo inventou), isso revela o ceticismo que ela sente em relação à capacidade dos outros de compreender a verdadeira justiça. Ela o desafia a assumir o Menino Jesus o papel de um rei justo, acreditando que ninguém poderia oferecer uma resposta mais sábia que a dela, o que sublinha o quanto todos ali estão presos a suas próprias convicções, incapazes de ver além de suas perspectivas limitadas.
O Menino Jesus tem o potencial de abrir uma discussão sobre o que realmente significa ser justo e sábio. Ela coloca em evidência o quanto as pessoas podem se enganar ao confundir suas crenças pessoais com verdades universais, ignorando os ensinamentos que realmente podem trazer paz e justiça ao mundo. A intervenção do Menino Jesus, revelando a falência moral dos participantes, serve como um espelho para a sociedade, mostrando que sem a verdadeira compreensão e compaixão, a justiça se torna uma caricatura de si mesma, frequentemente alimentada por vaidades e desejos de vingança.
E a vendedora de lanches olha tão revoltada para as pessoas que estão no ponto de ônibus, e com um grande tom de ironia, acreditando que não obteria uma resposta melhor do que a dela por parte desse interno tão falador e então, ela "com muito sangue nos olhos" e um olhar de pessoa muito vingativa lhe pergunta:
— Agora, seremos nós a julgar sua resposta. Então, coloque-se no lugar do rei, Vossa Majestade, e nos mostre o que um rei verdadeiramente sábio e justo faria nesse caso. Poderia nos dizer o que faria sabiamente, ò, Vossa Alteza real?
A ambulante diz isso e começa a rir sem parar, e todos ao seu redor a acompanham na sua alegria tola. No entanto, o interno responde:
— Eu vou responder. Vocês poderiam ter usado o poder e a influência que tinham para criar um governo eficiente e voltado ao bem-estar do povo. Deveriam ter instituído uma administração que beneficiasse especialmente os mais necessitados, como os pobres e as crianças vulneráveis. Com um plano adequado, poderiam ter garantido salários justos e melhores condições de trabalho, permitindo que os pais passassem mais tempo com seus filhos, educando-os e fortalecendo laços afetivos. Vocês falharam em promover justiça e seriam péssimos governantes, trazendo tirania e sofrimento ao povo devido à sua ignorância. Agora, vou ativar meu Super Simulador Hipnótico Mental no nível mais alto de dificuldade, onde os habitantes enfrentarão a realidade de discordar da verdade por várias razões. Prestem atenção: o rei sábio e justo desta história vê um motorista confuso e lhe pergunta:
— Meu amigo, você está bem?
E o motorista balança a cabeça acenando afirmativamente sinalizando que está bem sim e o poderoso monarca lhe pergunta mais algumas outras questões:
— Você sabe quem é esse que fala com você? Sabe quem sou eu? Você me conhece?
E o suspeito mais uma vez acena com a cabeça do mesmo modo novamente.
E o rei coloca sua mão direita em frente aos olhos do motorista com apenas dois dedos levantados: o indicador e o médio e os demais abaixados fazendo o sinal semelhante ao tal "V da vitória" e lhe pergunta:
— Quantos dedos você vê aqui?
E o motorista lhe responde prontamente:
— Cinco. . .
Mas quando o povo ouve a resposta dele se enfurece muito e levantam suas armas, pedras e ferramentas acreditando que esse "cretino" não poderia de maneira alguma zombar do poderoso monarca de modo tão abusado assim, principalmente depois dele ter matado as crianças da maneira como foi que aconteceu essas mortes violentas, prematuras e tão tristes.
E o povo acredita que a resposta da pergunta que o monarca fez ao acusado é outra e grita enfurecidamente em em uma só voz:
— Dois dedos! Dois dedos! Dois dedos! Dois dedos!
Porém, o rei determinou que o motorista acertou a resposta e assim percebeu que o suspeito está em boas condições de falar, pois, era essa resposta mesmo que o monarca precisava escutar para ele saber se esse homem está bem, já que, como o impacto foi muito forte parecia ser completamente impossível essa pessoa não ter perdido a sua frágil vida, e se ele não morreu era de se esperar que o suspeito perdesse a consciência, pelo menos por algum tempo, e foi por isso que o rei acreditou que precisava se certificar de como estavam as suas condições gerais no momento, o soberano queria saber principalmente se a capacidade dele em raciocinar, e de falar para se explicar: para ser removido com toda a segurança de dentro do carro e ter uma excelente auto defesa, caso fosse preciso e possível naquele instante e saber ainda quais seriam as primeiras providências que deveriam ser tomadas para que esse homem pudesse sair do carro sem qualquer lesão em sua coluna cervical.
Porém, o povo que está ali muito próximo não se conformava com o rei tendo tantos cuidados com o homem que atropelou e matou as crianças, e o povo entendeu como se a pergunta do rei fosse "quantos dedos levantados você vê aqui?", mas não havia a palavra "levantados" na pergunta do rei, e apenas sim: "quantos dedos vê?".
E o poderoso monarca para ter a plena certeza de que o motorista está realmente bem, e com isso lhe faz uma outra questão ao motorista e a resposta correta não é tão simples como parece ser no primeiro instante e ele então pergunta:
— Se eu lhe desse dez laranjas e você as levasse para a casa de sua mãe e dissesse a ela que dividiria em quantidades iguais com ela, e logo depois dessa primeira partilha você se lembrasse que ela lhe fez um pequeno favor ontem e para lhe demonstrar o quanto que você lhe é grato por isso você cortaria então uma das suas laranjas ao meio e desse a ela uma das metades, nesse caso, diga-me rapidamente qual é a quantidade exata de laranjas que ela iria ter a mais do que você? Você entendeu bem ess a pergunta, meu amigo motorista? Se entendeu me responda imediatamente.
— Uma laranja inteira!
E quando o motorista responde que é uma laranja, o povo faz um grande tumulto, querendo matá-lo imediatamente. Eles acreditavam que a resposta era um deboche ao monarca, uma falta de respeito, e por isso mostraram furiosamente suas armas e ferramentas contra o acusado.
porém, o rei atenciosamente diz:
— Ele, novamente, acertou a resposta e se mostra capaz de conversar lucidamente, sua capacidade cognitiva está ótima em de acordo com os meus testes, e ele está apto a explicar o que aconteceu, e já é capaz de dar a versão dele dos fatos segundo a sua ótica.
Mas quando o poderoso monarca diz isso o povo fica incrédulo com a atitude dele.
E o assistente do repórter da televisão famosa questiona o soberano:
— Majestade, se ele deu, depois da segunda partilha, apenas meia laranja, com certeza, ela só poderia ter meia laranja a mais e, por que o senhor está acobertando tanto esse assassino tão cruel?
E o monarca diz:
— Eu não estou acobertando um assassino; estou protegendo a vida de uma pessoa. Ele acertou as respostas e estou verificando se ele é capaz de pensar corretamente e se ainda tem suas faculdades mentais intactas. Quero assegurar que, mesmo após todo esse impacto, ele está lúcido e apto a testemunhar sobre o ocorrido. Ele merece ser protegido e ter seus direitos fundamentais respeitados, incluindo o direito à vida e à liberdade plena, conforme garantido por tratados e convenções internacionais. Ele deve ser julgado de acordo com as leis por um tribunal justo e imparcial, e só punido quando sua culpa for provada. A liberdade e a vida são preciosas, e qualquer punição deve ser baseada em provas irrefutáveis de culpa. Se o Estado cometer um erro, como poderá reparar a injustiça ou devolver a vida de um inocente? Quando ocorre um crime ou acidente, todos têm alguma responsabilidade, direta ou indireta. Pessoas mais próximas ao culpado têm maiores responsabilidades, enquanto os sábios, com maior entendimento, têm a obrigação moral de prevenir crimes e acidentes. Tolos, agindo de forma impulsiva, muitas vezes acreditam que estão fazendo o certo, mas suas ações podem ser prejudiciais. Os sábios, por sua vez, muitas vezes se omitem por modéstia ou medo de ensinar o errado, prejudicando a sociedade. Aqueles que têm conhecimento devem compartilhá-lo para o bem comum. A tempestividade dos tolos leva a opiniões e ações equivocadas, prejudicando a todos ao seu redor. Por isso, os sábios devem atuar vigilantes para prevenir os erros dos tolos. Devemos transformar essas mortes tristes em algo positivo para todos. Que as mortes desses inocentes não sejam em vão. Podemos homenageá-los lembrando sempre desse acontecimento, melhorando como cidadãos, pais e seres humanos. Precisamos entender as causas desse evento triste desde o início e garantir que isso nunca mais ocorra. Vamos estudar todas as causas exaustivamente para aprender e prevenir totalmente.
Nisso o tal assistente chega mais perto do rei e olha para ele bem no fundo de seus olhos, mas o infeliz ignorou completamente tudo o que o rei explicou e lhe diz:
— Mas, agora, o senhor, vê que ele não tem noção da realidade, não é mesmo? Ele está debochando do senhor, majestade, ele é muito abusado, ele está pedindo para morrer lhe respondendo daquele jeito… "Uma laranja inteira!". . . Onde já se viu lhe responder assim?
E o rei ainda bem otimista responde a ele:
— Pelo contrário, acredito que ele está bem e entende a realidade ao seu redor. O acusado respondeu corretamente aos pequenos testes que improvisei. Não fez deboche de mim, apenas mostrou que está bem. Percebo que você tem dificuldade em entender o teste, então farei a mesma pergunta de forma mais fácil: se eu lhe desse uma única laranja e você a levasse para a casa de sua mãe, dizendo que a dividiria igualmente com ela, e depois lembrasse que ela fez um favor a você ontem, então lhe desse metade da fruta que lhe pertence, eu lhe pergunto: quantas laranjas a mais a sua querida mamãezinha teria em relação a você?
E o teimoso assistente do repórter da televisão famosa responde prontamente ao rei:
— Meia laranja para cada um, depois que eu desse a minha metade para ela então, majestade, eu teria zero laranja e ela uma. . . Uma laranja inteira, Alteza?
E o rei lhe pergunta:
— Entendeu agora como ele igualmente a você está certo?
E o assistente do repórter diz ao rei:
— Sei que eu estou certo de que é uma laranja na minha resposta, mas, na resposta dele sei que está errado, já que, é só meia laranja na resposta dele, pois, é muito diferente do meu caso.
E o rei explica:
— Mas, como podem ser diferentes essas equações? pois, os dois casos são idênticos! Nos dois casos a pessoa deu meia laranja e a outra pessoa recebeu meia laranja igualmente, e é por isso que sempre que alguém der meia laranja, a pessoa que recebê-la terá uma laranja inteira a mais do que quem lhe deu a meia laranja não importando a quatidade de laranjas, pode ser uma, cem, mil. . . Só precisa que o número seja positivo e maior ou igual a uma unidade. . . Mas se for em números abstratos, pode ser qualquer valor, menos do que "um" e até um valor negativo.
E o assistente insiste com rei:
— Eu acredito que isso só funciona quando tem apenas uma laranja só.
E quando o assistente diz isso o povo todo concorda com ele e não com o monarca.
E o soberano com muita paciência diz:
— Vocês têm que fazer duas contas simultaneamente e calcular o que uma pessoa ganhou e o que a outra perdeu, uma perdeu meia a outra ganhou meia, meia com meia, resultado, uma. Uma laranja inteira. . .
E o assistente persiste na sua grande ignorância:
— Mas, como é isso, a mesma meia laranja? Como a mesma meia laranja pode ser considerada perdida e ganha ao mesmo tempo? E depois se multiplica e vira uma laranja inteira? Por que o senhor está tão a favor desse assassino tão cruel?
E o rei sempre com boa vontade explica:
— É que essa meia laranja é ganha e perdida por pessoas diferentes ao mesmo tempo e quando se deseja saber a diferença entre as duas quantidades que uma pessoa ganhou e que a outra pessoa perdeu: basta que se some a perda de uma com o ganho da outra…
E o povo balançava a cabeça incrédulo novamente com o seu soberano e ele finalmente mostrando uma pequena impaciência com os seus súditos então diz:
— Olha gente, cada uma das pessoas depois da primeira partilha tinha cinco laranjas e quem deu meia ficou com quatro e meia, e quem recebeu meia laranja ficou com cinco e meia, cinco e meia menos quatro e meia o resultado é obvio que é uma, uma laranja inteira.
E no meio de toda essa grande confusão o repórter atento finalmente entende que a resposta do motorista está correta e ele aplaude o rei e o restante das pessoas que lhe olham, mesmo não entendendo muito bem, aplaudem o soberanopois, não querem se passarem por simples tolos.
Por isso o rei dá uma grande bronca no povo:
— Olha só, meus queridos súditos, eu conseguiria fazer esses simples testes que são tão básicos em apenas um minuto se vocês não me interrompessem a cada instante com tolices e com bobagenspois, agora vocês me fizeram perder um grande e precioso tempo… Portanto, calem-se… Quando a pessoa é uma tola ela sempre deveria se lembrar da sua tolice e perceber que precisaria agir com muita cautela para dar as suas opiniões, principalmente quando ela estiver falando com um grande sábio ou um filósofo ou ainda alguém que sabe muito mais do que ela, então, os tolos devem por questões obvias e de por bom senso escutar bem mais e falar bem menos e tentar entender bem os assuntos antes de ficarem opinando bobagens e sandices e, muitas vezes ainda, o fazem isso acreditando que estão certos sem ao menos entenderem minimamente dos tais assuntos que estão sendo discutidos. . . Mas os tolos nem fazem ideia que são tolos. . . E isso os ajudam a permanecerem nessas tristes condições. . .
E quando o monarca disse isso chegaram as equipes de resgate e logo eles perceberam que o motorista não sofreu dano algum, nem ao menos um único arranhãozinho e ele pôde sair facilmente do veículo como se simplesmente tivesse estacionado o seu carro em sua casa depois de chegar de um passeio e saído normalmente do veículo para entrar em sua residência.
E o grande monarca nesse momento olha bem nos fundos dos olhos do acusado e coloca o nariz perto da boca dele e examina o pescoço dele e os seus braços.
E o povo mais uma vez fez um grande tumulto.
E o monarca novamente disse — "calem-se" — e depois volta-se completamente para o motorista e lhe pergunta:
— Então você está realmente bem? Sabe o que está acontecendo aqui? Sabe que essas crianças foram mortas pelo carro dirigido por você, carro esse que veio em alta velocidade totalmente desproporcional ao recomentado? Você pode nos explicar tudo o que aconteceu? O que tem a dizer em sua auto defesa?
E o motorista apenas acena com a cabeça para dizer que está bem sim e lhe dá outros acenos para dizer sim para todas as outras perguntas que lhe foram feitas pelo monarca.
E o grande soberano pede que tragam água ao motoristapois, ele chorou tanto que ele temia que o acusado ficasse bastante desidratado e passasse mal, mas em todos as situações semelhantes a essa é sempre recomendável oferecer águas as pessoas, e até mesmo em eventos mais leves e menos traumáticos explicou o grande soberano prestativamente.
Mas quando o rei fez aquelas perguntas ao motorista algumas pessoas ao seu lado o questionam:
— Vossa majestade, ele vai ficar bem mesmo quando estiver morto! Bem morto! Não sabemos o porque o senhor quer dar água para alguém que nós já o condenamos a morte e vai morrer logo em seguida. Ele vai ficar “bem”, igualzinho as crianças que ele as matou covardemente! Queremos matá-lo! Vivo, ele não vai sair daqui, não, nunca mais, Jamais!
E o rei ignora a sentença dada pelo povo e avisa que irá levar imediatamente o motorista para conversar com ele em particular em um ambiente bem mais apropriado e indicado para um caso dessa gravidade toda, e o poderoso monarca explica, ainda, que precisa se recolher imediatamente, pois, ele está muito abalado com as mortes dessas crianças, e espera que a morte deles tragam de alguma maneira a conscientização nas pessoas de todo o mundo, e ele diz ainda que precisa cuidar de sua própria saúde, já que, não dormiu bem essa noite, e está muito indisposto, e que quase que ele cancelou de última hora aquele primeiro evento dentro do palácio, mas, seria muito complicado mudar a data para outro dia distante por causa de toda a infraestrutura, a logística e o número muito grande de pessoas envolvidas e outros tantos muitos fatores, e foi por todos esses motivos que ele resolveu fazer esse grande esforço de ensinar aos povos de todas as nações naquela ocasião. E por isso que fazia algum sentido não ter cancelado naquele momento, mas agora não fazia mais sentido algum continuar, e o poderoso monarca explicou mais, disse que faz apenas quatro dias que chegou de uma longa e cansativa viagem de um país muito distante para tomar posse desse reinado, ele explicou ainda que já é muito idoso e que no mês que está entrando estará completando exatamente cem anos de idade e disse que a sua capacidade de pensar e discernir as informações devem estar seriamente comprometidas por causa de cada um desses fatores e todos esses acontecimentos muitos chocantes, disse também que nunca é bom resolver problemas quando estamos muito emocionados, abalados, chocados, nervosos, muito melhor sempre deixar para refletir quando estivermos descansados e bem tranquilos, e ele ainda disse que a partir de agora ele vai deixar o caso para as autoridades competentes do reino, disse que eles resolveriam os trâmites burocráticos para ser julgado em nome da plena justiça com ministério público, os advogados e os juizes. E ele solenemente disse:
— Portanto o espetáculo acabou e já podem desligar todas as câmeras e todos nós precisamos descansar e poupar as crianças e as pessoas mais sensiveis dessas cenas horríveis.
Mas quando o monarca disse isso e já dava os seus primeiros dois passos para sair daquele lugar, um dos altos funcionários do palácio coloca a mão em seu ombro esquerdo e lhe diz:
— Majestade, mas nós nem temos um fórum para fazermos um julgamento, não temos juízes, nem promotores e nem advogados no nosso reino, o pai do senhor era um grande tirano e ditador sádico e paranóico, e vivíamos, parece que só até hoje, em uma ditadura muito severa com o vosso pai e o vosso terrível irmão, majestade, esse vosso irmão era bem pior do que o vosso pai, alteza, e aqui nunca houve justiça alguma em toda essa dinastia da vossa família, os reis aqui sempre julgaram os casos de qualquer jeito e do modo que eles achavam melhor, julgavam sempre motivados apenas pela forte impressão ou convicções que tinham no momento dos julgamentos instantâneo ao ar livre, em praças públicas. . . E muitas vezes os reis deixavam o povo exercer a sua justiça como bem entendesse. . . O povo podia decidir quem era culpado ou inocente. . . Majestade, sempre foi assim por aqui, a vossa família fazia desse tipo de evento uma espécie de lazer, de diversão e de entretenimento do povo e isso sempre deixou o nosso povo, que é bem ignorante e sem modos, bastante feliz. . . Sempre foi assim, as pessoas não conhecem outra realidade. . . O nosso povo foi condicionado a pensar assim e ser assim, infelizmente, majestade. . . Parecemos macacos. . .
E o monarca depois que ouviu isso disse:
— Mas isso não faz sentido algum. Isso é um absurdo total! Uma aberração sem tamanho! Não somos homo sapiens evoluidos? Somos homens ou primatas selvagens? O fato de uma pessoa ter uma forte convicção em uma questão, esse fato em si somente, essa sensação, isoladamente, sem provas ou evidencias corretamente periciadas, não lhe qualifica para torná-lo juiz de nada, e essa sensação não o ajuda em nada, aliás pode atrapalhar e muito em ver a verdadeira realidade, pois, nunca se deve se prender a convicções tolas. E que absurdo é esse? Deixar o povo decidir? Sem um fórum? Sem juízes? Sem promotores? Sem advogados? Sem as todos as instâncias necessárias? Sem amplo direito a defesa do réu? Sem um julgamento justo? Que país é esse? Que país é esse? Então não temos um senado? Um congresso nacional? Uma suprema corte? Só o rei ditava as leis e as sentença que lhe "dava na telha dele" dependendo do humor dele e de quem fosse a vítima se ele gostasse ou não da pessoa, se fosse uma aliado ou não? Se fosse amigo ou inimigo?
E o alto funcionário do palácio lhe responde humildemente abaixando a cabeça:
— Sim, sim, majestade, eu sinto muito realmente que tenha sido eu mesmo que lhe tenha dado essa informação tão triste. . . E eu até fiquei com medo de lhe dar a notíciapois, nesse reino sempre se matava o mensageiro quando a notícia desagradava ao rei. Mas eu percebi que o senhor é bem diferente dos outros governantes desse tão pequeno país.
E nesse momento o mesmo repórter que havia sugerido há pouco ao rei que julgasse o caso ao vivo para ensinar o mundo todo, novamente, então, ele propõe ao monarca que considere a oportunidade dele, na qualidade de a pessoa mais sábia e justa do mundo, continuar ali mesmo o julgamento afim de dar sequencia os ensinamentos que ele já tinha começado para os povos do mundo inteiro, e ainda usa a expressão em nome do BEM MAIOR, "alteza, com todo o respeito que essa situação e que todo esse luto também merecem, espero que o senhor me entenda e atenda ao meu pedido“.
E o monarca diz que é um imenso absurdo que ele julgasse um caso complicado desses assim sem leis, sem o mínimo aceitável com as regras e também com as normas preestabelecidas para ser considerado razoavelmente civilizado, então ele diz também que reconhecer que ele não é capaz de fazer esse julgamento nessas condições é uma boa lição de sabedoria digna de ser seguida e que isso ficaria como um bom exemplo, e diz que jamais um único homem, mesmo sendo considerado o mais sábio e justo dentre todos, poderia, julgar, sozinho um caso complicado desses assim em um tão grotesco improviso, pois, ele poderia, com certeza, cometer muitos erros e punir injustamente alguém, e que aceitar como sendo justo isso seria um péssimo exemplo para as pessoas, e disse ainda que seria muito melhor deixar livre um possível culpado do que correr o risco de punir um possível inocente. . . Eu nunca iria aceitar ser julgado assim por alguém nessas condições! E o que eu não desejo para mim não desejo também nem mesmo até ao meu maior inimigo! Até as piores pessoas que cometeram os piores dos crimes merecem um julgamento justo por um juiz imparcial e que julga apenas dentro das leis e das provas totalmente verificadas e periciadas com toda a lisura possível! E que não sobre uma única mínima sombra de dúvida sobre as provas, sobre o juiz e nem sobre nada fora das leis que precisam serem soberanas! Eu acredito que seria melhor convocar a cem pessoas mais capacitadas nesses assuntos e que eles debatam exaustivamente até que cheguem a um grande consenso final e após o término de todo esse trabalho que escrevam, de maneira simples e de fácil entendimento até para os mais leigos, um documento para servir de guia e de comportamento para ajudar nos julgamentos futuramente. E eu até posso ajudar de alguma maneira mais efetiva nesse processo todo, mas, talvez seja melhor deixar esse motorista solto, porém, deve ser muito vigiado, e ele só será julgado quando nós todos, os capazes, terminarmos a constituição e os outros códigos: o penal e o civil. . .
E o mesmo repórter atrevido diz:
— O mundo está cheio de ignorância e de injustiça e o senhor, majestade, sozinho tem agora uma chance úinica e histórica de ensinar o mundo, talvez essa seja a grande missão da sua vida. . . Não seja tímido, não se furte a sua obrigação legítima de melhorar o mundo com toda a sua grande sabedoria adquirida.
E o monarca olhou dentro de seus olhos e disse:
— Mas nesse caso em especial, a coisa mais sábia e justa a se fazer e a ensinar aos povos é que devemos pedir a ajuda de um país amigo que tenha uma justiça plena e consolidada para julgar esse caso para o nosso reino, ou seja, o melhor a se fazer é reconhecer que não somos capazes nesse momento e deixar quem é capaz de fazer e realizar a essa justiça, o ensinamento nesse caso é nunca faça o que não possam realizar sozinhos e peçam ajuda aos povos amigos capacitados!
E o insistente repórter atrevido lhe diz:
— Majestade, desculpa-me pela minha grande insistência e ousadia em lhe falar assimpois, a Vossa Alteza é uma pessoa muito sábia e justa, e na verdade o senhor é a pessoa mais sábia e justa do mundo e de todos os tempos e eu sou apenas um humilde repórter qualquer, mas eu preciso lhe dizer uma coisa realmente muito importante, Vossa majestade respondeu a um teste com dez mil perguntas, e na história de toda Humanidade a segunda pessoa melhor colocada acertou apenas oitocentas e duas perguntas e o senhor, o soberano acertou todas as dez mil perguntas e ainda Vossa majestade corrigiu a três mil e duzentas e sete perguntas que estavam feitas incorretamente, já que, havia alguns tipos de falhas nas questões, e esse teste foi realizado com a colaboração das cem pessoas mais capacitadas de todo o mundo e havia muitos ganhadores de prêmios Nóbel e outras centenas de grandes pessoas que estudam muito e que são reconhecidas por isso e eles ficaram por dois anos fazendo revisões para deixar o teste muito bem feito, e o senhor ainda respondeu ao teste usando apenas a metade do tempo do segundo colocado. . . Majestade, a Vossa pessoa é a mais capacitada para ajudar a Humanidade que está assistindo e precisa de alguém para se espelhar, o mundo todo precisa do senhor e o mundo todo quer escutar o que o senhor tem a lhe ensinar, e se o senhor não puder a ajudar, ninguém mais o pode. E se Vossa majestade não o fizer, eu acredito, que tudo estará totalmente perdido para sempre. . . O que o senhor disse há pouco foi muito bonito mas o senhor poderia fazer esse julgamento aqui e agora para ajudar o mundo já que o senhor é muito sábio e o mundo todo está lhe vendo nesse momento! Talvez o senhor tenha nascido para esse único momento sublime, majestade, pois, o senhor está tão velho e cansado que nós não sabemos se vossa alteza estará vivo amanhã. . . Eu sinto muito em lhe dizer a pura verdade ao senhor, majestade. . . Mas todos nós precisamos do senhor hoje mesmo, agora, nesse momento exato, a Humanidade não pode prescindir dos seus conhecimentos, não podemos abrir mão dessa oportunidade, se vossa majestade não o fizer esse julgamento agora mesmo: os livros de histórias lhe colocarão como o maior de todos os covardes! Os livros de história do mundo todo estamparão a vossa foto e ao lado dela estará o vosso nome com os dizeres: AQUI ESTÁ A CARA DO MAIOR COVARDE DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE!
E o monarca pensou por alguns instantes e depois disse:
— Está bem, você me convenceu! Os argumentos são legítimos. . . E sendo assim, eu concordo em julgar esse caso em especial como um simples e inocente ensaio apenas, uma demostração simplória, mas, só que daqui a seis meses, quando acabarmos com esse reino de tirania, e esse reino se tornar uma grande república e nós dispusermos de uma justa constituição e já tivermos os três poderes independentes, e tudo estiver funcionando adequadamente como deve ser uma república realmente democrática, voltaremos, portanto, a julgar esse homem, com advogados para defendê-lo, um promotor acusando em nome do povo, e um juiz totalmente justo e imparcial se orientando somente pelas provas periciadas por pessoas competentes e idôneas e por todos os elementos comuns ao um Estado Democrático de Direitos em que as leis foram feitas por pessoas, homens e mulheres, dotadas de grande saber jurídicos e em direitos humanos, que entendam a importância das punições e o direito inalienável a vida e a liberdade e assim, então, faremos um julgamento com toda a justiça possível e com todos os elementos das leis justas que nós vamos fazer. . . E essas leis serão feitas com a ajuda do povo que se mostrar capaz de tal honraria, em nome do povo e para o povo. E esse país será uma democracia completa e plena: será o governo do povo, pelo povo, para o povo. Em sendo assim, desse modo, eu aceito julgar esse caso sim, como vocês querem, mas antes quero um acordo com todas as emissoras de televisões para que no futuro seja feito um outro evento como esse, e se todas toparem que eu possa falar novamente, depois de seis meses, e refazer e corrigir a todas as coisas que eu vier fazer de errado e injusto, se aceitarem essas condições eu topo sim. . .
E o rei pediu que vinte pessoas se oferecessem como voluntários para defenderem o motorista, mas ninguém quis aceitar defender o acusado que o povo chamava insistentemente de monstro, depois o rei perguntou se entre os estrangeiros havia dez pessoas dispostas a fazer a defesa do réu e ninguém se prontificou.
E logo depois que o monarca disse isso, vieram as primeiras confirmações dos responsáveis pelas emissoras concordando com todos os termos que o poderoso monarca lhes exigiu.
E aquele repórter sempre atento gentilmente se oferece para explicar a questão ao motorista e ver se ele entende a importância da questão e depois irá consultá-lo sobre se ele poderá mesmo participar do evento.
Depois que tudo lhe é explicado, o rei pergunta ao motorista:
— Você se sente capaz de responder isso agora? Ou prefere aguardar o julgamento em um lugar mais tranquilo e que seja bem mais apropriado? Mas se você aceitar eu mesmo serei o seu advogado… E o povo será os pronotores. . .
Nisso se percebe que ainda tem mais de quatrocentas pessoas que não foram autorizadas mais estão ali por perto misturadas entre os jornalistas do mundo todo e a outras pessoas que os acompanham, pois, se ouve os súditos dizendo:
— Morte! Morte! Morte!
E o rei olha para as pessoas que disseram isso e diz:
— Não se manifestem! Deixem-me, pois, sei o que estou fazendo… Não atrapalhem a pessoa do rei quando ele estiver em uma investigação real para algo tão relevante!
E nesse momento já foi preparado um excelente local ao ar livre e ao lado da área do acidente, e com apenas cento e trinta passos todos já estão lá e procurando um melhor lugar para fazerem os seus trabalhos ou só para assistirem ao julgamento.
E o sábio monarca diz ao povo:
— Olhem bem, prestem muita atenção, pois isso é muito importante: para julgar alguém, é preciso ter as leis bem claras e divulgadas, e todos precisam estar cientes de como funciona a vida em sociedade, como as regras de trânsito, por exemplo. Não sabemos se esse motorista é realmente o culpado deste triste acidente, ou se ele é o único culpado. Mesmo que ele seja o único culpado, pode ser também uma vítima de tudo que aconteceu aqui. Se aprendermos com isso, o que aconteceu com essas pobres crianças e esse infeliz motorista pode ser considerado uma poderosa e maravilhosa vacina para prevenir futuras tragédias. Por isso, precisamos investigar tudo o que aconteceu aqui e por que aconteceu. Deem mais água para esse homem, na quantidade que ele quiser, pois precisamos escutá-lo. Seu erro pode nos ajudar a sermos melhores, se escutarmos com atenção e respeito o que o levou a cometer este terrível erro. Refletindo sobre isso, estaremos imunizados por sua horrível experiência e evitaremos que algo semelhante ocorra novamente. No meu reino, ninguém será linchado ou condenado, principalmente, sem um julgamento justo e dentro das leis. Ele só poderá ser preso se houver necessidade, risco de fuga, constrangimento de testemunhas ou outras atitudes inconvenientes. Portanto, temos que escutar seu depoimento com respeito e atenção. Quando ele terminar de explicar tudo, corrigiremos cada detalhe que contribuiu para seu erro. Com todas essas informações, aplicaremos uma pena justa e todos nós aprenderemos com essa experiência, sem precisar passar pela punição que ele enfrentará, caso a culpa seja realmente dele. Vamos nos unir para corrigir todas as falhas, evitando agir como tolos que julgam pela aparência dos fatos. Muitas vezes, o que parece ser uma realidade é outra bem diferente. É comum que algo falso pareça verdadeiro e vice-versa. Por isso, os sábios nunca julgam os eventos apenas pela aparência, pois a verdade está na essência das coisas, não em sua superfície.
Porém, o povo que está ali perto não gosta de ouvir o que o rei disse. Eles acreditam que ele está sendo injusto com os pais, parentes e amigos das crianças mortas, e querem vingança imediata. Esperam que o monarca condene o motorista à morte imediatamente. No entanto, o rei ordena apenas que os profissionais responsáveis pela remoção dos corpos comecem seus trabalhos rapidamente. Ele orienta a fazer um isolamento completo da área com muitos guardas e coloca tapumes ao redor, para que ninguém mais veja as cenas tristes, especialmente crianças e pessoas mais sensíveis.
Ele sugere que seus súditos voltem para suas casas e que evitem que as crianças assistam às notícias pela televisão. Além disso, pede que ninguém faça comentários perto dos pequenos, para poupá-los da dor e sofrimento. O rei manda ainda que todos obedeçam suas instruções para facilitar o trabalho dos peritos, mas apenas algumas pessoas seguem suas sugestões.
E o rei tranquilamente pergunta ao motorista que aparenta estar bem mais calmo:
— Você pode mesmo me responder a todas as perguntas que eu lhe fiz há pouco? Você consegue entender todo esse evento, que o mundo todo está vendo pelas televisões?
Mas, nesse momento o rei olha para o motorista e nota que os olhos dele se encheram de lágrimas novamente e quase as vertendo, j á que, está muito emocionado e mesmo assim o acusado consegue dizer:
— Sim, vossa majestade, estou bem. . . Se o senhor está perguntando se estou consciente e sem dor física, a resposta é sim. Eu entendo agora o que aconteceu. Não preciso ser levado para outro lugar se o senhor puder garantir minha segurança integral. Estou disposto a colaborar com o senhor nesta questão de educar o povo e me usar neste processo. É o mínimo que posso fazer depois do que aconteceu com essas crianças e toda a dor envolvida, da qual eu faço parte de alguma maneira. Portanto, eu colaboro pacientemente com este evento esclarecedor. Se o senhor for meu advogado, para mim é melhor ainda, pois nunca poderia pagar alguém como o senhor. Para mim, é vantajoso aceitar sua proposta. É uma grande chance de provar minha total inocência, já que o senhor é muito sábio e justo. Eu vi isso, sobre a sua sabedoria, na televisão.
Nesse instante, o povo começa a praguejar muito contra o motorista, mas, o rei vendo, que ele ainda está com receio de ser linchado, então dá ordens para o povo não se manifestar e os seus súditos lhe obedecem prontamente e se calam e o monarca pergunta ao motorista:
— Poderia me dizer por que estava correndo tanto com esse super automóvel? Você se sente capaz de me explicar ou não? Tem condição de fazer isso, ou não? Só é justo se você estiver em condições de falar a verdade, somente a verdade, para o bem da justiça plena.
E o soberano quis saber se ele fazia uso de bebidas alcoólicas, se usava algum remédio forte, se usava drogas ilícitas ou se ele tinha problemas mentais de algum grau, e o motorista disse que não para todas essas perguntas que lhe foram feitas pelo monarca.
Parece que o rei quer saber o que causou o acidente para poder dar a punição exata para o "crime". Ele só poderá ser justo se souber exatamente o que aconteceu.
O monarca queria entender se o motorista corria por negligência, por loucura, ou se o veículo teve algum problema mecânico ou elétrico que causou uma aceleração involuntária. Ele não conseguia imaginar que alguém, em seu juízo normal e sem a influência de alguma substância, poderia deliberadamente pegar um super automóvel e sair por aí matando crianças, seja por diversão ou por não temer ser pego e punido. O monarca acredita que ninguém em sua sã consciência agiria dessa forma que o povo acha que o motorista agiu, e por isso ele quis investigar o caso de maneira correta.
E o grande monarca pede ao motorista o depoimento dele:
— Fique calmo, meu amigo! Só me responda o motivo pelo qual estava correndo tanto assim há pouco e ninguém vai fazer nada contra você, só se eu os autorizar… E eu não pretendo fazer isso de maneira alguma, não se preocupe, concentre-se somente esclarecer os fatos para ajudar na sua plena defesa…
O motorista agora está muito mais calmo e diz:
— Sabe, majestade, quando eu tinha apenas quatro anos de idade e morava no interior deste reino, então: tudo começou quando vim para a cidade grande e vi uma máquina que me fascinou muito… Era uma maravilha muito grande que eu nunca tinha visto antes, e quando a vi me apaixonei totalmente por ela, ao fim do mesmo instante…
E o rei, muito calmo, como sempre, quis entender essa história que já começou muito estranha.
— E o que seria essa maravilha toda, meu amigo?
E o motorista ainda procurando conseguir mais fôlego e com um estranho brilho nos seus olhos azuis responde:
— Era um carro… Um veículo muito lindo, quase igual a esse, majestade…
E o rei querendo entender direito o que acabou de ouvir lhe pergunta:
— Apaixonou-se por um carro, é isso mesmo o que eu escutei?
O motorista, novamente, quase não conseguindo conter as lágrimas e enxugando o nariz com as mangas de sua blusa e lhe responde:
— Sim, majestade, um carro…
E o rei solicito-lhe:
– Por favor, faça-me entender isso… Eu lhe perguntei o po quê você estava correndo tanto hoje e agora, e você fala sobre quando tinha quatro anos… Você entendeu mesmo bem a pergunta que eu lhe fiz?
– Eu entendi sim, majestade, e vou lhe explicar tudo, aliás, é isso que estou tentando fazer neste instante. Mas não sei exatamente como começou e nem por que isso aconteceu comigo. Quando vi aquele carro novinho, fiquei desejando ter um igualzinho para mim. Eu queria um carro vermelho, igualzinho àquele. O lugar onde eu estava era uma espécie de exposição muito grande, e só havia carros muito caros. Foi lá que eu conheci esse tipo de carro. Era uma "joia" novinha, cheirando a um bebê. . .
E o rei muito perplexo querendo entender essa história toda sem sentido algum e lhe pergunta:
— E o que tem a ver isso tudo que você me falou com o motivo pelo qual estava correndo tanto e tirando as vidas dessas duas crianças completamente inocentes e indefesas que não tiveram como se defenderempois, nem sabiam ao menos onde é que estavam?
O monarca fala duramente com o acusado, tentando captar alguma informação ou reação além do que ele diz. O motorista, parecendo ter se conectado com uma memória afetiva, lembra-se de um tempo muito especial para ele, e responde com um estranho brilho de encantamento em seu olhar:
— Vossa majestade… Quando fiquei loucamente fascinado por aquele carro maravilhoso, talvez meu sonho tenha sido tão grande que, sem querer, influenciou meu pai da mesma forma que me influenciou. Ele não se esqueceu mais desse carro. Parecia que ele gostou tanto do meu sonho que eu tive a impressão de que ele gostou quase tanto quanto eu. Digo isso porque, logo depois que chegamos em casa, no mesmo dia, fui brincar de bola com meus coleguinhas. Eu adorava jogar futebol e, naquela época, queria até ser jogador profissional, famoso e rico. Enquanto jogava, meu pai me chamou na sala e mostrou que trouxe para mim muitos cofrinhos de todos os tipos – porquinhos, cavalinhos, boizinhos, e muitos outros. Nesse momento, meu pai disse: "Que filho maravilhoso temos, com quatro aninhos de idade e já tem um sonho, já sabe o que quer da sua vida. " Eles tinham muito orgulho de mim. Meus pais falavam de mim e do meu sonho para amigos, parentes e conhecidos. Esse era o assunto que mais comentavam. Eles falavam de mim e do meu sonho nas filas dos bancos, nos hospitais. Isso me encantava ainda mais. Meus pais me faziam sentir muito importante para eles, e isso me fazia muito feliz. Foi a partir daquele momento que comecei a juntar todas as moedinhas que passavam por minhas mãos, guardando-as em cofrinhos para comprar meu carro novinho. Nunca gastei nenhuma moeda, acredita? Nem mesmo em uma balinha, porque sabia que esse carro era muito caro. Fiz da minha vida uma luta intensa de sacrifícios para adquirir dinheiro suficiente, pois tinha que ser um carro novinho, cheirando a um bebê. Não sei explicar, mas só um carro assim poderia me fazer feliz. Eu não poderia viver sem um carro igual àquele. Eu já sabia disso mesmo com apenas quatro anos de idade. É incrível, não é, majestade? Lembro como se fosse ontem: todo mês, meu pai sentava, cruzava as pernas, me colocava sentado nelas, e eu passava meus braços ao redor de seu pescoço, abraçando-o. Nós contávamos todas as moedinhas de cada cofrinho antes de depositar no banco. Eram momentos tão bons com meu pai. Ele se orgulhava tanto de mim. Ele me ensinava a contar, a fazer montinhos de dez em dez moedas. Nós separávamos todas as moedinhas por valores, cores e materiais. Majestade, era tão divertido fazer isso junto com meu papai, que me amava tanto. Eu o amava tanto também. Ele sempre quis o melhor para mim. Nesses momentos, ele me abraçava forte e me olhava com tanta admiração, carinho e orgulho. Eu jamais desistiria de comprar aquele carro. Meu pai ficaria muito decepcionado comigo. E eu nunca iria querer isso. Tenho muito amor pelo meu pai, e ele se orgulhava muito de mim, assim como eu me orgulhava dele. Era um amor verdadeiro e recíproco, majestade!
Mas o monarca não se comove com isso e lhe solicito mais uma vez:
— Pode ser sucinto, objetivo e explicar com clareza? Você não ganhou um prêmio por um grande feito e está fazendo um discurso de agradecimento, você é um acusado de matar duas crianças, portanto se defenda corretamente! Diga-me o que aconteceu depois disso? Que relação tem sua infância com o que acabou de fazer a esses inocentes?
— Sim, majestade… Depois que espontaneamente coloquei sozinho esse sonho, esse desejo na minha “cabecinha de menino sonhador”, comecei a juntar moedinha por moedinha para comprar esse carro, porque era um carro muito caro, e ele não é fabricado nesse reino nosso… O problema todo é que tinha que ser um desses.
— Prossiga!
Disse o soberano se mostrando um tanto severo.
— Nos meus aniversários, eu nunca queria presentes de verdade, brinquedos, roupas, jogos, passeios, nada disso, sempre eu pedia dinheiro: moedas e cofrinhos de presente aos meus amiguinhos, vizinhos, conhecidos e parentes, para guardar, juntar e para comprar o meu carro de verdade… Meus pais me davam moedas para tudo o que fazia, quando arrumava minha caminha, quando levava o lixo para fora, quando eu ficava uma semana sem falar aquelas palavras feias, eu tinha muitas tarefas para fazer o dia todo e todas me rendiam moedas que iam imediatamente para os cofrinhos… Eu já lhe contei que eu vendi todos os meus brinquedinhos para conseguir mais moedas? E eu fazia ainda pequenos trabalhos para os meus vizinhos e para meus amiguinhos… E essa quantidade de trabalhos aumentou mais ainda quando eu me tornei um adolescente… Mesmo depois que me casei, mesmo tendo que morar de favor, e depois viver em casa de aluguel, mesmo depois que meu querido filho nasceu continuei economizando tudo que podia e até o que não podia para realizar o meu sonho lindo… Meu filho só usa roupas doadas e brinquedos só emprestados… Eu só permito minha esposa comprar as coisas mais baratas e as que estão em promoção, ela nunca usou uma única marca famosa. Nunca passeamos. E tudo isso, todo esse sacrifício, todo esses esforços foram exclusivamente em prol do meu carro…
E ao escutar tudo isso o poderoso soberano coloca a mão no queixo e faz um gesto com a mão para que o acusado continue o seu relato:
— Majestade, eu trabalhava fazendo horas extras todos os dias até as vinte e três horas e trinta minutos. Trabalhava aos sábados, domingos, feriados e inclusive em todas as minhas férias. Para realizar o meu desejo, trabalhei muito duro por trinta longos anos. Nunca eu tive uma única horinha de foga. A ansiedade quase me matava… Não via a hora de estar com meu carro novinho cheirando a bebê…
— Hum!
E o monarca nesse momento fica pensativo e anda de um lado para o outro e o acusado lhe diz:
— Sabe, majestade, eu tenho trinta e oito anos, só hoje que finalmente eu consegui juntar o dinheiro o bastante, faz apenas cinco horas que eu comprei esse carro… Confesso a vocês que nunca passei por esse lugar antes, só hoje, pois, é o aniversário de meu único filho… Uma criança que praticamente nem o conheço minimamente por estar sempre ausente, por estar sempre trabalhando para juntar o dinheiro todo. . . Na verdade, majestade, por causa do meu sonho de ter o carro eu não conheço muito bem nem a minha própria esposa. E eu estava passando por esse lugar por causa da minha cunhada que mora na rua de cima, ela trabalha perto do meu emprego e me pediu uma carona. Eu a peguei no seu emprego e a levei à sua casa, ela me disse que queria pegar uma lembrancinha que havia comprado para meu filho, o único sobrinho dela… Ela disse que iria entrar e sair rapidinho e que isso só demoraria apenas "dois minutinhos”…
E nesse instante o rei faz um gesto com a mão e o motorista pensa que o monarca vai dizer algo, mas ele permanece calado apenas ouvindo o que o acusado lhe diz:
— Vossa majestade, acredite em mim, por favor, eu fiquei dentro do meu carro, motor acelerado e o coração disparado pela emoção, a imaginação "a mil quilômetros por hora" . Fiquei feito um bobo, babando pelo meu lindo e maravilhoso carro… E a minha cunhada começou a demorar muito, mas nem me importei realmente com isso, já que, eu contemplava o meu sonho que acabava de virar uma ótima realidade e me distrai completamentepois, eu estava encantado em uma espécie de transe e nada poderia me tirar a felicidade que estava sentindo naquele momento mágico, lindo e feliz… Eu ficava ligando e desligando os botões… Todos! Testava tudinho… Cada um das dezenas de tantos botãozinhos de todos tipos modelos e tamanhos… Comecei a pensar no tanto que havia trabalhado para conseguir realizar o meu sonho… Fiquei imaginando: finalmente havia conseguido comprar e realizar o meu sonho tão desejado… O único problema é que eu queria o meu carro vermelho e só tinha esse carro amarelo disponível na revendedora no momento… Mas, por causa da festa, aceitei dessa cor mesmo. . . E além disso não pude fazer o seguro do meu carro, não deu tempo de fazer e eu nem tenho esse dinheiro todo.
— Que pena!
Diz o rei, fazendo um sinal ao motorista para ele continuar:
— Majestade, durante todo aquele tempo em que estive esperando a minha cunhada, fiquei imaginando poder passear com o meu filho, imaginei-me finalmente conhecendo o meu lindo filho e poder brincar com ele e poder ir pescar com ele… Eu prometia para mim mesmo que iria repôr todo o carinho que eu não dei, e todo o amor que lhe faltou, todas as roupinhas que eu não lhe dei, passeios que eu não fiz e os brinquedos que não lhe dei, e cada uma das brincadeiras que eu deixei de fazer com ele… Imaginei ensinando o meu menino a jogar bola para ele um dia ser um jogador de bola profissional e ser muito famoso! Imaginava tudo isso… Imaginei uma nova e verdadeira lua de mel com minha querida esposa, e dar a minha família tudo que eu os devia há tempos… Eu me imaginava com meu filho e minha esposa fazendo um passeio à beira de um lindo lago e todos muito felizes e rindo dentro do meu belo carro… Depois, imaginei, eu correndo com meu filho, abraçando ele… Nesse momento, eu estava em êxtase, e pensei: “hoje é o primeiro dia do resto da minha longa e feliz vida”… Mas quando eu estava pensando exatamente em tudo isso, senti algo bem frio encostando no meu ouvido e ouvi uma voz que dizia: “Fique quietinho aí, tiozinho… Se você se mexer eu te mato… Assalto!”.
Ao escutar isso o rei fica ainda mais atento:
— Nessa hora, majestade, fiquei com muito medo que esse menino que aparentava ter apenas uns dezesseis anos de idade me levasse esse carro… E pensei: meu carro não tem o seguro… Eu não poderia viver sem esse carro… Trabalhei muito tempo por ele, não era justo ficar sem ele. Se esse ladrãozinho me levasse o carro eu teria que trabalhar por mais trinta anos para comprar outro , Certamente, a minha querida esposa não iria me querer mais se ela tivesse que me esperar por mais todo esse tempo, e eu até entenderia a questão dela, já que, lhe prometi que quando finalmente eu comprasse o carro, eu ficaria o tempo todo com eles! Eu não iria conseguir viver sem a minha esposa e filho! E meu filho iria estar com trinta e dois anos quando eu conseguisse comprar outro carro… E o meu pai, meus amigos e parentes? Como eu iria dizer para eles que eu perdi o meu carro? E eu iria ser uma imensa decepção para o meu pai! Majestade, por favor, acredite! Ainda, quando imaginava tudo isso em apenas um segundo na minha mente e veio uma coisa ainda muito pior em meus muitos pensamentos naquele momento: “E se esse ladrãozinho me desse um tiro agora ? ”… “ Poxa! eu nem conheço o meu filho, nem desfrutei da minha vida… Meu filho vai ficar sem o meu amor de papai? E minha amada esposa, como ela vai ficar? E a minha mãe, e o meu querido papai, e os meus parentes e os amigos? ” Majestade, pensei coisas em apenas uma pequena fração de segundos!
Segunda página do livro Ensaio sobre a Sabedoria de Isaías Amorim
E o motorista se cala por um segundo e olha para o rei e continua:
— Vossa majestade, quando imaginei que nunca mais iria ver o meu filho e a minha família eu… Eu simplesmente fiquei com muito medo de perder a minha vida… Sempre ouço falar que assaltantes matam suas vítimas em casos assim parecidos com o meu. Majestade, eu pensei que minha vida seria em vão, pensei naquele momento que a vida é algo sem sentido algum, que a existência não tem um verdadeiro propósito, um sentido qualquer… Só trabalhei e trabalhei por toda a minha vida desde que me conheço como gente. E quando pensei nisso tudo, em questão de segundos me desesperei completamente… Acredite em mim, majestade! Eu imaginei o rostinho do meu filhinho tão queridinho lá nas nuvens, e ele abrindo os seus frágeis bracinhos prontos para um abraço e ele me dizia: “Vem me ver, Papai?… Não quero que você morra, Papai… Vem me ver, Papai! Eu lhe protejo!”
Nesse momento o motorista olha nos olhos do monarca e diz:
— Nesses segundos eu fiquei terrivelmente apavorado, com muito medo de morrer e ficar sem tudo que tenho! Sem tudo o que eu conquistei ao longo de toda a minha vida. Aquela arma que estava na mão daquele ladrãozinho iria me privar de continuar a minha vida! Minha história! Majestade, eu não queria ficar sem o meu carro que tinha um cheirinho de bebê… Eu não queria morrer naquele momento, sou tão jovem… Eu não achava isso justo! Não queria que tudo acabasse daquele jeito tão besta e tão injusto! Majestade, naquele instante imaginei ouvir a voz do meu filhinho… Acredito que isso possa ter estimulado os meus instintos de preservação da minha própria vida e eu só queria ficar longe daquele revólver! Então, sem que eu percebesse comecei a acelerar… Acelerar e acelerar e acelerar cada vez mais e mais! Eu não queria morre! Não queria perder a minha vida. Queria sim ver o meu filhinho… Eu queria viver! Viver e viver para sempre! Queria ficar cada vez mais longe daquela arma que, com absoluta certeza, iria me afastar do meu filho e de tudo que planejei para minha vida! Eu estava completamente apavorado! Aquela arma iria me privar de ver o meu filhinho querido e inocente e que me amava e que me queria com ele!
E o motorista encheu os pulmões de ar e disse:
— Majestade, planejei tantas coisas na minha vida! Eu não estava preparado para morrer, eu só me preparei para viver… Eu acelerava a cada vez mais o meu carro e ia ao encontro da imagem do meu filhinho lindo que minha mente, minha saudade, meu amor por ele e o meu medo projetou nas nuvens… Meu filhinho amado e lindo que faz aniversário de dois aninhos hoje… Aquela perigosa arma iria tirar a vida do papai de uma criancinha inocente… Não é justo que uma criancinha fique sem o seu papai! Majestade, naquele momento eu não me lembrava mais de estar dentro de um carro, na minha mente eu estava flutuando perto das nuvens, indo ao encontro do meu filho no ar, no alto, longe do revólver, longe da rua, majestade… Não me lembrava que havia ruas no mundo, que ruas têm curvas, e que há crianças inocentes brincando no final das curvas das ruas e no final de uma grande ladeira. Nunca eu iria conseguir imaginar tal coisa! Majestade, acredite! Eu não conseguia pensar em mais nada, em coisa alguma a não ser em salvar a minha própria vida e levar os meus abraços até o meu filho e a minha esposa… Abraçar fortemente os meus pais e os meus parentes e amigos… Queria abraçar o meu sonho lindo que havia lutado tanto para comprá-lo! Naquele momento, majestade, eu estava entregue ao medo, ao desespero e a um infinito de emoções intensas e tão contraditórias… Me sentia num abismo sem fim… O medo de morrer estava comigo… A vontade de viver e de ver o meu filho e viver o meu sonho há muito planejado e idealizado me conduzia… Majestade. . . Eu pensava apenas em ficar cada vez mais longe daquela arma e cada vez mais próximo do meu filho. . .
E o motorista toma mais fôlego, e ainda com lágrimas nos olhos diz:
— E quando acordei vi essas criancinhas, inocentes, sem vida, vi vossa majestade me olhando e todas essas pessoas com aquelas expressões de ódio nos seus rostos, e olhando para mim, e querendo me tirar a vida! Chamando-me de assassino e apontando seus enormes dedos indicadores em minha direção… Eu vi apontados para mim também muitos dedinhos de criancinhas, algumas delas são da mesma idade que tem o meu filhinho. Essas crianças estavam me xingando, imitando os gestos de seus pais… Até enxadinhas de brinquedos elas tinham em suas pequenas mãos… Tinham também armas de brinquedos e tudo que seus pais faziam ou falavam eles imitavam, até os olhares de ódio em minha direção… Acusando-me além disso de ser um assassino… E os seus súditos, majestade… Cada um deles. . . Ameaçando minha integridade física e ainda mais a minha moral…
Nesse instante o rei começa a andar de um lado para o outro sem parar, as câmeras de televisão o seguem em cada movimento seu e ao fim de um pequeno instante ele pergunta ao motorista que está com uma expressão típica de pessoas que estão profundamente arrependidas do que fizeram:
— Naquele momento exato, você estava tão apavorado de medo de perder o seu bem maior: a sua preciosa vida, e ainda: o seu filho, a sua esposa, os seus familiares e o seu carro, e foi isso que instintivamente te fez acelerar tanto essa máquina luxuosa, e que, por fim, tirando a vida de duas crianças inocentes?
E o motorista olha para o rei e em uma nova e grande choradeira, diz:
— Sim, majestade, eu, infelizmente, perdi toda e qualquer noção do que acontecia ao meu redor e principalmente à minha frente, eu nem sabia o que estava acontecendo e o que eu estava fazendo! Nem conseguia pensar nas consequências… Minha mente apagou. . . Eu estava sendo levado pelo medo e o desespero. . . Se ao menos eu conseguisse imaginar que poderia ter alguma criancinha inocente… adolescentes. . . Velhos. . . Deficientes. . . Mulheres. Homens. Pessoas! Com certeza !Eu, Majestade!Por favor. . . Acredite em mim. . . Eu lhe solicito! Eu jamais teria acelerado tanto o meu carro. . . Nunca eu mataria alguém em uma situação que eu pudesse evitar. . . Nunca! Nunca, majestade. . .
E nesse instante o povo começa a gritar em uma só voz.
— Morte ao assassino das crianças! Morte ao assassino das crianças! Morte ao assassino de crianças! Como ele iria se sentir se alguém matasse o filho dele?
E outros populares dizem:
— Matou as crianças, nem pensou nelas em momento algum! Agora chegou a vez dele morrer também!
E o soberano profundamente compreensivo, diz:
— Sim, ele conduziu sim uma máquina maldita, essa máquina maldita que ele conduzia atingiu sim, as crianças, é um fato… Mas não parece que ele as atingiu deliberadamente… Não creio ser culpa dele… Se o que ele fez foi errado, será que ele errou sozinho? Sem a influência de nada externo a ele? Como vou condenar alguém que cometeu um erro gravíssimo contra a vida de crianças por ter medo de perder o seu bem maior, a sua própria vida? Ter medo de morrer e querer estar com a sua família não pode ser um crime! Quem não foi omisso com a própria vida não pode ser considerado um criminoso… O instinto de proteção à vida e ao seu patrimônio foi ativado nesse caso… Não imagino que alguém em sã consciência possa condenar este homem, se ele estiver realmente falando a verdade. Pelo que eu entendi aqui, me parece que a culpa dele é nula, ou bem próxima disso, pouca culpa… Para mim esse motorista teve um surto…
Quando o rei diz isso, o povo muito compadecido com as crianças mortas e seus pais, parentes e amigos, mais uma vez fica incrédulo com a atitude do soberano, e eles se sentem muito traídos pelo monarca.
O rei não tem ideia de como proferir uma justa sentença que pudesse culpabilizar de maneira justa alguém por ter cometido esse tipo exato de crime nessas condições tão improváveis, mas, ele não sabe ainda se tudo que o acusado havia dito é realmente verdade, ele precisa de mais informações para fazer uma sentença justa, então houve um grande silêncio momentâneo e ele coloca a mão no ombro do acusado e diz:
— Meu bom homem, como podemos acreditar em tudo que você nos contou? Há um modo de evidenciar o que disse? Pode nos convencer da sua inocência? Se puder, pode começar, seremos seus ouvintes atentos… Mas cuidado para não cair em contradição! Fale somente a verdade, seja ela qual for e me terá como um amigo, estarei com você e eu serei o seu advogado… Mas, se você mentir ou tentar me enganar acabará por inflamar esse povo e se você tentar me enganar eu e você seremos inimigos e se eu fosse você eu não iria querer ser inimigo de um rei que você tentou enganá-lo, portanto, não minta para mim. Aconselho a dizer a verdade, somente a verdade… Nada a além da pura verdade… Senão tudo o que disser poderá ser usado para te condenar! Poderá responder severamente pelo que você disser, mas também poderá se explicar e você só vai pagar por exatamente tudo o que fez e nada além disso e nada à menos igualmente, vamos fazer a justiça plena, ainda você pode ser considerado totalmente inocente… Só depende de você. Não precisa dissimular nem contar a história de outro jeito achando que eu não vou entender, conta como se você estivesse falando para você mesmo diante de um espelho. Nunca minta para mim, senão eu faço uma lei e coloco o seu nome nela e essa lei vai castigar severamente quem mentir para mim sem razão alguma… Vou fazer uma lei que quando o acusado já falar a verdade logo de inicio vou diminuir a pena em um sexto e vou aumentar a pena para o dobro para quem mentir e eu descobrir a farsa.
E quando o motorista ouve isso já aparenta estar um pouqinho mais calmo, e o rei parece acreditar na inocência dele, mas quer ter a certeza absoluta disso e o acusado diz:
— Majestade, sim, eu confio no senhor, entendo o que o senhor diz, acredito em suas boas intenções, e acredito ser muito justo o que o senhor está me propondo… Olha, eu vim com a minha cunhada, a irmã caçula de minha esposa, ela mora lá em cima…
Quando o motorista diz isso, aponta para o alto da ladeira com o dedo indicador e nisso se ouve um grito no alto da ladeira interrompendo a sua resposta.
— Cunhado! Meu Cunhado! O que está acontecendo aqui? Eu demorei só um pouquinho apenas… Resolvi tomar um banho rapidinho e trocar de roupas, mas até escolher qual… Você, sabe como é, sou uma mulher muito vaidosa e indecisa! Demorou um pouco mesmo eu sei. . . Mas me diga logo, o que aconteceu aqui?
Perguntou, aflita, a cunhada do acusado:
E todos que puderam ver ela percebem que a mulher trazia em suas mãos um pacote muito grande embrulhado num papel de presente, e o rei percebe que essa parte da história do motorista pode realmente ser verdadeira e o soberano quer confirmar a veracidade da historia dele e pergunta a sua cunhada:
— Você realmente estava com esse homem há pouco e ele te deixou em sua casa e estava te esperando?
— Sim, vossa majestade, é o aniversário do filho dele, o meu sobrinho lindo, ele faz dois aninhos hoje… Há uma festinha simples com em torno de vinte pessoas, todas da família, tem um bolinho, refrigerantes e guloseimas e todos estão nos esperando nesse momento sim senhor, alteza… Iriamos comemorar. . .
E o rei lhe faz um resumo do que aconteceu e do que motorista lhe falou. E ao fim de um instante pediu para a cunhada do motorista que lhe confirme ou não a sua explicação e ela confirma dizendo:
— Sim, majestade, tudo que ele falou é a mais pura e cristalina verdade… Ele queria mesmo esse carro maldito. Olha para o meu cunhado, majestade, ele é todo pálido, acredito que ele nunca tenha pego um único raio de Sol, nem mesmo na sua face, majestade, eu lhe pergunto se esse infeliz não parece com um morto-vivo? Ele só trabalha e trabalha, minha irmã inclusive por muitas vezes até ameaçou e tentou se separar dele por conta dessa obsessão maldita pelo carro que cheira a um bebê. Minha irmã quando falava em separação por viver como uma mendiga por causa disso e o meu cunhado entrava em desespero e ela ficava sem saber o que fazer e não se separava dele: ela queria evitar uma tragédia na família, afinal ele é o pai do filho dela… E quando nosso reino tinha inflação alta ou quando tinha a desvalorização da nossa moeda esse carro ficava mais longe dele e ele ficava cada vez mais sobre pressão, da minha irmã, dos pais dele, dos amigos, era muita coisa para uma só pessoa dar conta, todas as pessoas que o conhecia queria ver logo esse carro, e é por isso que esse infeliz tem essa cor de zumbi. O meu cunhado além de tudo isso tinha síndrome do pânico quando ele era uma criança… Veja o rosto dele, é cheio de cicatrizes porque ele, quando era apenas um menininho, tinha medo do “bicho-papão”… E quando sonhava que esse bicho iria pegá-lo, saía correndo feito um tonto no escuro de seu quarto batendo a cabeça e o rosto em tudo que estava à sua frente, por isso fez vários ferimentos horríveis na sua face toda… Olha o rosto dele, majestade… Mas quando ele fez onze anos parou de acreditar nisso, pois, ter medo do bicho-papão pegar e matar é coisa de criancinha, depois disso ele nunca mais sonhou com esse bicho… Nunca mais teve um medo extremo de perder a sua vida… Acredito que foi só mesmo hoje que ele teve novamente outro imenso medo de morrer… Talvez isso explique a sua disparada com esse carro maldito, atropelando e matando esses inocentes…
Quando a cunhada do acusado diz isso tudo o soberano levou a sua mão da própria boca e espantado diz:
— Eu imaginei que o motorista fosse albino. . .
E a cunhada do acusado diz:
— Pobres crianças e infeliz do meu cunhado! Ele não nasceu albino não! Pobre e desgraçada da minha irmã, eu que apresentei ele para ela, me sinto culpada… Ele teve um grande surto, majestade?
A cunhada do motorista diz isso e derrama uma lágrima pelas crianças mortas e pelo seu cunhado e quando tudo isso foi dito do motorista se aproxima um homem que segurava uma sacola de compras e com muita indignação diz ao rei:
— Desculpe-me, majestade, mas tenho uma forte convicção que da distância de onde o carro estava até aqui dava muito bem para esse homem se lembrar que estava em um carro, e que carros não voam. . . Dava sim para ele se lembrar muito bem que havia lugares por onde passam os veículos, pois, todos os lugares tem muitas vias de trânsito… E que carros estão sempre rodando em ruas… E que poderia ter alguém no caminho dele e, é claro, parar o seu automóvel e evitar as mortes dessas crianças inocentes! Até qualquer uma criança que não sabe de nada sabe disso que as coisas são assim! Ele é culpado, muito culpado! Ele é o único culpado dessas mortes desses inocentes! Se esse assassino tivesse se espelhado em mim que faço tudo certo isso não teria acontecido…
E nisso o povo levanta suas armas: paus, pedras e ferramentas para tentarem linchar o motorista e vão dizendo aos gritos:
— É, esse homem está certo! Totalmente certo!
E o soberano pergunta ao homem que segura a sacola de compras:
— Meu bom homem, você é profissional da área da mente humana? É psicólogo, psiquiatra, filósofo ou o quê? Qual é sua tese sobre o caso? Qual é o seu campo de atuação?
E o homem da sacola de compras o responde morrendo de vergonha:
— Não, majestade, eu sou um simples pedreiro, não tenho nenhuma "leitura". Não sei ler nem escrever, mas tenho forte convicção que esse homem está mentindo e deve ser punido! Ele deve ser condenado a morte e isso já, com certeza! Olha para essas criancinhas inocentes mortas e caia na real, majestade! Tem coisa que nem é preciso ficar meditando muito é só olhar e ver e punir imediatamente sem muita conversa fiada! Para que ficar enfeitando tanto o pavão? Ele está errado e pronto!
E com o semblante apresentando muito incômodo o rei olha primeiro para o pedreiro depois para o povo e diz:
— Esse homem aqui não sabe o que diz, e não tem nenhuma competência para opinar objetivamente… Acha que devemos matar uma pessoa só porque acredita ter, não se sabe baseado em quê, uma culpa sem fundamento algum. É um tolo que com uma boa intenção queria ajudar… Coitado dele, este não passa de um pobre vulgar e infeliz palpiteiro que julga apenas pela aparência dos acontecimentos e não tem sabedoria alguma… Por acaso, aqui tem alguém que realmente acredita que uma pessoa é capaz de pegar um carro super caro e, pelo simples gosto de matar, sair por aí a fim de tirar a vida de criancinhas que estão inocentemente brincando desprotegidamente? Eu não entendo o porque as pessoas que não tem qualificações para o opinar insistem em fazer isso!
E quando o rei disse isso uma mulher de laços no cabelo se aproxima e diz com uma voz muito doce e suave:
— Mas, majestade, o senhor não acha que esse motorista deveria, ao invés de ficar trabalhando tanto, por longos trinta anos, para conseguir esse carro muito caro e sim que ele deveria era comprar um carro usado? E porque não um carro popular igual o meu? Agindo assim ele viveria ao lado de sua família, veria seu filho crescer, assim como eu vejo o meu… E tenho certeza absoluta que essa atitude muito esquisita dele causou as mortes desses inocentes. Por isso que eu acredito convictamente que ele foi muito mesquinho, egoísta e tolo. Se o senhor quer saber a minha opinião, desculpe-me, pela minha intromissão… Mas eu acredito verdadeiramente que ninguém precisa de tanto luxo para ser feliz! O senhor sabe que esse maldito carro dele custa a equivalente à cinquenta carros iguais ao meu? Se esse motorista egoísta fosse mais humilde, isso, com certeza, não teria acontecido isso à essas criancinhas! Afirmo com todas as letras que ele merece um castigo muito severo sim, serviria muito bem, como um bom exemplo, para todas as pessoas. Temos que ser humildes, não precisamos de tantos luxos assim para sermos felizes… A falta de humildade dele condenou essas crianças… A ganância dele matou essas criancinhas… Se ele não tivesse toda essas esquisitices no modo de pensar e de agir esses inocentes estariam vivos agora e isso é um fato e o resto é tudo apenas só balelas! Ele é o único culpado, majestade! Se, pelo menos, esse infeliz fosse igual a mim que nunca faço nada de errado e tenho muitos cuidados com todas as coisas, que nunca matei ninguém, essas crianças estariam vivas… Logo, ele deveria morrer, alteza, sangue derramado por sangue derramado. . . Lágrimas choradas por lágrimas choradas: é assim mesmo que eu penso, majestade. . .
Ao ouvir isso o rei retruca com a mulher de laços no cabelo:
— Minha bela e doce senhora, queria lhe dizer que concordo sim com tudo o que você me disse a respeito de que ele poderia sim comprar um carro bem mais barato e ter cultivado apenas os bons princípios e tudo mais. Agora, castigá-lo por ele ser mesquinho, e egoísta e querer luxo para si e cultivar seus sonhos e desejos, isso eu não posso fazer… Isso não me parece um crime… Eu só poderia aconselhá-lo muito bem. . . Nunca esse motorista recebeu do seu pai, ou da sua mãe e de ninguém de seus parentes e amigos conselhos ou incentivos para mudar de conduta, pelo contrário, ele só recebeu maus e maus incentivos. . . Esse desafortunado nunca conheceu alguém que tivesse uma grande relevância e importância na sua vida para orientá-lo corretamente para que ele não juntasse riquezas inúteis para sua vida e ensinou esse infeliz a viver a vida de maneira simples e sempre procurando o amor, a amizade, o respeito e a paz no coração e na consciência. . . Nunca ele teve essa pessoa, nunca teve essa influência. . . Nunca teve essa oportunidade. Ele não conhecia outra perspectiva de vida. . .
E a mulher de laços no cabelo se revolta com o rei e diz:
— Mas, Vossa alteza…
— Mulher… Querer uma coisa cara e trabalhar a vida toda para obtê-la não é um crime, e não é com certeza uma atitude passível de morte… Acredito que ele não deveria ser assim. Mas ele não fez nada contra o que será a lei no futuro… Eu pessoalmente não gostei do que esse homem fez com a família dele: ele praticamente a abandonou… Deveria ficar muito mais presente com a família que ele formou, mas na cabeça dele, nas suas convicções, ele tinha um plano para reparar tudo de ruim que a ausência e a falta de boa atitude dele propiciou. Apesar de não concordar com essa atitude que ele tomou, não posso puni-lo por isso… Acredito que o acusado não tem culpa de não ser sábio o bastante por não ter percebido isso até agora… Não consigo ver o crime de não ser sábio, se isso fosse considerado um crime teríamos que construir uma prisão que coubesse quase todos os habitantes desse reino ou quem sabe se não seria necessário uma que coubesse o mundo todo! Eu acredito que as pessoas envolta dele deveriam ter dado dicas e conselhos a ele, alguém próximo dele deveria avisá-lo que ele estava passando dos limites aceitáveis em sua conduta, poderiam dizer a ele que não eram muito saudáveis as atitude dele, mas ele estava obcecado por esse carro e por isso, sozinho, nem percebeu isso. . .
E tendo o rei dito isso aparece uma mulher que se diz amiga da mãe das crianças mortas e aos prantos diz:
— Majestade… Majestade… Por favor, se coloque no lugar da mãe desses inocentes! Coloque-se no lugar do pai delas e faça o que é verdadeiramente justo! Tente entender a dor deles! Veja como eles estão sofrendo tanto! Sinta a dor deles na sua própria pele e faça a justiça corretamente, essa que vem da vontade do povo, não essa sua justiça amiguinha de assassinos e de bandidos! Pare de defender os bandidos e cuide dos interesses de pessoas de bem! Sinta a dor dos pais desses inocentes. . .
E quando escuta o pedido da amiga da mãe das crianças o rei prontamente lhe responde:
— Mulher, para que verdadeiramente sejamos pessoas justas e sábias não podemos nos pôr no lugar de ninguém: nem da mãe das vítimas, nem no lugar dos parentes e dos amigos do acusado… Pois, seria impossível se assim fosse feito agirmos imparcialmente e fazermos a justiça plena… Temos que analisar fria e imparcialmente os fatos e encontrar onde está o tal erro, e então, a partir daí, fazer com que não aconteça nunca mais os mesmos erros repetidamente… Vamos consertar as falhas, os enganos e as negligências… Temos que apenas nos colocarmos no lugar do acusado para entender o que aconteceu, depois ver se é verdade tudo o que foi dito para entender tudo o que cerca esse caso e agir com justiça. . . Com toda a isenção necessária que a busca da plena justiça requer. . . Nunca deveremos agir parcialmente. . . E muito menos sobre fortes emoções e nem nos orientarmos por preconceitos ou tolices particulares. . .
Nesse momento, então, se aproxima do rei, um homem de meia-idade, perfumado, muito bonito, sorridente, bem vestido, bem barbeado e é bem articulado, ele olha para as câmeras de televisão e faz uma "cara de cientista", e esse sujeito disse e fez algo que, infelizmente, eu sinto muito mesmo, mas a maneira, o jeito e a performance como esse homem defendeu o seu ponto de vista e seus argumentos é bem mais complexa do que o que foi efetivamente dito por ele, foi tão fascinante ou "fascistante" o modo que ele fez, não consigo reproduzir com palavras o que aconteceu na explicação da tese dele: foi tão eloquente, sem falhas, usando as palavras perfeitamente, usou técnicas de teatro, chorou, olhava para as pessoas de maneira convicta, usava as pausas, teve momentos que ele usou o bom humor para enfatizar ou neutralizar pontos que lhe interessava e usou igualmente o drama pelo mesmo motivo.
Portanto, amigo leitor, vou tentar dar ao menos uma pequena noção possível do que realmente esse homem disse:
— Alteza, alteza, eu acredito que encontrei a solução perfeita para aplicarmos a esse caso, e, se todos concordarem comigo, com certeza, resolveremos tudo isso da melhor maneira possível. É só nós todos em um correto acordo em comum pintarmos completamente esse motorista assassino e sanguinário na cor azul e as pessoas podem votar no melhor tom de cor possível, e fazermos algo semelhante a uma incrível tatuagem, para ficar para sempre nele com um castigo pelo seu crime horrível contra essas criancinhas puras e inocentes além de indefesas… Fazer a tal tatoo no corpo inteiro em um tom bem marcante e feio e soltar esse infeliz por e aí então obrigá-o a só poder entrar em casa apenas a noite, bem tarde e, obrigar ele a viver uma vida normalmente, pense bem, majestade na minha sabedoria, o povo concorda comigo plenamente, e eu concordo com o povo sábio também. . . Se esse maldito estiver pintado assim, quando o infeliz estiver entrando em um carro, as pessoas todas as vezes vão gritar - - Você ai, azul, cuidado para não matar mais crianças inocentes, assassino covarde, dirija direito! — E isso vai lhe envergonhar profundamente de tal forma que ele vai se arrepender do que ele fez as crianças. E isso irá torturar a sua consciência para sempre… E todas as pessoas que quiserem poderão cuspir na sua cara quando quiserem e ainda poderão darem pontapés nele quando bem quisessem e o matador de crianças não poderá revidar nunca… E ainda, quando ele estiver dirigindo: todos os outros motoristas que olharem para esse assassino, vão prestar mais atenção e vão se concentrar mais e vão se conscientizarem mais e assim sem dúvidas teremos menos acidentes, e mais vidas de inocentes serão poupadas, graças a minha ideia que eu tive pensando no povo de bem. Olha, majestade, e quando ele estiver em um mercado ou um parque, por exemplo, as pessoas chamarão a atenção dele lhe apontando o dedo, fazendo comentários na sua frente, na frente da família dele e do seu filho, e o infeliz irá se envergonhar muito do que ele fez, e as crianças vão cutucar seus pais na frente dele e lhe vão perguntar "papai, por que esse homem é azul?" E o pai da criança lhe explicará tudo para ela na frente desse criminoso, e ela vai dizer, "papai, papai, então o senhor não corre com o carro não, senão o rei vai pintar o senhor também se você matar crianças, eu não quero ter um pai azul, não, é muito feia essa cor", e assim o motorista será punido pela humilhação e pela dor na consciência pelo resto da vida dele. E será excelente essa atitude porque todos que o virem pensarão: "Não vou correr de carro, não quero ser pintado de azul, vou prestar atenção". E tem mais um detalhe importante e interessante ainda, majestade, ele será obrigado a responder a todas as pessoas que lhe perguntarem o por que ele é azul, e, com isso, majestade, as criancinhas inocentes do mundo todo estarão salvas de pessoas sem amor por crianças igual é o caso desse criminoso assassino aqui! Pense bem, majestade, ainda não vamos ter que gastar nenhum único centavo sequer para bancar ele na prisão que dá muito custo aos pagadores de impostos… Pense, majestade, no impacto social e educativo disso tudo, toda a família, todos os amigos e os conhecidos dele vão sempre se lembrarem de todo o caso ocorrido… Entende, majestade, todas as pessoas ficarão com tanto medo de passar por isso que o motorista passará que ninguém mais vai matar criança alguma atropelada! E todos esses benefícios vamos ter será sem gastar nenhuma única moedinha sequer das pessoas de bem que são as pagadoras de impostos… Então teremos um impacto financeiro muito bom também. . .
E o poderoso soberano, ao acabar de escutar esse homem, com muita atenção e cuidado, prestou atenção em cada uma das palavra que esse ser maquiavélico disse, o grande monarca explicou ao povo que ele percebeu que foi usada uma aparência cômica combinada com drama para prender atenção das pessoas, mas, ele, o rei, percebeu que, o que foi dito por esse homem é apenas uma armadilha psicológica profundamente perversa a fim de manipular as pessoas tolas. O rei diz que percebeu ainda o quanto é equivocado esse conceito, há uma falta de lógica, ética, humanismo, sabedoria e justiça nesse discurso maligno. O homem fez parecer que é certo aplicar o que ele disse.
E o maligno conseguiu encantar a muitos e fez com que quase todas as pessoas que o escutaram concordassem com ele. Ele fez o errado parecer ser o certo. Ainda teve algumas pessoas que acreditaram que o homem é apenas um inocente poeta ou um artista espirituoso, não viram a maldade em tudo que saiu da boca dele e de cada um dos seus gestos.
Porém, o rei ordenou a esse ser maligno se encontrar com ele amanhã a tarde no jardim do palácio real, já que, acredita que esse homem precisa fazer um profundo tratamento psicológico e psiquiátrico, e ainda afirma formalmente que o motorista é inocente e não vai puni-lo de nenhuma maneira. Ainda disse que mesmo se uma outra pessoa cometesse um crime muito sério, alguém sendo muito negligente, ou se estivesse alcoolizado, ou por algum tipo de tolice qualquer e pegasse um carro e perdesse o controle da direção desse carro e matasse crianças nessas mesmas condições, mesmo assim ele, o rei, jamais lhe penitenciaria, dessa maneira, como esse homem perverso o sugeriu. Pois, se uma pessoa passasse por isso tudo que esse homem citou, a pessoa enlouqueceria ou se transformaria em um sociopata ou em um psicopata ou em algo parecido e poderia fazer muito mais mal a sociedade e aconteceria uma grande tragédia. Ninguém aguentaria ser tão punido assim, dessa maneira. Nunca uma única pessoa poderia ser colocada no centro das atenções com objetivo de dar exemplos de tudo que é ruim em uma sociedade, jamais se deve pôr sobre seus ombros toda essa maldade. Isso não é certo para nenhum ser humano. Nenhum homem, mesmo se ele fosse um super criminoso deveria ser colocado como um exemplo de castigo desse modo e nem ao menos parecido com isso. Essa atitude é tão desumana, e o resultado disso não seria nada bom. Se eu fosse obrigado a sentenciar alguém a passar por isso, com certeza, seria melhor que eu o condenasse a uma morte rápida, bem tranquila, realmente serena e em paz, e essa morte aconteceria quando ele estivesse dormindo, ou melhor, sedado, sem dor alguma. Eu digo mais ainda, se por algum motivo, eu fosse obrigado a ter que aplicar aquela pena desumana, eu me mataria para não ter que aplicá-la, porque, jamais, iria conseguir conviver com toda essa culpa por esse jesto tão macabro e perverso, e morrer seria o melhor para a minha consciência, minha consciência iria me punir para sempre ou, até que eu enlouquecesse totalmente.
E esse homem depois de tudo isso ainda disse ao monarca:
— Mas ele parece muito que está errado nas atitudes dele, parece tanto que eu acredito ser mais prudente tatuá-lo já, pois, onde tem fortes indícios é porque a pessoa está errada mesmo, senão por que pareceria tanto que a pessoa está errada? Se está parecendo tanto assim é por que está mesmo! Onde há fumaça há fogo também. . . Com certeza!
E o monarca lhe responde:
— Parecer que está errado não é crime, ninguém pode ser condenado por parecer está errado, por ser suspeito ou por alguém ter forte impressão que a pessoa cometeu um crime ou ainda, por as pessoas não gostarem do acusado. . . É preciso ter provas consistentes e não haver nenhuma única sombra de dúvida para condenar alguém. . . Entendam, meus súditos, que todas as pessoas tem o direito a vida, a liberdade e a busca plena da sua felicidade, todos temos o direito a ter ideias e ao livre pensamento, todos nós erramos, pois, somos seres humanos que precisamos evoluir, temos que nos corrigirmos diariamente, temos que nos ajudarmos uns aos outros a melhorarmos mutuamente, deveríamos cada um de nós aceitarmos os bons conselhos uns dos outros, deveríamos entender que não sabemos de tudo, deveríamos suspeitar, sempre, da nossa justiça pessoal e não dar tanta importância ao que acreditamos ser o certo só porque as ideias partiram de nós mesmos, deveríamos ter amor uns pelos outros, deveríamos nos tratarmos como irmãos. . . Eu acredito que todos o somos verdadeiramente. . . Se nós começássemos a agir com amor, sabedoria e justiça, nunca precisaríamos prender nem ao menos um dos nossos, um próximo, um irmão desnecessariamente, muito menos matar o nosso semelhante por vingança ou por não concordar com suas atitudes e ideias simplesmente por não concordarmos com elas, só é preciso desculpá-lo, ajudá-lo a entender onde ele errou e ajudá-lo a se arrepender, corrigi-lo, reeducá-lo, orientá-lo e ajudá-lo a seguir o melhor caminho que seja melhor para todos. . . Eu tenho certeza que nós temos culpa em algum grau do erro de cada indivíduo que está nesse mundo. . . Devemos ter muito mais empatia com as pessoas que erram, já que, todos nós poderiamos está no lugar da pessoa que falhou. . . Somos todos tão suscetíveis a fraqueza dos nossos impulsos e a falta de entendimento sempre nos faz cometer a muitos erros. . .
E o homem revoltado lhe pergunta:
— Mas se ninguém encontrar as provas necessárias e não conseguir provar o crime que é tão evidente? Eu acredito fortemente que quando algo parece tanto ser um crime é porque só pode ser um crime efetivamente. . . Devemos acreditar em nossas fortes convicções e intuições quando não encontramos as provas!
E o sábio monarca lhe responde novamente:
— E se não houver as provas encontradas o bastante necessario para se deter o suspeito teremos então que soltar o cidadão imediatamente. . . É bem melhor dar um benefício a alguém pela dúvida e soltar um possível criminoso por não encontrar as provas necessarias do que correr o risco de prejudicar um cidadão e prender um inocente. . . Um Verdadeiro Estado Democrático e de Direitos é um sistema muito forte e extremamente capaz, então O SISTEMA tem como encontrar as provas se elas realmente existirem, se não encontrou as provas e as evidências é porque essas provas e esse suposto crime não existe realmente, o tal crime investigado nem existe, ou, talvez o criminoso seja muito esperto, se for esse o caso, o Estado tem poder para seguir a pessoa, espioná-la bem de perto e fazer muitos procedimentos para se fazer a justiça em paz e dentro da lei de um Estado Democrático e de Direito, e esse Estado pode inclusive, quando entende como o criminoso burlou a lei: pode melhorar essa lei com leis bem melhores para ajudar nas investigações e assim resolver a questão de ter todas as provas licitamente e, ainda, se antecipando os cidadãos foras da lei: espertinhos, e impedir, assim, os futuros crimes e se pode, ainda, também com tudo isso, bem aplicado, desincentivar que outros possíveis foras da lei tentem trapacear o sistema de leis e condutas preestabelecidas. . . E para ajudar os cidadãos a ficar dentro das leis faz-se-ão bons castigos. . . E toda vez que um criminoso conseguir trapacear as regras é só ir mudando as leis para melhor e sempre conseguir, dentro das leis pré estabelecidas, investigar e encontrar as provas dentro do mais completo rito legal, condenar e castigar com a prisão e a reeducação para que o tal condenado volte a viver livre em uma Sociedade que igualmente pertence a ele e a todas as outras pessoas que devem viver em paz e em harmonia em um Estado Democrático e de Direito. . . Um aspecto bem importante em um Estado Democrático de Direito é que temos que descobrir as questões que fazem as pessoas quebrarem as regras da Sociedade e ajudar no que for preciso para que sejam felizes tendo tudo o que precisam e que possam serem cidadãos plenos. . . Exercendo a todos os seus direitos e deveres. . .
E quando foi dito tudo isso o pai das crianças mortas surgiu de repente e disse que ele iria matar o filho do motorista da mesma forma, para quitar a dívida dele. E nisso muitas pessoas levantaram suas ferramentas, paus, pedras e armas e apoiaram o que ele falou e disseram que iriam com ele procurar o menino na tal festa.
E o rei disse que ninguém iria fazer nada disso e explicou ao povo que o menino não tem nada ver com o que aconteceu com os filhos dele e mandou o homem se acalmar e não dizer tolices e ele se acalmou, e foi levado para um canto ali perto por seus amigos.
E nesse momento um homem barbudo e bem-vestido que saiu do meio da multidão, que aumenta, novamente a cada instante, sugere ao rei.
— Majestade, majestade, o senhor acha que ele não tem culpa e nós, o povo todo discordamos do senhor, portanto, respeitosamente, eu sugiro que façamos uma votação, vamos escolher assim: o que for democraticamente mais justo, já que, a voz do povo é a certeza da apuaração da perfeita razão, logo, o que a votação decidir nós vamos aplicar em seguida! Então, por isso vamos proceder assim: em uma cédula vai estar escrito " morte " e ao lado " inocente " e cada pessoa tem um voto, e o senhor terá " um " voto especial que vale por " mil " votos porque o senhor é muito mais importante do que nós, o povo comum.
E o rei suspira profundamente depois diz:
— Eu não acredito que seja uma boa ideia… Você, sinceramente, acredita mesmo que o povo leigo, e sem instrução consegue avaliar bem o caso e ser justo e fazer a plena justiças em relação os fatos que se apresentam?
Insistiu o monarca ao homem barbudo.
— Sim, sim, majestade, tenho certeza, como têm muitas pessoas, fica bem fácil encontrar o que é democraticamente justo! Como o senhor acha possível todo o povo está errado e só o senhor é único que está certo? O senhor não é nem um pouco democrático… E muito menos é uma pessoa modesta. . .
Disse o barbudo com expressão de vitória no seu olhar arrogante.
— Não, não! — Disse o rei. — O povo não pode julgar exatamente por não ser capaz de julgar com justiça, se o povo recebesse essa incumbência, faria uma grandíssima injustiça! A justiça, não é algo que nasce simplesmente do fato da maioria, tola, escolher um ponto de vista baseado em paixões, em fortes convicções e muito menos, em apenas aparências. A justiça, a sabedoria nasce quando nós renunciamos a ignorância e a intolerância dentro de nós e colocamos em seu lugar o que é realmente o correto e o conhecimento verdadeiro bem como também o amor e a empatia. . . E eu já dei a sentença, e o motorista é completamente inocente! Vou conversar com ele em particular e aconselhar muito ele. Olha, eu não gosto de carros, e acredito que ele errou muito e trabalhar tanto e ficar longe da sua famíli, portanto, a pena dele vai ser simples, ele vai, obrigatoriamente, ter que ouvir a todos os meus conselhos. Vocês acreditam que receber conselhos meus é uma coisa fácil? As pessoas odeiam tanto a receber os meus conselhos, e depois, ainda, eu " pego muito no pé " dos que recebem os meus conselhos…
E ninguém disse nada e só o rei falou:
— Eu só queria ver se fosse um de vocês que tivessem, por infelicidade ou escolha ruim, por falta de noção ou por falta de entendimento, ter cometido um erro parecido com esse que o motorista cometeu, ou outra falha semelhante ou equivalente à falha dele… E se fosse um dos seus filhos? Se fosse os seus pais ou mães? Se fosse um parente ou amigo de vocês? Se fosse um vizinho ou um conhecido de vocês? Vocês estariam defendendo esses mesmos argumentos e acusações tão emotivas? Se fosse um de vocês não iriam querer que seus julgadores fossem justos com vocês igual eu estou sendo com esse motorista lhe dando o direito amplo à sua defesa? Não percebem que qualquer um de nós poderíamos está no lugar deste infeliz? Quem nunca cometeu um erro levanta a mão… Esse homem está profundamente arrependido, vocês não percebem isso? Eu entendo sinceramente que, por as vitimas serem criancinhas muito novinhas, isso os comovam intensamente… Entendo verdadeiramente que alguns de vocês conheciam as crianças ou tenham visto alguma vez… E isso os impedem de conseguir ver a coisa como ela é em sua realidade mais gritante…
E tendo o rei dito isso todas pessoas ali presentes simplesmente viram as costas para ele e cruzam os braços para trás em sinal de um desrespeitoso protesto.
E o grande monarca não se incomoda nenhum pouco com essa atitude do povo e diz:
— Espero sinceramente que nunca nenhum de vocês ou nenhum dos seus filhos ou uma pessoa que vocês amam, cometa um erro desses, e eles sejam julgados por pessoas injustas e vingativas e extremamente punitivas iguais a vocês.
E tendo o rei dito isso a mãe das crianças se aproxima e, desesperadamente, explica ao rei:
— Mas, majestade, meus filhos morreram e eu continuo sofrendo a dor da ausência deles! Quem vai pagar por isso? De quem é a culpa disso então, majestade? Quem é o responsavel por essas perdas? Deve haver um, não é mesmo? Eu só sei que meus filhos morreram e eles eram completamente inocentes, e isso é um fato incontestável, eles não tiveram como se defenderem em momento algum! Eu acredito, majestade, que a culpa é toda desse assassino que o senhor cisma em protejer ele!
Ela disse isso apontando o dedo para o nariz do acusado que está ao seu lado calado.
E ela tentando forçar o rei a punir o motorista então pensou em algo querendo jogar mais ainda o povo contra o rei então falou em tom de muito deboche por discordar profundamente de todos os pontos da sentença proferida pelo poderoso monarca:
— Porque se esse maldito frio e calculista, tivesse comprado um carro bem mais barato, isso não teria acontecido de jeito nenhum! Pois, o infeliz teria dinheiro para fazer o seguro do carro, portanto, o assassino dos meus filhos não teria corrido tanto, porque não iria ter o tal do medo de ficar sem o seu grande patrimônio. E se ele tivesse comprado um carro popular não precisaria trabalhar tanto e esse motorista estaria sempre bem perto do filho dele, e, ele, há pouco, não teria saido desesperadamente correndo para conhecer o seu filho que faz dois aninhos hoje. Talvez, se ele tivesse, um outro tipo de carro, não teria passado por aqui, iria por um outro caminho qualquer… Talvez se esse infeliz tivesse feito outras escolhas na vida dele, escolhas bem diferentes dessas que cuminaram no assassinatos daqueles inocentes, esse matador de crianças não passaria por aqui hoje, então, as escolhas dele foram o que realmente determinaram as mortes dos meus inocentes filhos. . . Sei lá! Porém, se vossa majestade decretou, injustamente, que ele não tem culpa alguma, se é assim que o senhor entende ser o correto e justo, quero que o senhor descubra o verdadeiro culpado, já que o senhor cismou em acreditar que esse assassino é completamente inocente e muito bonzinho e carinhoso com as crianças que só queriam brincar e serem livres… Por que o senhor, majestade, colocou isso na sua cabeça cheia completamente de brancos fios de cabelos? Eu recebo até que o senhor quer levar este monstro para o palácio para cuidar das crianças de lá.
E a tendo dito isso tudo a mãe das crianças atropeladas com muita raiva acusa outra pessoa:
— E essa cunhada do motorista assassino aí, ela tem muita culpa ingualmente a ele, pois, se essa infeliz não fosse tão vaidosa assim essa cúmplice e o assassino teriam ido embora logo e ninguém teria tentado assaltá-lo, já que, ele não estaria lá esperando essa vaidosa, a vaidade dela matou os meus filhos, essa mulher é tão linda e elegante, por que ela precisaria se enfeitar tanto se ela já é tão maravilhosa? Era uma semples festinha de família, por que ela quis ir nessa tal festinha arrumadinha igualmente uma miss universo quando participa do concurso? Ela tem muita culpa por eu não ter mais os meus filhos tão amados!
E a cunhuda do motorista confessa:
— Eu realmente tenho uma grande parte nessa culpa nas mortes das crianças sim, eu assumo isso, sou muito vaidosa de verdade com certeza, mas as pessoas sempre estão falando sobre a minha grande beleza e todos os dias estão me fazendo muitos elogios e querem me ver bem linda e arrumada sempre, e sou um evento a parte em todos os lugares em que eu vou, já que, eu nunca quis decepcionar as pessoas que sempre me elogiam. . . Majestade eu sou tão linda que se eu demorar três horas para me arrumar as pessoas me esperam sem reclamarem. . . Então eu nunca me preocupei com não demorar. . . Eu não gostaria de ser assim, perco muito tempo com futilitades, eu queria sempre e sempre estar tão mais linda que já sou para encontrar um marido que me desse valor e não me trocasse por outra mais linda do que eu, por isso eu queria ser a mulher mais bonita para quem me escolhesse. . . Se eu tivesse ido na festinha de chinelinho de dedo eu já seria a pessoa que mais chamaria a atenção de todos lápois, só haveria pouquíssimos convidados, e a festinha era o lugar e uma ocasião na qual o meu sobrinho que deveria receber toda a atenção e os elogios, não eu, se eu tivesse ido como deveria ter feito essas inocentes crianças estariam vivas. . .
E o poderoso monarca consola a cunhada do motorista com um abraço e lhe explica:
— Você não deve se culpar tanto assim, todos nós temos partes nessa questão toda, basta que investiguemos a cada uma das atitudes de cada pessoa e assim descobriremos tudo o que acontenceu em cada um dos seus muitos por menores. . . Mas quero falar um dia em particular com você, vou lhe dar alguns muitos bons conselhos. . . Sobre a sua vaidade e como e o porque você a age dessa maneira. . . Mas o fato específico de hoje de agora você não tem culpa de nenhuma maneira, foi apenas uma simples coincidência qualquer o seu envolvimento nesse desastre, se você entrasse e saisse rapidamente da sua casa para pegar o presentinho do menino e o assaltante por alguma razão tivesse se adiantado teria tentado assaltar o seu cunhado do mesmo modo "em três minutos" depois q você saiu do carro dele? E se você tivesse achado melhor ter levado o presentinho ao seu emprego e ter ido de lá mesmo? A sua vaidade não foi o ato determinante na morte dessas crianças, foi sim, apenas, uma grande coincidência de hórarios. . . Um monte de coisas acontecem ou deixam de acontecerem por infinitas coincidências, em apenas alguns segundos que uma pessoa para a sua caminhada para amarrar o cardaço do sapato já altera sutilmente o seu trajeto e apenas isso é o bastante para estar ou não na tragetoria de um projetil perdido de uma arma. E até mesmo quando a pessoa se abaixar para amarrar e o tal projetil pode passar por sobre a pessoa. . . Um tropeção pode em alguns casos ajudar alguém a encontrar o amor da sua vida. . . Um simples tropeção pode em alguns casos atrapalhar alguém a não encontrar o amor da sua vida. . .
E a mãe das crianças atropeladas cada vez mais irritada e inconforma interrompe o soberando:
— Porém, então, por favor, onde é que está o verdadeiro culpado? O senhor pode descubrir quem é o culpado da minha dor e punir ele severamente? Eu imagino que deve haver um culpado, não é mesmo? Ou o senhor não entende assim? Ou o senhor entende que meus filhos são os legítimos culpados pelas suas próprias mortes?
E depois de dizer isso tudo, a mãe das crianças chama para perto do rei o pai das crianças e pergunta a ele:
— Por um acaso os nossos filhos saíram ansiosos de casa hoje pela manhã para brincarem e as suas lindas boquinhas estavam falando que eles queriam muito ser atropelados e mortos injustamente por um motorista egoísta? Falaram que os sonhos deles eram de morrerem dessa forma tão estupida sendo vítimas de um homem que odeia as crianças? Você acha que nossos filhos são os culpados pelas suas próprias mortes? Foi para que eles fossem mortos ainda quando crianças que nós resolvemos formar uma linda família feliz?
E o pai das crianças responde que "não" para cada pergunta da sua esposa.
— Portanto, com certeza, é o motorista que carrega a culpa dessas mortes inocentes!
Ela diz isso e acredita que com essas palavras colocam o rei contra a parede e ele punirá o motorista e ela terá a “justiça feita” e sai de perto do rei acreditando ter a verdadeira justiça.
Nisso todos os olhares vão para o monarca, e, ao fim de um longo minuto, ele começa a andar de um lado para o outro, por alguns instantes novamente. Todos olham para o soberano e outra vez esperam para ouvir o que ele vai dizer, e logo monarca pergunta à mulher que acaba de perder os seus filhos:
— Você tem toda a razão, seus filhos são completamente inocentes mesmo e não tiveram como se defenderem, e temos realmente que encontrar os verdadeiros culpados e dar os bons exemplos e além disso punir as más condutas desses matadores de crianças e com isso ajudar a proteger a todas as crianças do nosso reino e do mundo inteiro. Porém, primeiro me diga uma coisa extremamente importante para que resolvamos esse caso, mulher… Onde você estava na hora do acidente? Diga-me o que a senhora estava fazendo enquanto seus amados filhinhos inocentes foram atropelados e mortos por esse carro descontrolado? O que a senhora estava fazendo naquele último e exato momento da vida de seus filhos amados e extremamente inocentes e desprotegidos?
E a mãe das crianças, fica branca como a neve, com medo, ao receber do rei essa pergunta inesperada e ela se assusta e balbuciando lhe responde:
— Majestade, eu estava em casa, logicamente, preparando com muito amor e carinho os alimentos para o jantar dos meus menininhos, ao mesmo tempo, ainda, eu estava estudando um livro de exercícios de língua estrangeira… Faço esse estudo visando me qualificar, pois, quero arrumar um bom emprego, pretendia educar bem os meus filhos. Agora não adianta mais nada, eles estão mortos… E a culpa é toda desse monstro que o senhor insiste em proteger! A culpa é dele, só dele… Todinha dele!
Ela diz isso apontando o dedo para o nariz do motorista que está sendo consolado por sua cunhada, diz isso e começa a se lamentar muito e a multidão pergunta ao monarca se ele não está vendo as lágrimas que ele causou na mãe das crianças com toda essa insinuação injusta, e o povo sugere que o rei pare imediatamente de punir a mãe das vítimas com perguntas tolas, e diz ainda:
— Encontre logo o culpado e puna ele logo já que o soberano não acha que a culpa recai sobre o motorista.
E o rei dá ordens para o guarda que está ao seu lado:
— Sabe onde essa mulher mora?
E o guarda diz que sim.
— Então vá ver se tem alimento sendo preparado no fogão dela e veja se além disso você encontra algum livro de exercícios de língua estrangeira, e olha ainda como é a casa dela, no geral, faça isso rapidamente e volte logo.
E a multidão fica incrédula com a atitude do soberano.
Quando o guarda volta se desculpa por demorar tanto e, ele e comunica ao rei logo em seguida que não havia comida alguma no fogão da casa daquela mulher e que só havia comidas industrializadas bem pouco saudáveis no armário e ele diz ainda não encontrou nenhum livro de língua estrangeira, não encontrou um único livro de coisa alguma, não encontrou nenhum caderno sequer e disse ainda: "Majestade, não sei se isso é importante, mas a casa dessa mulher é muito suja, cheira bastante mal, e é uma bagunça sem fim, e não tem brinquedo algum, naquela casa".
O sábio monarca desconfiava que a mãe das crianças não as tratava bem desde o início. Ele percebeu a gravidade da situação ao ver as condições em que estavam: na rua e em um horário inadequado para suas idades. Indignado, o rei perguntou à multidão, que estava incrédula com sua passividade diante do que consideravam um motorista cruel e sanguinário.
— Alguém aqui presente sabe onde essa mulher estava na hora do acidente?
E ninguém, nenhuma pessoa se manifesta para respondê-lo e o rei diz em um tom bem ameaçador:
— Eu digo que se alguém souber onde essa mulher estava e não me contar, darei, portanto, um castigo muito severo… Vou fazer isso em praça pública… Vocês vão saber quem é a grande pessoa omissa! Eu não descarto de nenhuma maneira a hipótese de amarrar em um poste em uma praça, e deixar a pessoa nua e dar dez chibatadas nos lombos da pessoa que não ajudar o rei na investigação.
O rei nunca pretendia realmente fazer isso, só se precisasse mesmo, em último caso, ele disse isso só para assustar a pessoa que sabia onde a mãe das crianças estava na hora do acidente, ele quis conseguir influenciar a pessoa a cooperar na questão da sua investigação.
Mas, tendo dito isso, em apenas um minuto, uma mulher que tremendo de medo, se apresenta ao rei, e conta:
— Majestade, majestade, majestade, não precisa me castigar não, eu falo, eu falo sem precisar de castigo algum, por favor, sou a comadre dela… Posso lhe garantir que ela estava no meu portão, como faz sempre, quase todos os dias o dia todo… Ela estava me contando que a vizinha dela chegou ontem de madrugada em casa e veio em um táxi, disse que a vizinha entrou na casa dela em um pé e saiu no outro, entrou e saiu rapidinho, a comadre acredita, com certeza, que a vizinha está traindo o seu próprio maridoporque ele trabalha à noite.
O soberano pergunta onde é que está a tal vizinha, passa-se um período curto, quando ela é encontrada o rei a interroga:
— Você realmente chegou de madrugada ontem? Pode nos dizer o que estava fazendo?
E a vizinha da mãe das crianças, em prantos, toda vestida em roupas de luto, começou responder falando com a voz embargada fazendo muitíssimas pausas para parar de chorar e conseguir contar tudo o que o soberano quer saber:
— Majestade… Sabe… Minha mãe morava no interior e ela veio ver a mim e a minha irmã que mora em outra parte do nosso reino, alteza… Quando ela chegou fomos de imediato para ver essa minha irmã afim de conversarmos todas juntas e minha irmã que é mais velha do que eu estava assando um bolo que mamãe simplesmente adorava… Só que, quando estávamos conversando, depois de muito tempo, mamãe começou a passar mal e ela desmaiou de repente… E a minha mamãezinha querida não voltava a sí… E quando a levamos para o hospital, o próprio médico foi quem me perguntou se mamãe não estava fazendo algum tratamento ou tomando algum medicamento… Mamãe esqueceu a sua bolsa em minha casa… Eu nem imaginei que tinha algum remédio dentro da bolsa dela… O médico me deu uma grande bronca por eu não saber de nada sobre isso… Por não saber que minha mamãe com sua idade avançada não teria alguma doença grave… Majestade, fazia muito tempo que eu não via a minha mamãezinha querida, eu fiquei tão feliz em estar com ela que nem cheguei a pensar em doença alguma… E o médico não descobrir o que se passava com mamãe, aos gritos o doutor me mandou vir pegar a bolsa dela para saber de alguma pista de como cuidar de mamãe… Foi quando voltei de táxi, de madrugada… eu vim pegar a bolsa dela… Entrei em casa em um pé e sai no outro… E o motorista do táxi quase atropelou um jovem casal de namorados que estava na beira da rua: distraídos… Quando cheguei novamente ao hospital… Nós… Descobrimos que mamãe tinha uma doença crônica e muito grave e nunca havia nos avisado, talvez foi porque mamãe não queria nos preocupar… Mamãe sempre foi assim, nunca queria nos preocupar… Mas, foi tarde demais, mamãe faleceu, majestade, não deu tempo de fazer mais nada por ela… Minha querida mamãezinha. . .
E depois que a vizinha da mãe das crianças fez todo o seu relato, o rei diz que sente muito pela perda dela e lhe deu um forte abraço e se desculpou por precisar convocá-la e lhe pergunta qual é a idade dela. E a mulher responde a idade de sua mãe, e ela responde que ela morreu com oitenta e três anos. Mas o poderoso soberano lhe diz que quer saber a idade dela e não da sua mãe. Mas quando o rei pergunta isso todas as pessoas ficam surpresas com o que eles chamaram de insensibilidade da parte do rei em querer saber uma coisa dessas justamente em um momento que a mulher está tão abalada. A mulher responde que tem quarenta e cinco anos e saiu da presença do rei e foi chorar a sua tristeza, sozinha, em sua casa.
E o monarca disse que era importante ele saber a idade da mulher e ele comunica à mãe das crianças:
— Eu acredito que a gente já tem um dos culpados das mortes dos seus filhos.
E a mãe das crianças pergunta com espanto:
— Quem, majestade, a minha vizinha, então, finalmente foi encontrada a grande culpada?
E o rei olha focando para a mãe das crianças em seus olhos e responde-lhe friamente:
— Não, não, não, não é ela não: é Você…
As pessoas se enfurecem com o rei, e a mãe das crianças pergunta-lhe nesse instante:
— Eu? E como foi que eu fiz isso exatamente, seu maluco?
E o monarca muito decepcionado lhe responde:
— Você tem a maior parte da culpa, na perda dos seus próprios filhos, você é a maior dos carrascos dos seus próprios filhos…
— Eu? Você está surtando, majestade? Como eu poderia fazer isso? Eu nem estava perto deles no momento específico… Nem sabia onde eles estavam… Eu nem os vi o dia todo, os deixei brincando com os filhos de outra vizinha…
E ela pergunta isso incredulamente com a audácia do rei dizer aquilo para ela.
— Por isso mesmo, você nunca estava perto deles…
— Eu sempre estava com eles, eles são meus filhos, eu os amava… Eu os levava bem dentro do meu coração…
— Você mentiu para mim… Você não estava fazendo comida nem estudando nenhuma língua estrangeira… Você não cuidava dos seus filhos da maneira que deveria cuidar de crianças, ainda mais porque em se tratando de crianças tão pequenas e indefesas como era o caso dos seus filhos! Você os negligenciava e os maltratava e muito, não tinha cuidado algum com eles… Dá até a impressão que você deliberadamente os entregou a própria sorte, eu digo isso porque isso que você fez nunca ninguém, em sã consciência, faria, de jeito algum!
E ouvindo isso a mãe das crianças fica calada e o rei fala para ela:
— Você poderia muito bem ter evitado a morte de seus filhos… Você não fez o que uma mãe de verdade faria… Se tivesse cuidado dos seus filhos corretamente isso não teria acontecido… Os seus filhos eram muito pequenos e inocentes, eles não tinham como se defender do perigo, eles não sabiam de nada… Você os deixou ficar no fim de uma ladeira muito íngreme e em uma curva extremamente perigosa, já que um carro poderia perder os freios e matar as crianças que estavam aqui sem perceber o perigo, nunca, jamais em hipótese alguma, eles poderiam está neste lugar, e ainda mais nessa hora da noite…
— Mas, eu não sabia, eu sou adivinha? Como eu poderia saber dessas coisas?
Pergunta a mãe das crianças mortas, com desdém ao que o rei falou. mas, o rei fala em seguida:
— Aqui onde as crianças estavam é um lugar muito perigoso, poderia um carro em fuga da polícia, ou um carro desgovernado, ou uma pessoa que tem algum tipo de problema de saúde e dormisse ao volante… Ou um bêbado, ou um drogado e ou alguém dirigindo enquanto faz outra coisa e se distraísse e não conseguisse dirigir corretamente… São várias as possibilidades com carros que poderiam ocorrer e atingir as suas crianças… Ainda se outra criança ou uma pessoa adulta sem juízo ou por uma idiotice qualquer, jogasse uma coisa redonda que rolasse ladeira abaixo e atingisse os seus inocentes e desprotegidos filhos? Em frente a uma ladeira e com curvas não é o melhor lugar, definitivamente, para crianças brincarem, mas, elas não conseguem entender isso, são os pais delas que devem vigiá-las e orientá-los a esse respeito. Você deveria cuidar da vida deles e não da vida das pessoas adultas que sabem o que estão fazendo como é o caso da sua vizinha… Que acabou de me dizer que tem quarenta e cinco anos. Você os matou… Sua negligência os matou… Sua atitude errada os condenou à morte tão prematuramente.
E a mãe das crianças diz desoladamente ao rei nesse momento:
— Mas, majestade, que culpa eu tenho se as pessoas fazem coisas tão erradas? Se as pessoas dirigem seus carros de maneiras completamente erradas, tenho domínio sobre isso, tenho? Não tenho autoridade por essas coisas acontecerem, tenho? Tenho responsabilidade que esse motorista ficou com medinho de morrer e cooreu feito um covarde e matou os meus filhos? É de minha alçada que existam ladeiras e curvas? Foi eu quem inventou as ruas? Por acaso foi eu quem inventou os carros? Por acaso foi eu que fiz essa ladeira e essa curva tão perigosa da qual todos os moradores sabem que já teve aqui muitos e muitos acidentes e dos quais alguns foram fatais? Eu que, por acaso, mando as pessoas beberem, se drogarem e fazerem todas essa sorte de coisas ai que o senhor me citou há pouco? Não tenho parte em nada nisso não! Não tenho responsabilidade alguma se as pessoas não se preocupam com a vida de uns dos outros!
E o rei calmamente responde a mãe dos pequenos mortos:
— Responsabilidade das pessoas dirigirem de maneira errada voçê não tem realmente, mas, você deveria cuidar dos seus filhos corretamente. Já estava na hora deles estarem em casa, terem tomado banho e estarem muito bem alimentados e felizes. Se você tivesse feito o que deveria, não os teria perdido. Suas crianças não tinham nem mesmo as minímas condições de saberem onde é o lugar mais seguro para brincarem! Eles não sabiam que horas tinham que tomar banho! Nem a hora certa para comer, nem a hora de dormir. . . Você que os colocou no mundo tinha a obrigação de orientar e zelar por cada um deles, já que, você sabe que tem muitas coisas erradas por aí, portanto, deveria com mais afinco se preocupar com a segurança e o bem-estar deles. . . Olha, "mãe", entenda uma coisa muito importante, independentemente da questão se o motorista é inocente ou culpado por vir correndo, se ele estava em seu juízo perfeito ou não, se você tivesse feito o que deveria ser de sua competência em relação aos cuidados das suas crianças, elas estariam vivas, pois, se elas estivessem em casa onde é o lugar correto, e você estando com elas, onde é o lugar correto, elas não estariam aqui nesse lugar errado, nesse lugar perigoso. Independentemente, dos erros do motorista, são os seus erros, em primeirissima instância, que mostram a falta de amor as crianças, não a atitude do motorista… Ele nem sabia que seus filhos existiam, mas, você sabia e não zelou por eles em momento algum… Mas quando você errou, mãe, os seus erros aumentaram os holofotes em cima dos erros do motorista. E por isso parecia que ele é o único culpado e a mãe deles, você, não tinha culpa alguma, mas, o motorista, mesmo com todas as questões dele, não teria acertado com o carro as suas crianças, ele teria atingido apenas e tão-somente os pneus velhos reutilizados para barreira de proteção… Portanto, ele, nunca poderia ser acusado de assassinar os seus filhos, ele, então, poderia ser acusado somente de ter más condutas de trânsito, porque as crianças, nenhuma delas, em hipótese alguma, deveriam estar ali… Não deveriam estar ali, justamente porque tem todas essas questões perigosas de trânsito e as questões dos pais em terem cuidados com os pequenos e com todos os incapazes em geral… Mãe, você entende agora que são os pais das crianças que sempre têm a maior responsabilidade com o que acontece com seus filhos? Você entendeu que a saúde e o bem-estar dos filhos dependem fundamentalmente dos cuidados dos pais delas, independentemente da conduta de como a sociedade com todas as suas falhas, costumes e negligencias?
A mãe das crianças entra em prantos novamente.
E o marido da mãe das crianças a ampara em seus braços e outras pessoas o ajudam.
E o rei, depois de cinco minutos, agora sem expressão alguma de reprovação, e com um olhar de carinho e perdão se aproxima da mãe das crianças atropeladas e lhe pergunta:
— A senhora pode nos contar como foi a sua infância? Eu acredito que o modo como você foi criada e educada a influenciou muito na sua atitude completamente errada… E muita coisa que aconteceu aqui com os seus filhos têm a ver com a sua infância… E esse desfecho trágico tem muito a ver com o modo que sua infância ocorreu, e me parece que igualmente aconteceu com os pais do motorista, seus pais também tem muito a ver com o que aconteceu aqui hoje.
— Olha, majestade. . Vou te contar algumas coisas que aconteceram há muitos anos… Quando eu era criança, meus pais me criaram muito presa, eu só vivia trancada… Basicamente eu vivia no meu quarto brincando com minhas bonecas e meus amiguinhos imaginários… E os meus pais estavam muito impressionados pela morte do meu irmãozinho mais velho do que eu, queriam muito me proteger dos perigos, pois, o meu irmão morreu quando brincava na calçada com os amiguinhos dele, ele, o menininho, caiu em um buraco e bateu a cabeça. Então, meus pais, tinham muito medo de me perder da mesma forma, por isso eles não me deixavam ter amiguinhos e não me permitiam fazer muitas coisas, fora do meu quarto… E quando eu era adolescente eu fiz uma promessa para mim mesma e eu a cumpri rigorosamente… Eu disse para mim mesma que quando eu fosse mãe, meus filhos seriam livres, muito livres… Iriam para onde quisessem. Eles fariam o que quisessem quando estivessem a fim de fazerem e como escolhessem! Eu acredito que as crianças têm que serem livres plenamente… Meus filhinhos iriam ter a liberdade que nunca tive… Por isso que eu os deixei viverem assim, livres… Fazendo o que quisessem… Indo para onde bem entendessem… Sempre quis ter filhos para eles terem o que eu nunca tive: a liberdade. . .
E o grande rei olha para a mãe das crianças e uma lágrima escorre do seu rosto e ele diz:
— Agora eu consigo entender o porque você agiu tão erradamente, na sua cabeça você, nesse caso especificamente, estava querendo que seus filhos não passassem pelo que você passou e lhes deu o passe livre para "a tal liberdade" que você acreditava ser a ideal.
Nesse instante o rei diz ao povo que está em silêncio e só o observa atentamente e sempre discordando dele, mas ele assim mesmo pergunta ao povo:
— Vamos descobrir mais partes responsáveis por essas mortes desses indefesos… Onde está o pai das crianças?
O pai das crianças se aproxima:
— Majestade, estou aqui…
E o rei dá uma boa olhada de reprovação no pai das crianças e lhe pergunta olhando nos olhos dele e diz:
— Pode me dizer onde você estava na hora em que seus filhos estavam sendo negligenciados pela mãe deles?
O pai das crianças responde-lhe com a voz trêmula:
— Majestade, eu estava fazendo horas extras no meu trabalho, pois eu queria dar o melhor que eu poderia aos meus tão queridos filhinhos…
O pai das crianças diz isso e derrama uma lágrima, e o povo se comove com essa cena. O rei desconfiado de tantos “cuidados” da parte dos responsáveis pelas crianças mortas diz:
— Eu quero saber se alguém sabe onde esse homem verdadeiramente estava e o que estava realmente fazendo na hora do acidente envolvendo os seus filhos. Quero agora, se eu souber que alguém sabe onde é que ele estava e me omitiu essa informação, vou dar o castigo! Vou fazer isso em praça pública… Todos vão saber quem é o omisso. E não se esqueçam sobre as chibatadas na pessoa nua na praça pública.
Quando o rei diz isso se apresenta um homem que usa óculos de aros azul:
— Majestade! Majestade! Esse homem é o meu melhor amigo, nós estamos sempre em rinhas de galos para fazer apostas, e isso acontece todos os dias: somos viciados em jogos de azar. . . Ele estava lá comigo e, muitas pessoas que estão aqui presentes, também se encontravam conosco.
O rei ao ouvir isso fica indignado e diz ao pai das crianças mortas, vítimas do atropelamento:
— Você, igualmente a sua esposa, é um dos maiores responsáveis pelas mortes dessas crianças inocentes, você igualmente a ela contribuiu muito para as mortes dos seus próprios filhos tão inocentes e desprotegidos… Você preferiu deixar seus filhos abandonados à própria sorte para pôr animais para se agredirem influenciados por seus instintos selvagens e por pessoas mais selvagens ainda… Vocês…
Por muito pouco, o rei não dá um grito com raiva do pai das crianças, ele faz muito esforço para se conter. E, nesse instante, veio à sua presença uma mulher de cabelos longos com um laço vermelho amarrado em seu lindo cabelo e pergunta ao monarca, tentando esconder que discorda profundamente dele:
— Majestade, então me deixe entender uma coisa, por favor? O senhor está dizendo que esse motorista assassino egoísta é inocente e que o pai e a mãe dessas crianças são os únicos culpados? Eu acredito que isso não é justo. O senhor parece que fez as vítimas serem os culpados e o culpado ser inocente… É isso mesmo que eu entendi?
O rei olha nos olhos da mulher de cabelos longos e responde-lhe:
— Mulher, eu digo sim que o motorista é inocente, e, eu digo que igualmente os pais são responsáveis por isso que aconteceu com as crianças: sim… Mas, na verdade, digo ainda que eles não são os únicos culpados por isso, digo que, depois que investigarmos, perceberemos que todas as pessoas aqui presentes têm de semelhante forma uma parcela de culpa nessas mortes…
E tendo ouvido isso, "o povo coloca a mão à boca", tampando ela, em sinal de reprovação e de indignação à realeza, e o rei faz uma pausa e, ao fim de um instante, pergunta ao público que não tira os olhos dele:
— Quero saber quem são as pessoas aqui presentes que viram, hoje, essas crianças sendo negligenciadas, nesse lugar perigoso, pouco antes do acidente?
Terceira página do Ensaio sobre a Sabedoria de Isaías Amorim
Quando o rei pergunta isso todas as pessoas respondem que tinham visto essas crianças, hoje, sim.
Como foram muitas as pessoas que relataram que presenciou esse fato o rei, então, pergunta ao povo:
— Quantos de vocês viram essas crianças nesse lugar em outros dias?
E o povo responde ao monarca:
— Em muitos dias, majestade, vimos muitas vezes, as crianças nesse mesmo lugar… Não era a primeira vez que vimos essas crianças nesse lugar.
E foram tantas as pessoas que disseram ao monarca que viram muitas às vezes essas crianças até tarde da noite nesse lugar. Muitos, inclusive, relataram ao rei que eles davam biscoitos constantemente para essas crianças, pois, elas, sempre, estavam sempre com fome. Essas crianças estavam abaixo do peso, disseram outras pessoas.
E o rei ouvindo esses relatos, diz com certa fúria olhando para os seus súditos:
— Então, vocês têm uma grande parcela de responsabilidade nas mortes desses inocentes… Vocês viram algo muito errado e não fizeram nada, absolutamente nada para ajudar essas crianças vítimas de tantos maus tratos… Vocês foram tão omissos… Vocês são péssimas pessoas… Eu tenho uma enorme vergonha de vocês!
E quando o rei diz isso o povo fica muito irritado e, muitas das pessoas o responde que não entendem o motivo pelo qual ele está culpando todas as pessoas se não haviam feito nada contra as crianças.
— Nos nem ao menos sequer tocamos em algum fio de cabelo desses inocentes… Até porque eles sempre estavam bem sujinhos e com cheiro ruim por falta de banho. . . Nem falamos com eles… Só fomos gentis com eles, nós os alimentamos com biscoitos por muitas e muitas vezes…
E ouvindo isso, indignado, com o seu povo, o rei diz:
— Por isso mesmo que vocês têm muita culpa… Vocês lavaram vossas mãos. . . Mas é não estão limpas não, vocês lavaram as vossas mãos bem nojentas com os sangues desses inocentes! Todos viram essas crianças aqui sendo mal cuidadas e abandonadas pelos pais negligentes e não fizeram nada para ajudá-las, vocês não as protegeram, vocês são tímidos? Vocês tem o pior tipo de timidez que existe! São covardes e omissos! Deveriam, com toda a certeza, ter encontrado os pais desses inocentes e tê-los alertado de que as crianças precisavam ser melhor cuidadas e amadas verdadeiramente… Mesmo os que viram essas crianças e não sabiam quem seriam os pais delas, deveriam perguntar às próprias crianças quem seriam os seus pais e ter tomado as providências necessárias que a situação determinava… Deveriam perguntar onde moravam e deveriam tê-las levado para casa delas. Poderiam levá-las para as autoridades. Oras, se vocês tivessem agido assim, com essa conduta empática, poderiam ter evitado essas mortes, porém, não fizeram nada, se omitiram, se furtaram ao direito de fazer uma boa ação, e de fazer o que é certo e salvar duas criancinhas inocentes. Às vossas omissões os tornam parcialmente responsáveis pelas mortes dessas crianças também, ou seja, todos vocês são assassinos igualmente! Sim, essas atitudes de omissão os tornaram coautores e cúmplices em partes dessas mortes!
E quando o rei diz isso um homem loiro se aproxima dele e lhe pergunta:
— Vossa majestade, diga-me uma única coisinha? Por que eu deveria me preocupar com as crianças alheias? Eu acredito que essa obrigação deveria partir dos pais deles, apenas, não é minha obrigação! Eu não tenho a obrigação de ser babá de quem eu nem conheço… Não acredito que sou um assassino como acaba de nos sentenciar… Não me considero coautor e nem cúmplice de nada disso aqui!
E o sábio monarca o escuta atentamente o que o homem loiro diz e responde-lhe:
— Meu caro omisso cidadão, gostei muito da sua pergunta, mas, antes de lhe responder vou lhe fazer outra pergunta… Você ficou muito triste com a morte dessas criancinhas?
E o homem loiro responde-lhe:
— Sim, majestade, fiquei por demais sensibilizado, triste e revoltado e digo-lhe mais o seguinte: se o senhor tivesse demorado mais um segundo para chegar aqui, eu mesmo teria matado esse motorista assassino com as minhas próprias mãos! Essas crianças tinham uma vida inteira pela frente e tudo isso foi interrompido porque esse cretino e seu carro novinho cheirando a um bebê… Acredito que ele deveria ser linchado mesmo! Acredito que isso seria o certo… Se o senhor quer saber a minha opinião é isso que eu penso…
E o rei responde-lhe que não consegue concordar com a opinião dele e olha para o motorista que está abraçado com a sua cunhada e volta o seu olhar ao homem loiro e lhe faz outra pergunta:
— Amigo, você acredita, verdadeiramente, que matando esse motorista, se baseando, apenas, e tão-somente, na dor dos pais, e por você ver como estão os pedaços dos corpinhos das vítimas, e por, o motorista ter um carro muito caro, então, por isso, só por esses fatos, seria a melhor coisa a ser feita em nome das crianças inocentes? Porque esse procedimento de matar as pessoas que você julga merecedores de sua atitude selvagem, também não é responsabilidade sua, mas, no entanto, você quer fazer uma vingança com as suas próprias mãos vingativas… Há pouco, você me disse que ficou muito sensibilizado e triste com as mortes desses inocentes… Que, por sua vez, essas mortes, poderia ter sido evitadas, se você ou alguém, que, se dizem tão sensibilizados, com essas crianças, simplesmente, pegasse elas no colo e as tivesse levado para a casa delas, ou as ensinasse a brincar em um lugar seguro, pelo menos isso… Ou ainda, se alguém tivesse chamado a atenção de seus pais, para que elas, fossem bem cuidadas. Se você tivesse feito essa boa ação para esses inocentes, eles estariam agora em casa, brincando ou se alimentando, crescendo para ter um grande futuro bem feliz. Eles poderiam viver em paz até morrer de velhice ou de alguma doença, se fosse esse o caso… Mas, você se omitiu, furtou-se do dever e da oportunidade de fazer esse bem a elas… Teve a oportunidade de fazer algo relevante a elas e não o fez… Você, meu justiceiro, infeliz, acreditando, erroneamente, que conhece o que é a verdadeira e isenta e imparcial justiça, quer, na verdade, apenas se vingar de alguém que não fez uma maldade propositadamente, pois, foi somente um terrível e muito lamentável acidente que sem duvidas foi tão impressionante… Mas, por causa desses comportamentos controversos de vocês: tenho a impressão que vocês nem se importam realmente com essas crianças acidentadas e nem estão efetiamente preocupados em dar uma lição para o futuro e só querem mesmo é matarem o acusado apenas porque vocês são bárbaros e estão procurando um motivo ou simplesmente uma bela disculpa para pôr para fora essa ânsia de matar que é latente em vocês: selvagens… Vocês são tão nojentos, oras! Quando devem se intrometer para ajudar, na justiça verdadeira, não o fazem, oras, quando não é para se intrometer para não atrapalhar ou fazer injustiça se metem a fazer com tanta força e certamente com grande prazer!
E o homem loiro não quer dar razão ao rei, e balança a cabeça negativamente e o rei diz:
— Vocês são realmente demasiadamente estranhos… Na ocasião em que foi necessário que interviessem por esses frágeis inocentinhos não o fizeram, ficaram tão quietos iguais as lesmas mais preguiçosas, ficaram sossegados, passivos e sem ânimo algum para fazer o que é o correto a ser feito por pessoas de bem… Mas, agora, no entanto, depois que às vossas omissões e às vossas timidezes ceifaram a vida deles resolveram então de maneira súbita se animarem exponencialmente sem nenhum propósito útil com toda essa infinita tolice! Mas, agora, que era a hora que deveriam se sossegarem com muita tranquidade para refletirem não o fazem de maneira alguma! Mas, vocês não querem mesmo refletirem… Vocês não ficam sossegados quando é o certo que fiquem… Não fazem pergunta alguma para entender a situação toda como se deve fazer em ocasiões como essas que são absolutamente necessárias, e ainda não fazem considerações para julgarem corretamente e aprenderem com cada um dos seus próprios erros para não haver mais erros no futuro próximo! Por que preferem fazer algo que é totalmente inadequado? Por que, agora, quando não devem agem iguais aos leões, agem ativamente e muito animados? Não lhes cabe fazer a essa justiça totalmente inversa e incrivelmente despropositada… Todos acreditam que podem decidir quem deve morrer ou viver, querem ter esse papel, mas, isso vocês não podem fazer! Isso não é coisa de vossas alçadas! Vocês poderiam ter decidido quem iria viver quando era para ajudar aquelas crianças bem antes do acidente quando elas tinham, pelo menos, algumas poucas chances… Vocês poderiam decidir que as crianças vivessem, mas, não o fizeram… Essa atitude de vocês condenaram essas criancinhas à morte! Por que vocês só querem fazer coisas que não podem, nem devem? Eu fico imaginando que força maligna é essa que os motivam a fazer o que é errado, sempre e sempre! Eu fico pensando e imaginando vocês passando por aqui, e vendo e revendo esses menininhos sendo mal cuidados e se negando a ajudá-los… No entanto, agora choram e lamentam suas mortes e não se sentem culpados em nada por isso, querem encontrar um culpado para matá-lo e depois irem dormir sossegados com as suas consciências limpas, acreditando, erroneamente, que fariam um bem muito grande para essas crianças vítimas da vossas injustificaveis omissões totalmente absurdas! Saibam que as atitudes de vocês ajudaram a matar essas duas crianças! Covardes! Covardes!
E o rei suspira e diz:
- - E eu sei muito bem que esse motorista com o seu sonho esquisito, com o seu medo — que até é bem compreensível — e com a sua enorme ignorância fez algo terrível! Sim, concordo que esse motorista é pobre de sabedoria sim… E sei muito bem que se ele não quisesse tanto esse carro com cheirinho artificial de bebê… Não teria nunca atropelado essas crianças, que têm cheirinho de bebê de verdade… Sei também que esse carro pode ser consertado e que essas crianças não vão mais poder ser "consertadas", jamais… Mas, será que vocês não entendem que ninguém compra um carro novo com o seu único propósito de sair por aí matando crianças? Se vocês matassem esse motorista seriam assassinos novamente, já que, mataram essas crianças por omissão!
Outro suspiro do rei e ele continua a explicar:
— Por que vocês não fizeram nada de realmente bom aos inocentes garotinhos quando era totalmente possível? Por que querem tanto fazer essa injustiça total agora? Vocês sabem que os seus próprios filhos e outras crianças pelo mundo todo estão vendo isso tudo que está acontecendo aqui? Sabem que todos esses inocentes que são tão influenciaveis absorverão tudo o que estão vivenciando e vão acreditar que isso tudo que estão vendo é o certo a se fazer e e todos eles vão reproduzir esses comportamentos selvagem de vocês, sabem desse fato tão evidente, não é mesmo? Querem mais essa conta em suas costas? Querem mesmo se responsabilizarem por mais isso?
E nesse momento o rei ironicamente ri, e depois diz:
— Não, não, vocês não têm noção do que fazem: agora vocês se reuniram, têm em mãos pedras, paus, ferramentas de trabalho e armas de fogo e vocês, primatas, selvagens, agem com uma força muito grande, quando é para fazer o que é errado… Unem-se, reúnem-se, dão ideias uns para os outros a fim de fazer a coisa mais errada possível e não têm o mínimo de vergonha de fazer as coisas quando são tão injustas! Eu nem acreditei, vi algumas cenas incríveis de união e ajuda mútua, alguns homens ajudando outros emprestando instrumentos para afiarem suas enxadas, foices e facões para ajudar machucar da melhor maneira o motorista… E outros homens, e mulheres, explicando uns aos outros o modo mais eficaz de espancarem o acusado… A coisa que mais me impressiona, observando vocês é à convicção que há em cada um de vocês! Não há uma gotinha de dúvidas em vocês… Eu me surpreendo como a convicção faz tanto mal na busca da verdade… A dúvida não é ruim na busca da verdade… Ela ajuda e muito, sim, ajuda muito mesmo… A convicção é tão nociva na busca da verdade. . . Não á uma única gotinha de dúvida em seus olhos. . . Só há convicções motivadas por aparencias, impressões, convicções e sensações. . .
E o poderoso monarca ainda diz depois de mais uma breve pausa:
— Eu já vi nobres gestos e atitudes de profunda empatia até em macacos que são inimigos ferrenho por serem de bandos de outras espécies e que lutam pelo mesmo territórios e por comidas que em certos períodos que lhes eram tão escassas: em uma certa ocasião uma jovem macaca estava fugindo de um leão faminto que lhe perseguia a fim de devorá-la e ela, mesmo estando muita assustada, empurrou dois filhotes de macaquinhos da tribo inimiga e os enxotou para um lugar bem seguro para que o leão não os conseguisse alcançar! E vocês, claro que não. . . Ninguém nem ao menos, quando perceberam as crianças em perigo eminente nem oa menos os "enxotaram" para sairem daquele exato lugar mais perigoso. . .
E foi nesse momento que um homem muito alto sai do meio da multidão e diz:
— O senhor quer saber o que eu ouço, majestade? Eu ouço os corpinhos desses inocentes berrando por vingança! Sangue por sangue! Sangue por sangue! É o que elas berram… Elas me pedem para vingá-las!
E o poderoso soberano faz uma cara de completa desolação e diz:
— Corpos mortos não pedem absolutamente nada… Eu fico imaginando vocês fazendo essa “justiça” em nome dessas crianças, matando alguém em nome delas sem que elas lhes pedissem… É como se elas fossem mandantes ou cúmplices dessa injustiça toda que vocês querem realizar achando que farão um bem em nome das memorias delas… Acredito que elas pediram sim ajuda para viverem quando elas foram vistas e situação de abandono e vocês as impediram de lhe darem a preciosa vida, vocês todos as privaram do caminho natural: a vida plena. Vocês nem perceberam que, só em olhar para a situação de abandono que aqueles inocentes se encontravam era como se eles estivessem, berrando, berrando, berrando, pedindo-lhes que as ajudassem. . . A situação daquelas crianças era como se pedissem ajuda de qualquer um que as vissem naquele momento… Ninguém as socorreram… Parece que vocês nem percebem que tudo que acontece no mundo inteiro é causado por nós mesmos, cada um de nós. É tudo culpa de todas as pessoas… Somos vítimas, somos cúmplices, somos testemunhas, somos autores e coautores de cada um dos fatos e eventos que acontecem com todas as pessoas. Tudo, sem exceção, é causado porque nós fazemos ao deixamos de fazer alguma coisa que resultou no produto final das nossas atitudes certas ou erradas, coisas ativas ou passivas… Então todos nós devemos morrer por esse crime desses inocentes! Vocês não percebem que isso tudo que vocês estão fazendo vão influenciar enormemente todas às crianças que estão vivenciando todas essas cenas tão terríveis? Não percebem que estão apresentando a elas um mundo tão selvagem e elas, por inocência e por sempre copiarem os adultos, vão copiar isso tudo de maneira bem "natural"? Não percebem que elas vão pensar que é assim que devem agir? Não percebem que elas vão fazer uma sociedade ainda pior do que essa por causa da atitude de todos vocês? Vocês são tão selvagens e completamente irresponsáveis e parece que se orgunham grandemente disso… Vocês, meus súditos, me envergonham diante do mundo todo, tenho vergonha de pertencer à mesma raça humana que vocês, eu não me pareço em nada com vocês…
E nisso uma bela jovem de pele preta, usando um florido vestido curto, pergunta ao rei:
— Majestade, todos, sem exceção? Acha mesmo que todos nós temos culpa nessas mortes e em todos os eventos de todo o planeta? Explica isso melhor para nós?
A jovem parece ser uma pessoa muito sensata e isso sensibiliza o monarca e ele fica um pouco feliz e diz:
— Sim… Veja bem como são as coisas: esse carro, cheirando a um bebê que estamos vendo aqui… Ele é capaz de correr até a trezentos e vinte quilômetros por hora… Mas, mesmo em uma autoestrada é proibido correr a mais de cento e vinte quilômetros por hora, não é estranho que carros sejam capazes de correr mais do que o limite permitido pelo combinado? Não é estranho que sejam fabricados carros tão velozes desse jeito? Não é bem estranho que as fábricas os fabriquem intensamente? Mas, igualmente não deixa de ser estranho as pessoas não reclamarem e não se manifestarem para que essas máquinas parem de matar as pessoas, você concorda comigo? Todos os pais, mães, filhos, sobrinhos, amigos, e também os conhecidos de todas as pessoas, possivelmente, podem ser atingidos por esses carros, você concorda comigo? E não é por demais muito estranho que as pessoas assistam a essas coisas passivamente, que não façam nada para impedirem tudo isso! Por que as pessoas têm tanta pressa de irem à outros lugares? Por que as pessoas têm tanto essa vaidade de mostrar que tem dinheiro adquirindo essas máquinas mortíferas? Acredito que a pressa das pessoas não justifica de jeito algum as mortes que essas máquinas mortíferas causam quando dirigidas por imprudentes, bêbados, inconsequentes, e por pessoas que têm doenças que podem causar acidentes, e outras coisas… E sem falar nas mortes causadas pela poluição dos seus combustíveis tão tóxicos. Acredito que as pessoas deveriam sim se reunirem e se unirem para fazerem com que essas máquinas nem mais existam, definitivamente. Ou, pelo menos, fazê-las correr no máximo à trinta quilômetros por hora. Acredito que a essa velocidade seria tão melhor! Que vontade será essa? Que força maligna misteriosa é essa que envolve as pessoas e as ajudam os paranóicos sem sabedoria e sem conhecimentos saudáveis a fazerem sempre o que é tão errado? Que força é essa que impede as pessoas a não perceber essas coisas erradas para poderem consertar? Parece que há uma nuvem sinistra invisível adormecendo o entendimento das pessoas…
E quando o rei diz isso, aparece o garoto que estava querendo assaltar o motorista e o fez disparar com o carro, já que, o assustou muito e a vítima acelerou intensamente o carro matando atropelados os inocentes, e criando toda essa grande comoção.
Esse rapaz, veio com alguns amigos, veio se desculpar porque, na verdade, a arma que usava era de brinquedo e o assalto era apenas uma espécie de iniciação para que ele pudesse entrar em uma gang de rua. Ele diz que "se sente muito mal com tudo o que aconteceu". Diz que "não sabia que iria acontecer tantas coisas tão ruins por causa de uma simples brincadeira inofensiva, ele iria devolver o carro, só iria dar uma volta antes com os garotos".
E o rapaz começa a chorar, ele está muito arrependido do que fez e revela ao rei que o motivo que o levou a aceitar ser um membro dessa gang era o fato de precisar de carinho, de amor e atenção e os seus pais não lhe davam, pois, seus pais não queriam ter um menino e sim uma menina, por esse motivo, o desprezavam sempre e sempre.
E o garoto diz ainda que nessa gang havia vários garotos que da mesma forma não eram amados pelos seus próprios pais. Alguns pelo fato dos pais não terem tempo de lhes darem o tal carinho, outros, porque os pais queriam filhos mais lindos, outros porque os pais não queriam ter filhos, outros porque os filhos têm alguma deficiência física, o garoto conta que os pais lhes dão várias desculpas para não amar os seus próprios filhos e lhes abandonarem, a ponto de que esses mesmo jovens desprezados, por conta própria deles mesmo formassem famílias em gangs para terem amor, carinho e alguém para conversarem e se protegerem uns aos outros com em uma verdadeira família.
O rei entende que o garoto era apenas mais um dos culpados por esse acidente ter acontecido e diz:
— Esse garoto igualmente é uma vítima do que ele mesmo ajudou, sem querer, a causar… Vítima de sua brincadeira sem a menor graça que só causou tantas desgraças. Porém, ele nem precisa de mais punição, a própria consciência desse garoto vai corrigi-lo, ele vai se lembrar disso para sempre. Toda a sociedade tem uma parcela de culpa pelo que esse garoto fez. Os pais do rapaz têm uma parte da culpa por rejeitá-lo, por não saber educar o filho e também por não amá-lo.
E o rei diz ainda que os amigos do garoto também tinham uma parcela de culpa por não cuidar dele e por não aconselhar esse rapaz a fazer as coisas que são necessárias corretamente. E todas as pessoas que conheciam essa questão igualmente têm a cada qual a sua parcela de responsabilidade.
E o rei disse que as pessoas que sabem que existem armas de brinquedos e não fazem nada para que elas não existam mais também têm parte na culpa, disse ainda que as pessoas que sabem que existem armas de verdade e também não fazem nada para que elas deixem de existir igualmente têm parte na culpa. Todos nós somos culpados, em partes, grandes ou pequenas, por essas crianças e por todas as outras que morreram ou foram feridas de alguma forma por todo o imenso planeta e por todos os tempos…
E o rei continua a falar:
— A sociedade toda se comporta como se ela fosse inimiga mortal das crianças, como se as crianças fossem um estorvo muito grande a ela… A sociedade, a todo o momento, age como se a sua maior preocupação ou seu maior interesse, fosse dificultar a vida dos seus inocentes pequeninos… Tenho a impressão ainda, por causa de como são tratados as crianças que a sociedade quer eliminá-las… Tenho a impressão que, no mínimo, a sociedade quer corromper as suas crianças, digo isso por causa dos comportamentos completamente inadequados que as pessoas têm quando estão perto de crianças… Tenho essa impressão ainda por causa dos exemplos que os pais dão as suas inocentes crianças. O fato que mais me surpreende nisso tudo é que: o que a criança tem de melhor, de mais importante, é o que mais as prejudicam e as condenam… Porque: por elas CONFIAREM em seus pais incondicionalmente: esses inocentes ficam mais suscetíveis as condutas inadequadas deles e, então, as crianças, deixam os seus pais abusarem deles de diversas maneiras, em diversos sentidos, inclusive, sexualmente… E por causa dessa confiança toda, as crianças são muito suscetíveis e recebem os maus exemplos, e os maus hábitos, que elas, depois, os copiam, acreditando que são efetivamente os corretos e verdadeiros… Mas, mesmo os pais que não são maus e nem que são tolos, mesmo esses, não são capazes de criar e educar corretamente os seus filhos…
E quando o rei parou de falar, se escutou apenas um incômodo silêncio, mas, depois de um instante o monarca diz:
— Eu entendo que vocês nem tem culpa de serem assim, vocês agem assim por serem tolos, vocês não tiveram nenhuma oportunidade como eu tive para me tornar um grande filósofo, eu tive muitas oportunidades, muitos bons professores, vocês se comportam exatamente como a educação que receberam a capacitam a serem. Vocês não tiveram bons exemplos na vossas criações para copiarem… Vocês não têm culpa, a educação que tiveram só os permitem ser capazes de pensar igualmente a um homem primata… vocês não sabem o que fazem, vocês não têm intelecto para decidirem nada, vocês são completamente inocentes porque nunca tiveram oportunidades de serem melhores do que poderiam ser, por isso eu desculpo a todos vocês e vou ajudá-los a serem pessoas melhores, vou dar para todos vocês muitas palestras, muitos cursos e escreverei muitos livros… Vou reeducá-los, a todos vocês! A todos!
E o povo se cala escutando o rei e ele continua a explicar o que pensa:
Por isso, a partir de hoje, vou criar uma lei que: só vai poder ter filhos as pessoas que forem capazes de amá-los, quem souber educá-los e os protegerem corretamente. Para ter filhos, agora, os interessados, terão que fazer um curso, no mesmo nível de uma faculdade excelente, depois terá que fazer uma avaliação provando que fizeram esse curso da maneira correta e que estão aptos a serem bons pais, terão que provar que são capazes de cuidar, educar e amar suas crianças de maneira especial. Não quero que mais nenhuma criança seja maltratada por seus pais incompetentes como esses aqui que abandonaram seus filhos a própria sorte e estes morreram atropelados de um jeito tão estúpido! Não vou mais permitir isso, vou proteger todas as crianças… Vou arrumar pais muito mais qualificados para as crianças do futuro… Os inocentes precisam e merecem isso. . .
E o rei aponta o dedo para os corpos das crianças mortas:
— Olhem para essas crianças mortas por causa da incompetência de seus pais! Vou desenvolver esse curso imediatamente, eu não vou permitir que crianças cresçam e sejam como esse motorista aqui, desorientado de valores realmente importantes… Não quero que nenhum única criança do futuro fique juntando moedinhas para comprar um carro tão caro, quero que os pais do futuro sejam capazes de orientar os seus filhos, ensinando-lhes valores bem melhores que esses apresentados por todas essas pessoas aqui… Quero pais verdadeiramente capazes de orientá-los, e quando, eles, os pais do futuro, souberem que seus filhos se encantaram por algo tão caro e absolutamente desnecessário, eles, os bons pais que serão definitivamente bem instruídos, os ajudem a entenderem que esses caprichos tão bobos não trazem felicidade alguma, só trazem desgraças como a que acabamos de ver aqui nesse caso tão triste, mas, com certeza, seria totalmente evitável com boas condutas. . . Quero que as crianças do futuro não sejam como esse infeliz rapaz que com essa simples arma de brinquedo, que se sentindo carente de amor, carinho e atenção por causa dos seus pais que não lhe davam as coisas que tanto almejava e precisava, resolveu, então, que, para se sentir importante no meio de uma sociedade, foi capaz de fazer uma coisa como essa que ele fez, e ele, o rapaz, a patir de agora vai ter problemas com a sua consciência pelo restante de sua miserável vida… Vou proteger todas as crianças… No futuro que eu vislumbro, nenhuma única criança se sentirá carente de afeto, de amor, de carinho e de atenção por causa de pais ruins e tão despreparados.
E o poderoso e sábio monarca leva a mão ao queixo e diz:
— Mas, para essa escola que estou planejando, terá muitos e excelentes cursos para prepararem as pessoas, então, todos receberão os ensinamentos sobre como se deve criar um filho da maneira mais correta possível: como alimentá-lo, como protegê-lo e saberão tudo o que for necessário para esse fim absolutamente fundamental. E as pessoas, só terão permissão de ter filhos quando forem totalmente capazes de criá-los sem prejudicá-los… Os postulantes à serem os pais, terão que estarem totalmente cientes que poderão nascer meninos ou meninas e que nem todos os filhos são tão lindos como eles gostariam que fossem, os interessados terão que provar que os amariam mesmo assim! Não quero que crianças sejam discriminadas ou abandonadas a toda a sorte de atitudes ruins causadas pelos próprios tolos pais!
Nisso o tal repórter atento pergunta ao rei:
— O senhor, não acha essa lei muito severa demais, majestade? E o direito de livre expressão? E o direito das pessoas criarem os seus filhos como acreditam ser o melhor para eles, onde fica? O direito de ir e vir? O direito de liberdade de pensamento, onde fica? O senhor vai se tornar um ditador, igualmente ao vosso pai e principalmente ao vosso irmão, majestade? O seu reinado será um regime totalitário? Um regime de exceção?
E o rei simplesmente lhe responde:
— Não acredito não, pois, quando os casais conseguirem passar nessa boa avaliação, terão, sim, a permissão de terem os seus filhos normalmente! E o meu regime será prioritariamente em prol do bem-estar das crianças. . . O meu governo será em defesa de cada um dos pequenos. . . Eu acredito que ter leis tão duras assim é o correto, quando são para causas justas e profundamente humanitária como essa de salvar todas as crianças… Eu não quero ver crianças vítimas morrendo de maneira abominável, não quero ver inocentes sendo responsáveis por mortes de outras crianças, não quero ver outras crianças agirem iguais a esse pobre e infeliz motorista quando era um simples menino! Quero realmente que todas as pessoas tenham consciência para fazer o que é o certo absoluto, justo e verdadeiro, para que no futuro não muito distante, nem precisem mais serem forçadas por lei a agirem assim. . . Quero, que, no futuro bem próximo, todos percebam, por amor, por empatia, por entendimento a necessidade de aprender dos assuntos para sermos realmente felizes em um mundo justo para todas as pessoas… Sem racismo, sem machismo, sem qualquer tipo de discriminação e preconceito, uma sociedade na qual todos as pessoas serão iguais em direito, em deveres, em oportunidades, em incentivos em responsabilidades!
E ao escutar isso repórter atento fez menção de perguntar algo, mas, desistiu e o rei continua a falar:
— As crianças desse novo futuro proposto, a partir dessa nova lei, quando tiverem uma experiência como esta que o nosso amigo motorista, aqui, teve quando se encantou por um carro tão caro, irão receber de seus pais que serão bem preparados para educá-las, esses escutarão ensinamentos parecidos com os quais vou citar: “Meu filho, esse carro é uma grande bobagem", "ninguém precisa de um carro tão caro para ser feliz", "só os tolos pensam assim sobre os bens materiais”, “pegue essas moedas e compre tudo de balinhas e reparta com seus queridos amiguinhos, faça muitas boas amizades e aprenda a compartilhar ou apenas guarde um pouco das moedas para comprar mais balas amanhã se lhe forem muitas”. E os pais, do futuro, vão ensinar valores como: o amor, a tolerância, a amizade, o compartilhar, a solidariedade e o carinho como forma de comportamentos e de atitudes de serem felizes, como forma de vida. Os pais sábios do futuro, nesses casos, ensinarão aos filhos que eles têm como prioridade apenas de brincarem e aprenderem, nunca a de juntar moedas em cofrinhos para comprar emcarros. E assim sendo, as novas crianças, quando se tornarem adultas, ensinarão isso aos seus filhos também e os seus filhos aos filhos deles e assim será para sempre por todas as gerações… Apesar, que, para mim, nesse caso em especifico, pelo que eu entendi do relato desse motorista, o pai dele é que tinha o sonho de ter um desses carros valiosíssimos e transferiu o sonho que ele mesmo tinha ao vulnerável menininho de apenas quatro anos, sem que ninguém percebesse essa transferência de desejo do coração do pai ao coração do filho. O menino só ouviu no tal evento um outro adulto, uma pessoa qualquer que ele nem o conhecia, dizer que era o sonho dele ter um carro desses e o menino simplesmente repetiu essa frase infeliz perto de um pai mais infeliz ainda, que sem perceber cometeu o maior erro que poderia praticar em sua vida, o engano de fazer uma criança, o seu próprio filho sonhar o sonho dele e fazer esse menino passar por todo o sofrimento e a angustia que ele experimentou involuntariamente. . . Os pais até agora nesse momento foram completamente despreparados e influenciaram muito mal os seus filhos. E os filhos por confiarem demais nos pais acabam sempre fazendo as coisas erradas, pois, quando os pais são tolos e despreparados… É isso mesmo que é o que acaba acontecendo. . .
Ao dizer tudo isso o rei finalmente consegue ser visto com alegria pelo povo que agora o vê como o homem mais sábio e justo que já existiu.
E tendo acontecido isso todos dão uma pausa para refletir, e nisso, a cunhada do motorista se aproximou do rei e deu-lhe um forte abraço, começou a chorar e disse:
— Majestade, o senhor realmente é muito sábio, justo e tudo de maravilhoso! Poderia nos dizer onde o senhor se encontrava? Ninguém nunca ouviu falar a seu respeito até o dia que saiu finalmente os resultados daquela estranha pesquisa que todas as pessoas do mundo todo respondeu e que há alguns meses descobriram que o senhor é o homem mais sábio de todo o planeta! Então, conte-nos tudo, pois, a sua vida é um completo mistério para todos nós. Onde foi que o senhor adquiriu tanta sabedoria assim? Pode nos contar tudo sobre o senhor?
E o soberano faz outra pequena pausa e começa a contar sobre o início da sua vida:
— Olha… Vocês sabem que eu tenho noventa e nove anos de idade, que estou reinando faz apenas dois dias… Sabem que, quando meu pai sofreu aquele acidente e morreu, e meu irmão assumiu o poder e reinou por vinte anos e também morreu, e como eu sou o único da família a ter o sangue real que sobrou, por isso, então que eu fui convocado para ser coroado o rei… Sabem que quando eu tinha apenas quatro anos de idade, minha mãe me deixou ir para uma região distante para estudar a razão da vida, o sentido da vida, encontrar a verdade, com um tio eremita que mora nas montanhas no oriente…
E o povo agora escutava o relato do tão poderoso monarca com muita atenção e admiração e ele continuava a narrar sobre o começo da sua vida:
— E toda essa grande história começou, quando, minha mãe, a rainha — depois de um sonho muito complexo e talvez até meio místico de alguma forma disse acreditar que teve uma mensagem revelada exatamente no dia em que nasci — , então, ela queria que eu fosse o homem mais sábio e justo de toda Terra, ela queria que um dia eu fosse capaz de governar com sabedoria e justiça… Um dia ela me enviou uma única carta me explicando todos estes tão importante fatos, e escreveu ainda que só me mandou ir com o meu querido titio por causa deste tal sonho que ela teve no qual, se eu fosse estudar com ele, um dia, o mundo todo iria me escutar na qualidade de o rei mais sábio e justo de todos os tempos e entre todos os homens e ela ainda me disse que em seu sonho eu iria ajudar a salvar o mundo todo em uma grande conversa, e nesta conversa que eu teria com alguém muito especial toda a Humanidade iria escutar o MAIOR DE TODOS OS REIS, O ÚNICO REI LEGÍTIMO. Mas que, para que isso acontecesse assim, deste modo, eu, jamais, poderia me contaminar com os ensinamentos comuns e cheio de maldades e vaidades que poderia me intoxicar se eu ficasse aqui, pois, ao meu redor só havia coisas que iriam prejudicar o meu entendimento. Foi por isso que nunca mais pude falar com a minha família até o dia que eu fosse convocado a retornar ao reino. . . Foi isso que minha querida mamãe me disse na carta dela. . . E eu sempre obedeci o que ela me orientou a fazer. . . Então por isso que eu estudei tanto. . . E me tornei tão sábio e justo. . .
Mas quando o poderoso soberano disse tudo isso, aquele mesmo alto funcionário do palácio que já havia lhe contado sobre como foi o reinado da sua dinastia lhe interrompe dizendo para ele:
— Majestade, eu sinto muito mesmo pelo senhor, mas preciso lhe contar outros fatos muito importantes sobre a sua família e sobre o senhor. . . Alteza, na verdade mesmo eu devo lhe dizer que foi o seu próprio pai que obrigou a sua querida mamãe a lhe exilar nas montanhas com o vosso titio. . . Ele não lhe queria mais por aqui. . .
E o monarca ficou incrédulo por um pequeno instante e depois lhe pediu mais detalhes sobre esse fato e escutou isso:
— Majestade, o meu avô trabalhava para o seu pai, e o meu pai idem, e o meu avô falou para o meu pai que depois me contou toda a história que o senhor ainda não sabe: tudo isso começou quando o senhor tinha apenas quatro aninhos e estava com a rainha a sua mamãe e com o tirano do vosso pai, no interior do reino na instância de verão da vossa família, e um dia o senhor estava em frente a uma ruazinha e do outro lado tinha alguém vendendo doces e balas, e o senhor andou com suas pequenas perninhas uns cento e cinquenta metros para o lado contrário de onde estava as balinhas tão desejadas e foi em direção da rainha e chamou a sua querida mamãe pediu para ela se o senhor poderia naquela hora mesmo atravessar a ruazinha para comprar essas balinhas e se já poderia chupá-las, o senhor gostava muito de balas, Alteza, mas foi o seu pai que lhe respondeu antes de vossa mãe, ele falou assim: "Está bem, menino, mas você só atravessa a rua depois que o carro passar, pois, senão ele vem bem rápido te atropela e te mata na hora". . . E o senhor estava lá na beira da ruazinha meia hora depois e sua mamãe e seu pai quiseram ver as balinhas e o senhor disse: "Eu não comprei ainda", o vosso pai ficou bravo e lhe perguntou: "você não queria tanto essas balas, por que, então, não comprou ainda?". . . O senhor teria respondido: "porque o carro não passou ainda, se eu tentar atravessar antes dele passar ele vem bem rápido e me atropela e me mata na hora, papai, o senhor já esqueceu? O senhor me ensinou isso há pouco". E quando o senhor disse isso todos riram muito do senhor e todo mundo começou a dizer que o filho do rei era retardado. . . E foi por isso que o senhor foi mandado para bem longe, o seu pai espalhou uma notícia inventada por ele que o senhor tinha morrido, pois, o tirano do seu pai tinha muita vergonha disso que aconteceu, e o senhor ainda no mesmo dia desse acontecido e dois dias antes de ir para bem longe, envergonhou mais uma vez o seu pai, ele contou uma mentira social e o senhor o desmentiu dizendo: "Papai, a mamãe disse que é feio mentir e que os bons meninos sempre falam a verdade". . . E isso deixou o seu pai muito mal com os diplomatas de outros países em uma reunião muito importante e o vosso tirano pai ficou furioso. E a sua mamãe ficou muito triste com a sua partida e morreu de tristeza em poucos meses. . .
E o grande monarca ouvindo tudo isso quase chorou perante os seus súditos e depois disse:
— Pobre mamãe, eu amava muito ela. . . Eu acredito que eu tenho autismo bem leve, por isso que teve esse problema com a recomendação do meu pai, eu era muito ligado a mamãe, mas eu não entendia muito o modo de falar das pessoas, o que elas falavam era muito estranho para mim, mas eu confiava muito na minha mamãe, eu ficava impressionado como ela sabia de todas as respostas das coisas que eu lhe perguntava, ela sabia os horários de todas as coisas, hora de comer, hora de dormir, hora de tomar banho, hora de brincar, a hora que vai ficar de noite, e eu ficava muito encantado e impressionado com ela por causa disso, um dia eu falei isso para minha babá, e ela me disse que minha mamãe sabia de tudo isso porque ela olhava no relógio e ele contava para ela as horas de cada coisa, ai eu fiquei mais maravilhado ainda, pois, como ela conseguia ouvir o relógio falar? E ainda dizer as horas das coisas para ela corretamente? Mamãe sempre me dizia que os meus brinquedos pediam para ela me avisar que eles queriam ser guardados depois de que eu acabava de brincar com eles. . . E eu obedecia. . . E por ela ter todo esse poder de resolver tudo e podia conversar com todas as "coisas", então, eu não me preocupava mais com nada, já que, eu já sabia que era só obedecer o que ela me mandava fazer e pronto, já que eu percebi que ela sempre queria o melhor para mim, e eu sabia disso porque eu, da mesmo forma que ela queria o melhor para mim, mas eu já sabia que eu não sabia o que era melhor para mim, e eu sabia que ela sabia o que era melhor para mim. . . E eu tinha até já desistido de tentar entender as coisas, e de querer entender o mundo que estava a minha volta, percebi que era complicado demais. . . Porém, eu percebi que eu não precisava mais tentar entender o mundo, pois, eu tinha a minha mamãezinha só para mim para sempre, todas as horas e era só eu lhe perguntar tudo e ela iria me orientar em cada situação. . . E antes de eu entender tudo isso, toda vez que eu tentei fazer as coisas por mim mesmo eu sempre errava, eu chupava bala e depois eu levava uma bronca dela porque não estava na hora daquilo era hora de fazer outra coisa, eu brincava e me sujava e levava uma outra bronca porque estava na hora de dormir e não de brincar, tudo que eu fazia por mim mesmo estava sempre errado, todas as vezes, e eu, sendo assim as coisas, percebi que as crianças não sabem das coisas, só as suas mães que sabem de tudo, pensei, logo, eu comecei a sempre perguntar e seguir as suas ordens e ensinamentos, eu entendia que quem lhe dá as orientações, o faz: porque te ama. . . Foi por isso que, mesmo eu estando perto do homem que vendia as balinhas resolvi andar tudo aquilo e perguntar para minha mamãe, pois, eu não sabia se eu podia comer as balinhas naquela hora, se não iria já anoitecer ou se era hora de tomar banho ou hora de outra coisa e também se eu poderia ir em um lugar sem ela autorizar, e como eu nunca tinha atravessado uma rua sozinho, eu tinha percebido que havia coisas que eu podia fazer e coisas que eu não podia fazer, e coisas que eu precisava de altorizações dela e, sendo assim, eu entendia que eu precisava saber se naquela questão eu tinha ou não autorização e se eu tinha essa opção de perguntar e não levar uma bronca então preferi perguntar, eu não queria levar outra bronca nunca mais, pois, eu não gostava de levar uma bronca da mamãe, e ela ficava tão feliz quando eu fazia as coisas certas e tão triste quando eu fazia as coisas erradas. . . E eu gostava tanto de deixar a minha mamãe feliz, e, então, eu seguia com muito gosto a todas as orientações que recebia dela. . . Era por isso tudo que eu confiava tanto em minha querida mamãe, e foi por isso também que acreditei que o meu pai era igual a minha mamãe que sabia de tudo e era só eu fazer exatamente que ele estava ensinando e fazer exatamente o que ele me orientou. . . E foi por isso que eu prestei bem atenção em cada palavra que ele me disse, e ele disse que "o carro iria vir em uma velocidade muito rápida e me atropelar e me matar se eu atravessasse antes dele passar, portanto, eu obedeci como sempre, eu queria muito as balas, mas eu não queria morrer e nem desobedecer meu pai e levar uma bronca por morrer sem ele dizer que não estava na hora de morrer. . . O pior que eu não sabia o que era ser atropelado e muito menos o que era morrer, mas eu percebi que eram coisas importantes e que eu não deveria fazer e, nesse caso, era só eu esperar para atravessar somente depois que o carro passasse, eu achei bem simples obedecer e obedeci. . . Eu imaginei que o carro iria se movimentar bem rápido, como um raio, por isso que seria muito importante só atravessar depois que ele passasse. . . Senão por que ele falaria aquilo tudo com tanta ênfase e expressões? Mas o meu pai poderia muito bem ter percebido que se uma criança caminha tudo isso para perguntar uma coisa é porque essa coisa é muito importante para ela, e se a criança tivesse capacidade de interpretar corretamente uma ordem que foi dada de maneira tão equivocada, ela não precisaria ter andado tanto para pegar as informações, a criança teria atravessado a rua sozinha e comido as balas sozinha e sem ninguém ficar sabendo. . . Bem que o meu pai poderia ter falado corretamente: "meu filho, você pode ir sim, nessa rua quase não passa carro, mas preste atenção, olha para os dois lados, se você não avistar nenhum carro pode atravessar tranquilamente, mas se você, meu filhinho, ver um carro em movimento espere ele passar e somente depois atravesse em segurança total " . . . E depois que aconteceu isso a minha mamãezinha me mandou estudar muito sem parar. . . Para eu conhecer a verdade e ela me libertar. . . E eu obedeci. . . Fiz isso por toda a minha vida. . . Sempre buscando a verdade. . . Sempre estudando os grandes sábio que esse mundo produziu. . .
E o povo ouvia com atenção e respeito tudo o que o monarca dizia:
— Por isso que, desde essa tenra idade, quando fui para o oriente, nunca mais tive notícias de meus pais… Eu estudei matemática, física, astronomia, biologia, botânica, psicologia, direito, estudei vários idiomas, estudei música, teatro, dança, artes marciais, todas as ciências e filosofias… Eu diria que os filósofos, os grandes sábios, os cientistas e os poetas de todos os países e de todos os tempos se expressaram, cada qual em sua própria língua, mas, neles inflamam o mesmo fogo do saber. Meus queridos súditos, se vocês soubessem a sublime felicidade que experimento ao entender os grandes sábios de todo o mundo em seus respectivos idiomas, vocês, com certeza, iriam igualmente querer conhecê-los! Eu conheço muitas coisas graças a esses gênios maravilhosos… Consigo entender sobre a natureza, sobre a mente humana e sobre tudo que esses sábios puderam pôr em livros, já que, tudo que o pensamento humano inventou, conheceu e descobriu durante os séculos acha-se gravados bem lá dentro da minha cabeça, graças aos livros que eles escreveram e que foram lidos por mim…
E tendo o rei falado tudo isso, o povo o observa com admiração e ele diz:
— Sou mais inteligente que cada um dos autores de todos os livros, pois, tive a oportunidade e a grande satisfação de conhecer e de estudar tudo o que, cada um deles pensavam! Eu, por me dedicar a cada um deles, sou capaz de julgar cada evento do mundo segundo os pensamentos de cada um dos grandes filósofos, de cada um dos grandes sábios e poeta que já existiu, pois, eu os conheço profundamente! Sou capaz de me por no lugar de cada um deles e ver o mundo como eles enxergaram e como eles enxergariam hoje em cada evento e ou circunstância.
Quando o rei diz isso tudo isso ele ouve:
— Longa vida ao nosso grande rei!
Gritou um súdito.
— Longa vida ao rei!
Responde o povo em uma só voz feliz por ter um rei tão sábio e justo.
E o rei diz:
— Se vocês estudassem as filosofias de todos os tempos dos os grandes homens como eu fiz, poderiam ser tão sábio quanto eu sou!
O rei ouve novamente:
— Longa vida ao nosso querido rei!
Grita um outro súdito.
— Longa vida ao maior dos reis!
Responde o povo em uma só voz novamente.
E o rei faz sinal com a mão querendo terminar de falar:
Agora vou contar sobre como cheguei até aqui: faz um ano que um grupo de pesquisadores e cientistas foi ao oriente onde eu moro. . . Eles estavam lá para testar a inteligência e a espiritualidade do meu tio e me testaram do mesmo modo e descobriram que eu era o mais sábio entre todos homens que já existiu, e então, publicaram os resultados dos meus testes em várias revistas e jornais do mundo todo… E é por esse motivo que essas emissoras de televisões estão aqui me entrevistando… Essa entrevista era para acontecer nas longínquas montanhas do oriente, mas, como tive que me mudar para cá e reinar, todos esses repórteres estão aqui.
— Vida longa ao rei!
Disse mais uma vez um dos súditos.
— Vida longa ao rei!
E mais uma vez em uma só voz o povo falou e o grande monarca disse.
— Mas, continuando a falar sobre mim, gostaria de dizer que eu não quero ser o rei… Quero voltar logo para os meus estudos, pois, quero ser iluminado, quero encontrar a verdade… Estou aqui porque não tem outro membro da família real que possa reinar e fui convocado para ocupar esse cargo provisoriamente até ser possível coroar outro rei e ele assumir essa responsabilidade de governar… Mas o que eu quero mesmo na verdade, com ajuda dos grandes sábios e entendidos, fazer desse reino uma Grande República e entregar ao povo. . . E Tudo se transformar em um Estado de Direito. . .
Eu, com a ajuda de todas as pessoas, vou fazer com que nessa nova república que o mundo vai conhecer e nesse novo lugar, quero que todas as pessoas se empenhem para ensinar uns aos outros o significado de cada uma das palavras importantes para se comunicarem com qualidade para o bom entendimento, quero que vocês se empenhem para ajudar uns aos outros a pensarem criticamente, quero que todos se empenhem para serem pessoas bem melhores que o são nesse momento, quero que esse novo país, essa nova república seja profundamente democrática, e quero que seja uma plena democracia direta na qual cada cidadão, pleno, poderá votar em leis ou normas para aprovar elas ou para desaprovar que lhe são de sua competência e de seu interesse. E isso tudo será feito online de sua própria casa, por isso que se faz necessário que entendam as ideias, os conceitos e tudo que lhe é importante saber e entender para ser um cidadão pleno nessa república nascedouro exemplar. . . Mas quem não conseguir entender corretamente os projetos de leis que está sendo proposto não poderá ter oportunidade de votar, terá que estudar mais, pois, terão que debater as ideias e precisarão fazê-lo corretamente para o bem dele e para o bem de toda a nação. Mas haverá parlamentos, senado, suprema corte e todas as instituição de pessoas notáveis para fazer as leis que o povo não seria capaz de votar, por isso "essas casas" precisam existir para a manutenção e a aplicação das leis. . .
Nisso o rei aponta o dedo mais uma vez:
— Vocês estão vendo aquele homem ali na frente com aquela máquina estranha? Ele está filmando a minha espiritualidade, está medindo o tamanho da minha aura! Ele também trabalha para aquela renomada agência espacial do estrangeiro e faz parte dessa equipe de cientistas…
O rei faz outra pausa e diz:
— Querem medir o tamanho da luz que fica ao meu redor quando eu estou filosofando e quando estou pensando… Eles me disseram que é uma pesquisa muito importante… Porém, nada disso tem qualquer valor para mim, estou muito velho e preciso muito descobrir a verdade e publicar um livro que possa ajudar as pessoas a serem livres da mesma forma que eu… Não posso perder tempo governando esse país… Eu precisaria ser eterno para ter tempo para encontrar o que preciso, e através dos meus estudos nunca fiquei sabendo que pessoas pudessem viver eternamente, só os livros são eternos, tudo aqui é perecível, tudo morre e logo certamente morrerei… Tenho pressa, tenho sede de saber, preciso voltar à minha busca! Eu me sinto vazio, apesar de todo o meu saber, sinto-me um nada, sou vazio… Quero descobrir o porque que existe a vida na Terra, saber o que justifica a vida, o porque nascemos? Qual o propósito disso tudo? Para onde vamos quando morremos. . . Quero muito todas essas respostas. . . Até agora eu só sei que não sei de tantas coisas assim, sei que devo sempre escutar as pessoas, escutar elas e entender exatamente o que querem dizer com as palavras da maneira como entendem, deve entender o que elas estão falando realmente e nunca entender o que eu quero entender, ver o mundo com os olhos dela, ver o mundo com a verdade dela. . .
Ao findar essas palavras, o rei senta em uma cadeira que lhe trouxeram para descansar, e o motorista fica bem perto do homem mais sábio de todos os tempos, e pergunta-lhe em seguida:
— Majestade, posso ir então? Posso estar com o meu filho? Eu queria te dizer que vou doar o meu carro para alguma instituição para que eles vendam e cuidem dos pobres com o dinheiro arrecadado… Quero apenas o que realmente vale a pena na minha vida: minha família e o meu amor por eles… De agora em diante, graças ao senhor, majestade, eu não quero mais possuir coisas caras. . .
O rei responde-lhe com uma expressão de orgulho pelo que o motorista lhe diz:
— Sim, meu bom homem, pode ir sim, espero que realmente tenha aprendido uma grande lição hoje… Espero que tudo o que aprendeu aqui seja de grande valia para você e sua família… Espero que você ajude ao seu filho a perceber as coisas que têm um valor realmente verdadeiro… Espero além disso que você, sempre que possível, diga a todas as pessoas que encontrar pelo seu caminho, sobre os seus erros e ajude-as a entenderem a importância do que é verdadeiro na vida… Vá em paz, olho para você e não vejo crime algum desde que o vi no primeiro momento, tenho muito estima por você… Vejo apenas uma pessoa que não teve oportunidade alguma de saber as coisas importantes, igualmente a qualquer outra pessoa… Porém, acredito que seus pais igualmente não tiveram oportunidades de saber das coisas realmente verdadeiras e não puderam instruí-lo da maneira correta. Agora, com essa nova lei dos cursos e depois os testes para ter uma autorização para se ter um filho, esse ciclo de educação ruim vai ser quebrado, teremos novas gerações de bons pais, e eu confio em você para ajudar nessa questão de termos bons pais. Vá em paz, meu amigo… Depois vá às universidades, às escolas, aos hospitais, às praças públicas, aos presídios e a outros lugares, e ensine ao povo o que aprendeu com os seus erros, ajude as pessoas a não cometerem os mesmos erros que você cometeu… Volte aqui um dia, antes da minha partida para as montanhas do oriente… Traga o seu filho, pois, eu gostaria muito mesmo de conhecê-lo… Não vejo maldade alguma em você… O meu coração bate junto com o seu! Vá em paz… Meu amigo. . . Considero-lhe uma pessoa digna. . .
Quando o rei termina de dizer tudo isso ao motorista ele, em meio a diversas emoções e sensações variadas, lhe dá um forte abraço e muito emocionado diz ao rei:
— Majestade! Nunca vou me esquecer do que fez por mim, em todos os dias de minha vida, vou lembrar do senhor, e vou me espelhar na sua maravilhosa sabedoria… O senhor é um exemplo para mim. . . Sempre, quando eu estiver em uma situação difícil, antes de tomar uma decisão, vou me perguntar: "Se o grande rei estivesse aqui, no meu lugar, como que ele, de maneira sábia e justa, resolveria isso?". O senhor, alteza, é um modelo para mim e para o mundo! E vou me inspirar em Vossa alteza e resolver todas as questões baseado em você, e sempre vou me perguntar: "como o rei resolveria isso se ele estivesse aqui"? Essas emissoras de TV fizeram muito bem realizar esse evento, pois, eu não conheço outra pessoa que poderia ser um exemplo melhor de conduta, o senhor é o melhor modelo que já existiu em qualquer tempo em todos os lugares do mundo.
E tendo dito isso o motorista agora já totalmente perdoado pelo grande rei, e em meio a muito pranto em reconhecimento, dá-lhe outro abraço bem apertado em profunda gratidão ao homem que heroicamente agiu se arriscando muito e salvou a vida e diz ao grande e justo monarca:
— Que, Jesus Cristo, o filho de Deus, o ilumine, hoje, amanhã e sempre! Espero que o senhor, Vossa majestade, e meu amigo, meu protetor e salvador da minha vida, seja cada vez mais sábio e justo com a graça e a ajuda do nosso Deus todo poderoso!
Ao ouvir o motorista citar o filho de Deus o rei faz uma grande expressão de espantado e de muito confuso em seu magro semblante e pergunta ao seu interlocutor que ainda está à sua frente se preparando para ir embora e ver o seu primeiro e único filho que faz no dia de hoje aniversário de dois aninhos de idade e lhe espera em uma festa ansiosamente para ver o seu papai que lhe prometeu que nunca mais iria trabalhar demasiadamente e ficar muito tempo com ele. Mas o monarca lhe pergunta quando o motorista já tinha dado meia volta em seu corpo dando um passo pegando o caminho para sua casa ao encontro de sua família:
— Você falou filho? Filho de um deus? Você é um dos que também conhece essa pouco conhecida e muito desvalorizada lenda que o jardineiro me contou ontem? Ou você estava sorrateiramente próximo de nós ouvindo a nossa conversa?
E o motorista o respondeu:
— Não, majestade, Jesus disse “sou o caminho, a verdade e a vida”, e eu não tenho a menor dúvida a esse respeito: eu vou a igreja, sou batizado, e sei que só Jesus é o Senhor dos Senhores, sei que só ele pode salvar o mundo, nenhum outro pode salvar ninguém! Só ele é digno de ser seguido! E ele morreu por nós que cremos dele e na sua glória infinita e absoluta. . .
E ouvindo isso com muita atenção o rei muda o seu semblante radicalmente e diz ao motorista solenemente:
— Se tudo isso que ouvi ontem for verdade, e se realmente você acredita em Cristo eu lhe digo que és um miserável! És um homem desprezível!
O motorista que até esse momento nútria uma admiração muito grande pelo rei, acha agora que, ele não era tão sábio como antes, pois, ele parecia não crê em Cristo e pergunta-lhe com desdém:
— Sou miserável por ser um belo cristão, por quê? Não entendi mesmo… Todos sabem que miserável é quem não aceita o Cristo. . . E se o senhor não crê em Jesus quem é miserável é você, mesmo sendo um rei, e eu sinto muito por você e sua alma, a sua vida foi em vão. . . Sinto muito por você ser do jeito que é. . .
O motorista se mostrando super convicto disse isso dando de ombros ao poderoso monarca. Mas depois de um instante fica muito confuso com o que foi dito pelo rei, já que, há pouco o monarca se arriscou muito para lhe salvar a vida e ainda lhe disse que sempre acreditou que ele era inocente, e disse mais além, que o seu coração batia junto com o dele.
Nisso o rei olha para o motorista e diz:
— Agora não o vejo como sem culpa em relação à morte dessas crianças inocentes, na verdade, acredito que você realmente é um ser desprezível!
O motorista olha para o rei perplexamente, esse rei acaba de lhe salvar a vida e disse-lhe há pouco que ele era inocente. Mas depois que lhe disse ser um cristão, chamou-lhe de desprezível. Será que o rei odiava a Cristo e por influência desse ódio todo então despreza seus seguidores por vingança?
Pensou o motorista, o homem mais confuso de todo o Universo nesse instante e pergunta ao rei em voz bem baixa:
— O senhor odeia tanto o Cristo, majestade, a ponto de ser extremamente injusto assim com os seus seguidores?
— Não, claro que não… Eu o amo verdadeiramente, desde ontem, assim que o conheci, mesmo acreditando ser uma simples e maravilhosa lenda desconhecida.
E o motorista cada vez mais sem conseguir entender o que está acontecendo, pergunta ao monarca:
— Por que insinuou que sou um miserável quando lhe disse ser um cristão? Não entendo…
E o rei olha para o motorista que está muito confuso e lhe responde:
— Você não está entendendo direito a verdade dos fatos e das atitudes mesmo, percebi logo, está evidente isso…
Disse o rei decepcionado e ainda pensativo e continua falando com o motorista:
— Meu tolo amigo, pelos frutos se conhece uma árvore: há uma grande diferença entre as atitudes que você teve e as atitudes de um (verdadeiro) cristão. O modo de agir é diferente se conhecemos ou não a Cristo… Pelas suas atitudes agiu como se não o conhecesse, ou pior ainda, agiu como se tudo que ele ensinou não valesse a pena, você ignorou tudo que o Messias ensinou… Não o vejo mais como um inocente. Como você o conhece então é culpado. A sua atitude foi bem pior do que aquele que o negou por três vezes… Com suas atitudes, o negou por várias vezes… Você o negou a vida toda… Desprezou ele verdadeiramente… Você fez a missão dele ser inútil… Tudo o que Jesus fez, tudo o que Cristo ensinou, tudo o que ele pediu, tudo foi desperdiçado por você… Tudo o que ele fez foi em vão para você. . . O sacrifício dele lhe foi sem valia alguma.
O rei diz isso ao motorista que quando ouve suas palavras entra em pânico, já que, lembrou que o rei era muito sábio e talvez ele estivesse falando coisa séria e pensa que realmente poderia ser um ser desprezível realmente.
Nesse momento o rei olha focando nos seus olhos e diz:
— Se você, meu amigo infeliz, conhecesse a Cristo e o reconhecesse como um mestre não deveria então ter tido essas atitudes tão “sem espiritualidade”… Você disse há pouco “Só ele é digno de ser seguido!”, mas não o seguiu! Suas atitudes não foram definitivamente de um seguidor de Jesus… Uma pessoa cristã não daria tanto valor a um veículo tão caro como você deu a esse carro cheirando a bebê, agiu muito errado quando o seu carro estava parado e esperava a sua cunhada e percebeu o revólver e pensou em tudo aquilo que me disse… Uma pessoa que conhece as palavras de Cristo, são libertadas por elas, então, meu amigo, você, jamais poderia temer a morte já que Cristo afirmou que a morte não existe, jesus disse que nós apenas dormimos, e seremos acordados no dia do Juízo Final. . . Alguns depois do Julgamento irão para o céu, a verdadeira vida, a vida eterna, os outros vão para o logo de fogo, para a verdadeira morte. . .
E o motorista disse ao rei:
— Mas, majestade, entenda, o meu pai sempre me incentivou a ter esse carro, e eu queria lhe agradar, afinal ele é o meu único pai.
E o rei cheio de compaixão do motorista lhe informa:
— Quando a pessoa conhece Cristo ele conhece a verdade e a verdade o liberta de tudo o que é errado, quando alguém se torna seguidor de Cristo, essa pessoa passa a ser filho de Deus e passa a fazer as coisa que o Verdadeiro Pai incentivou a fazer, você deveria querer agradar ao Pai do Céu, quem ama mais o seu pai ou mãe mais do que ao Pai do Céu não é digno de Jesus Cristo e sua salvação. você, deveria ter renunciado todas as coisas que o Verdadeiro Pai de um verdadeiro cristão manda fazer. Você, mesmo depois que conheceu ao Cristo, continuou a fazer as coisas erradas que o seu pai da terra lhe incentivou a fazer e de tal modo nem se importou com os mandamentos de Deus, o seu novo Pai. Você quis viver na velha aliança, abriu mão da nova, não quis ser filho de Deus. Jamais um filho de Deus poderia juntar coisas que as traças e a ferrugem devoram, antes, deveria ter buscado garantir os tesouros no céu, e a sua eterna salvação.
E o motorista cada vez mais assustado tenta explicar ao monarca:
— Mas, vossa majestade, não está escrito: "para honrar o pai e a mãe?"
E o monarca lhe esclarece:
— Sim, mas quem é o Pai de um cristão? Não seria Deus? Essas frases pertencia a velha aliança que caiu por terra quando João começou a preparar o caminho para Jesus, e, foi ratificado quando Cristo cumpriu a sua missão dada pelo Pai, já que, agora estamos na nova aliança há dois mil anos já, na aliança da Graça, somos filhos de Deus, então somos todos irmãos e Filho de Deus, o nosso Pai, e é Ele a quem deveríamos somente a honrar. . . Você não entende mesmo que deveria renunciar ao seu pai da Terra e só honrar o seu Pai do Céu. . .
E o motorista cada vez mais assustado diz que jamais poderia não fazer o que o pai dele manda e que sempre vai amá-lo. E o monarca lhe responde:
— E você faz muito bem em amá-lo, porém, não deve amá-lo como amava antes de conhecer a Cristo, deve amá-lo de maneira bem diferente da qual era antes de conhecer a verdade de Deus que foi ensinada por seu filho. . .
E o motorista cada vez mais sem saber o que dizer o interrompe mesmo assim:
— Devo amá-lo bem menos é isso que você insinua que faça, majestade?
E o monarca lhe responde prontamente:
— Não, você deve o amar bem mais, bem mais mesmo, talvez mil vezes mais do que você o ama agora.
E o motorista fica tonto sem conseguir entender o que o monarca quer dizer:
— Majestade, eu não entendo, como devo amar então ao meu pai?
E o monarca lhe diz:
— Deus, o nosso Pai, AMOU DE TAL FORMA O MUNDO QUE DEU O SEU FILHO UNIGÊNITO PARA MORRER POR NÓS. . . Você deve amar o seu pai igual ao modo que Jesus Cristo, o filho de Deus, amou toda a humanidade. Jesus, deu o seu último mandamento que é o resumo de todo o evangelho, um resumo de toda a nova aliança, AMAI-VOS UNS AOS OUTROS IGUAL EU OS TENHO AMADO. Então saiba que o modo que você ama o seu pai nem se comprara ao modo que você como cristão deveria amá-lo, você deveria amá-lo como um irmão em Cristo e obedecer aos ensinamentos de Jesus, foi o Pai dele, o nosso Pai que mandou que assim fosse feito. E se você tivesse obedecido o Pai certo teria honrado o Pai certo.
O motorista muito mais assustado ainda ouve tudo e depois, novamente, querendo se explicar e convencer o monarca que ele sim que está certo e não o monarca lhe diz:
— O senhor não entende, majestade, tive muito medo de ficar sem o meu filho… Tive medo de nunca mais poder vê-lo novamente! Por isso perdi a noção e corri para poder estar com ele! Eu estava apavorado! Por que o senhor tem tanta dificuldade em entender isso, todo pai quer estar com o seu filho, entendeu?
E o rei com cada vez mais compaixão do motorista que está cada vez mais assustado e chorando lhe explica:
— Se você seguisse os ensinamentos de Cristo, aquele a quem você mesmo disse há pouco: “Só ele é digno de ser seguido!", então, acreditaria que mesmo que morresse veria o menino novamente, já que, Cristo falou sobre o Reino do Céu e que um dia aqueles que o seguissem viveriam lá no céu eternamente junto a ele… Se você seguisse o que Cristo ensinou, nunca teria essas atitudes que acabou de ter. Um cristão não se apega às coisas desse mundo, ele, em primeiro lugar, busca as coisas do alto, quem crê, entende que Cristo tem razão quando disse para seus seguidores buscarem as coisas que têm realmente relevância e que as outras coisas seriam acrescentadas na sua hora, quando o Pai entender que é para o bem, pois, ele é justo e sabe muito bem o que fazer na hora que ele quiser fazer… Meu amigo, você se apegou demais a um sonho que não tinha nada a ver com as coisas do alto, com as coisas de Cristo… Você viveu para as coisas materiais, coisas terrenas e não ouviu os ensinamentos de alguém que é o seu mestre. Cristo disse certa vez: “por que me chama de mestre se não faz o que ensino?” Eu, meu amigo, digo-lhe que quando você estava dentro do seu carro, que cheirava a um bebê, e aquele garoto o assustou deveria estar preparado para tudo… Deveria saber que os assaltantes matam suas vítimas porque eles igualmente têm medo de morrer, medo de serem surpreendidos por suas vítimas. Se você tivesse se acalmado e se lembrasse de Cristo, teria mostrado ao “assaltante” que você não iria fazer mau algum a ele, teria ficado com suas mãos para o alto à mostra, para que ele não achasse que você teria a intenção de tentar matá-lo, deveria sair do carro sem puxar o freio de mão, para que o “seu inimigo” não achasse que você iria pegar algo para surpreendê-lo, deveria tê-lo acalmado, já que, um cristão tem as mesmas virtudes de Cristo, O Nosso Único Mestre. Acredito que se você mostrasse muita calma naquela hora, sairia tudo bem! Mas um cristão, na verdade, nem passaria por uma situação como essa, pois, um cristão nem teria um carro desses, jamais um cristão trabalharia tanto para acumular bens terrenos, bens materiais desse jeito que você escolheu ter… Sinceramente não vi em momento algum refletido em você a imagem de Jesus. O seu mestre é outro, com certeza não é Jesus… O jardineiro disse ontem que Jesus disse: “Mas aquele que me negar diante dos homens, eu também o negarei diante do meu Pai que está nos céus”.
Quando o rei diz isso o motorista tenta contra argumentar mais uma vez:
— Eu não queria morrer agora, queria curtir a vida, depois de tanto trabalho. Entenda isso, por favor, majestade!
E o rei lhe responde rapidamente:
— É você que não consegue me entender, meu amigo… Para um cristão, morrer é lucro, para um cristão, que está livre da ignorância, graças a verdade que ele conheceu e ela o libertou, pouco importa quando morrer, o que importa realmente é morrer em Cristo… Morrer é apenas dormir, sobretudo para um cristão! Você deveria se preocupar em ir para esse “sono profundo e tranquilo” praticando o que o Cristo ensinou… Isso sim… E “curtir” a vida eterna! E ainda eu lhe digo que todos que creem em Deu e seguem os seus ensinamentos são filhos de Deus, então o seu filho é um filho de Deus igualmente a vocês se seguisse os ensinamentos, então no reino dos céus você e seu filho são filhos de Deus, portanto são irmãos! E o Cristo disse que a vida verdadeira é a vida eterna, que essa vida terrena não é valor algum, ele disse que morrer é dormir, disse que morrer é ir para o inferno depois do julgamento dele, então, depois do julgamento as pessoas que abriram mão dessa vida, que renunciaram essa vida ganharão a vida eterna e os que se apegaram as coisas terrenas irão para o inferno junto com o governante desse mundo, Lúcifer, onde eles queimarão eternamente enquanto os filhos de Deus estão com ele lá no reino dos céus. . .
E o monarca ainda informa ao motorista o seguinte:
— E você nem deveria ter trabalhado todo esse tempo para ter esse carro, Jesus contava com você para trabalhar para ele, sim, trabalhando para Cristo, pregando o evangelho para as pessoas, alertando sobre a volta dele e o arrependimento e aceitação da palavra! Eu gostaria muito de entender que cristianismo é esse que você conheceu. . . O que será que os líderes de sua igreja lhe ensinou? Qual doutrina você segue? Será que pode um cego guiar outro?
E o rei olha para todas as pessoas que estão ali e pergunta:
— Quem aqui entre vós se declaram cristãos e entendem a importância de praticarem os ensinamentos e entendem que a fé sem obras é morta? Levante a mão direita para que eu veja a porcentagens dos que creem e dos ateus.
Quando o rei perguntou, noventa e nove por centos das pessoas levantaram suas mãos, muitas pessoas levantaram as duas para demonstrar ao monarca tamanho da fé que acreditavam ter em Cristo.
E depois disso se aproxima do rei uma mulher com uma criança no colo e olhando-o com desdém e com ironia e diz a ele:
— O senhor se acha tão sabidão assim como pode desprezar Cristo também? O senhor igualmente não se lembrou dele, lembrou-se dele só agora porque o próprio motorista o citou… O senhor é um hipócrita! Não acreditou que ele era o filho de Deus, por que, então? Você acreditou que o filho de Deus fosse uma simples historinha! Para mim você também o negou! Assuma o seu erro!
O rei olhou com compaixão para essa mulher e disse:
— Mulher, muita coisa que você disse é verdade… Concordo. Realmente não citei Cristo logo no começo, porém, quando estava dando a minha palestra sobre sabedoria há pouco lá dentro do palácio, pensei muitos vezes em falar. . . Iria comentar aos repórteres sobre Cristo, mesmo achando que era uma lenda. Porém, como eu pensei que ninguém a conhecia, então pretendia ensiná-la a todas pessoas quando eu arrumasse um bom método para fazê-lo ser conhecido. Eu não falei nada então, já que, na hora pensei em uma ideia muito boa de revelar ao mundo sobre Cristo e me calei sobre esse assunto. Veja bem, como ia falar naquele momento? Falar que, mesmo sendo uma lenda, seus ensinamentos são dignos de serem seguidos? Quem iria me dar ouvidos? Então, eu pretendia instituir essa "nova lenda" como uma inspiração divina a ser ensinada nas escolas para as crianças. A ideia era dizer ao povo que esse deus havia entrado em contato comigo. Eu ia mentir para fazer o bem ao mundo, então, foi por esse motivo que eu não citei Cristo na palestra. Mas, amanhã mesmo, pensava eu com os meus botões, iria convocar os sábios do reino para me ajudar a inventar um modo de fazer o povo conhecer essa novidade como uma inspiração divina. Esse era o meu grande plano… Entendia que Jesus poderia salvar o mundo com seus ensinamentos mesmo sendo um mito…
E tendo o rei dito isso, a mulher com a criança no colo, com uma certa ira diz ao rei:
— Jesus e nem Deus precisam de suas mentiras e o senhor não o citou no começo… Acredito que o senhor não ia citá-lo, muito menos fazer essa lei de ensinar nas escolas para as crianças… Não iria, não, e eu sei o porquê… Porque mesmo o senhor se achando muito sábio, não pode ver que ele realmente é o Filho de Deus e existe de verdade… Você o entregaria aos romanos se pudesse!
A mulher disse essas acusações ao rei olhando para o céu. E o rei diz ainda:
— Mulher, digo a você que no primeiro instante eu não achei mesmo que ele fosse o filho de Deus, eu já confessei isso, e sim ele era apenas uma lenda para mim. . . Quando eu ouvi sobre Jesus quando eu estava no jardim real. . .
Quando rei disse isso, a mulher ficou tão irritada com o ele que sem perceber ela soltou a pequena criança do seus braços que se chocou com o chão mas felizmente bateu o bumbum no solo fofo e ela deu um tapa no rosto do poderoso monarca e o filho dela chorou com a queda no mesmo instante do estralo do impacto de sua mão na face.
O rei não se importou com o tapa no rosto e não deixou os guardas prenderem a mulher e ele quis saber se o bebê estava bem e mulher lhe responde:
— Sim, está, mas não se preocupe com o meu filho, eu sei cuidar muito bem dele. Mas por que o senhor sabidão acreditou que Jesus Cristo, o filho de Deus era uma simples lenta?
Ela perguntou isso querendo ofender o rei por ele não perceber que isso só poderia ser verdade de tão obvio que é.
E o rei lhe responde assim:
— Eu realmente achei que Jesus fosse mesmo uma simples lenda, já que, faz dois dias que estou nesse reino e não vi, em momento algum, uma única pessoa, que tivesse uma única atitude realmente cristã. . . Nesses dois dias que estou aqui, não encontrei nas pessoas nenhuma única atitude que lembrassem os ensinamentos de Jesus cristo. . . Quando pediram que eu julgasse esse caso para ser um exemplo a ser seguido, pensei comigo mesmo: “se aquela lenda pudesse exercer alguma influência sobre esse povo, essas pessoas, com certeza, seriam a melhor civilização do mundo”… Porém, em momento algum enxerguei vestígios da presença de Jesus Cristo no coração de nenhum de vocês… As atitudes de cada um de vocês me levou a crer mais ainda que, realmente, Cristo só poderia ser uma lenda, e uma lenda desconhecida… Em momento algum, alguém disse algo parecido com o que um cristão diria… Ninguém fez um único gesto que o Cristo ensinou. . .
Quando o rei disse isso a mulher que já estava com a criança no colo novamente pergunta ao rei:
— O que diria um Cristão, então?
E o sábio monarca lhe responde empolgadamente:
— Citarei exemplos do que pessoas que conhecem a Cristo diriam na hora que o motorista acordou: “não podemos julgar esse homem, só Deus pode julgá-lo, Só Ele sabe o que se passa no coração desse homem”, outros diriam além disso" nós somos falhos, julgamos apenas pela aparências, vamos perdoá-lo, já que, é a vontade do Cristo " ou “devemos perdoar esse homem, já que, na mesma medida que o julgamos igualmente seremos julgados”, e outras diriam ainda: “não cabe a um cristão julgar ninguém, cabe ao cristão saber o porquê do seu irmão ter feito algo de errado e ajudá-lo a não érrár mais”, ainda outras pessoas diriam: “é claro que ninguém compra carros novos ou velhos para matar criancinhas, algo deve ter acontecido, vamos ver o que aconteceu e ajudar a sociedade de maneira tal que essas coisas não aconteçam novamente”, aí outro mais consciente da verdade cristã diria: “se acontecem essas coisas ainda é porque, nós, que somos cristãos não estamos fazendo as coisas certas, acreditou que estamos omissos, devemos ajudar as pessoas a entender a Cristo, ele nos confiou essa missão e o mundo não melhorou nada, e a culpa é toda de quem tem a verdade e não dá frutos para Cristo, deveríamos nos envergonharmos, temos culpa de muitas das coisas erradas do mundo, essas crianças aí, por exemplo, nós poderíamos tê-las ajudado e não o fizemos, nos furtamos dessa oportunidade, falhamos”. E outros se lembrando de outra passagem dos ensinamentos: “agora entendo o que o mestre quis dizer sobre os que se omitem, os tímidos, irem para o inferno”.
E a mulher ouve isso tudo se envergonha, vira-se de costas e vai para casa, abre os evangelhos e começa a ler.
Nisso, finalmente, os carros das autoridades responsáveis pela remoção dos corpos das crianças, levam os corpinhos em vários pedaços e o povo não sai mais de perto do grande monarca.
Nesse momento o mesmo repórter atento que sugeriu ao rei que julgasse o caso se aproxima dele e confessa-lhe:
— Majestade, confesso que em momento algum pensei em Cristo, sinto-me muito mal! Se dependesse de mim , eu teria matado o motorista… Quando vi essas crianças, desse jeito, lembrei-me dos meus filhos que têm mais ao menos as idades desses que aqui morreram… Naquele momento, coloquei-me no lugar dos seus pais.
E escutando essas palavras do repórter o rei o interrompe:
— Há pouco eu havia dito que não devemos nos pormos no lugar de ninguém, porém, agora, digo que esqueçam o que eu disse…
E dessa vez é o repórter que interrompe o rei:
— Não entendi… Há pouco o que o senhor disse temos que nos pôr no lugar do acusado e que era essa a mais sábia de todas as filosofias dos homens, digna de ser seguida!
E o rei responde prontamente:
— Eu disse aquilo porque eu era um tolo… Seguia a muitas filosofias dos homens tolos, mas, agora, não sou mais um tolo… Agora eu digo que sempre que acontecer alguma coisa nós devemos na verdade nos pormos no lugar de Cristo e pensar qual seria a atitude dele, devemos em todas as situações de nossas vidas, fazermos as coisas em comunhão com seus ensinamentos e a vontade dele… Eu digo isso porque nós, enquanto seres humanos somos falhos, somos influenciados pela emoção, pela falta de conhecimentos, e Jesus é o único que realmente é sábio e justo… Então a melhor maneira de se proceder é à maneira que Cristo ensinou… E, segundo o que o jardineiro do palácio real me ensinou: Cristo veio à Terra por vários motivos e um deles é ser um exemplo de conduta, o Deus se fez em carne na pele do seu filho para nos ensinar a viver como ele acredita ser justo. Essa vinda do filho de Deus à Terra é um presente de Deus às pessoas. Não se inspirar em Cristo que veio como um presente de Deus, é não querer ser filho Dele. Negar Cristo é negar um presente de Deus, é negar um convite para sermos seus filhos. O filho sempre quer agir como age o pai. Então o filho é como o Pai, age como Ele… Devemos em todas as ocasiões de nossas vidas nós fazermos uma pergunta: “se Jesus estivesse aqui em meu lugar, o que ele faria?”, com a resposta dessa pergunta as pessoas, os filhos de Deus, fariam as coisas do modo que fazem os filhos de Deus. Mas as pessoas poderiam fazer a pergunta de outra maneira: “se Jesus estivesse aqui do meu lado e eu lhe contasse sobre o que eu vou fazer, o que ele me aconselharia a fazer?”, então com essa resposta é só fazer as coisas de modo que o filho de Deus faria e você será filho de Deus também. Mas é muito importante conhecer os ensinamentos de Cristo para poder se fazer essas perguntas. . . E para ter as respostas certas. . . Imagine não entender corretamente os ensinamentos e fazer as coisas erradas e dizer que Jesus faria daquele jeito? Isso, com certeza é bem pior que clamar o nome de Deus em vão. . .
E nesse momento tudo que se ouviu foi um profundo silêncio e o rei disse:
— O jardineiro me contou a história de um homem que governava no tempo que Jesus estava na Terra, e ele estava tentando defender Jesus, o homem mais puro, justo e perfeito, e esse governante apresentou perante o povo Jesus e um assassino e perguntou a fim de libertar Jesus, pois, não viu crime algum nele: Qual querem que eu solte? O assassino ou a Jesus? E a resposta que ele ouviu do povo: Solte o assassino, solte o assassino. Depois o governante perguntou: Que farei então com Jesus? E todo o povo: crucifica ele! Então, está ai a resposta para aquele homem barbudo sobre deixar o povo escolher!
Disse o rei emocionado finalmente.
E tendo dito tudo isso o rei se espanta com o que acaba de perceber e diz:
— Prestem a atenção, todos vocês… Quero dizer-lhes algo muito importante!
Quando o rei diz isso todas as pessoas se preparam para escutar suas palavras e ele declara finalmente:
— Nos últimos dois mil anos, os homens fizeram muitas coisas, mas, porém, tudo o que a humanidade, criou, desenvolveu, imaginou, sonhou não serve para nada, se não servir para ajudar, entender, ensinar, divulgar (ide por todo mundo, pregai o evangelho a toda criatura), ensinar sobre Jesus, a vida, a missão, os ensinamentos, o amor (amai-vos uns aos outros assim como eu os tenho amado), o sacrifício e ressurreição…
E o monarca ainda diz:
— Comunico, solenemente, que não vou mais voltar às montanhas, não vou voltar a estudar o que disseram os grandes poetas, cientistas e filósofos ao longo dos tempos… Não vou mais procurar a verdade naquelas montanhas…
— Vossa majestade irá nos governar? Viva! Viva! Longa vida ao rei… — diz o repórter atento e o povo felicita “Viva! Viva! Longa vida ao rei… ”
E o rei explica:
— Eu não vou voltar às montanhas, porém, não vou governar também… Não quero governar nada, tenho coisas muito mais importantes a fazer…
— Vai procurar a verdade em outro lugar ou em outros livros? O senhor comprará uma nova biblioteca particular, majestade? – Insistiu o repórter atento.
E o rei o responde:
— Eu desprezo os livros, desprezo todas as coisas e a sabedoria deste mundo. Tudo aqui é frívolo, passageiro, ilusório e enganoso como uma miragem. Os sábios desse mundo são orgulhosos, porém a morte há de apagá-los… A imortalidade dos gênios desaparecerá com toda a terra. Eles são insensatos e seguem o caminho errado. Tomam a mentira pela verdade e o falho pela perfeição. Não trocarei o céu pela terra. Não quero compreendê-los, não quero a glória desse mundo, quero a glória do céu… Fiquei durante muito tempo procurando a verdade e agora a encontrei, na verdade a verdade me encontrou: a verdade é Cristo! Para evidenciar o meu completo desprezo por tudo aquilo que constitui a razão da vida terrena, recuso-me a governar. Não quero nada que possa ser diferente do que o Cristo me aconselharia a fazer! Eu renuncio ao meu reino terrestre, devotarei a minha vida ao reino do céu… Jamais trocarei um reino eterno por uma ilusão… Agora sim, me considero realmente sábio, pois, a minha vida será baseada em Cristo. A sabedoria Dele será a minha vontade atuante sempre e sempre até o fim dos meus dias aqui nesse mundo. E a partir desse instante sairei na minha missão de evangelizar as pessoas que não conhecem a verdade.
O Rei fecha os olhos e se ajoelha e diz:
— Jesus Cristo e o meu rei, ele que vai governar a minha vida, renuncio a mim mesmo e ele será a minha cabeça, agora eu não sou mais eu mesmo, sou o Cristo que vive em mim…
E após um instante o rei diz ainda:
— E acredito ser bem importante ceder agora o poder ao senador mais velho até haver uma eleição democrática.
E tendo dito isso o rei se aproxima do jardineiro do palácio e pede-lhe curvando-se diante dele:
— Você falou sobre o batismo… Tem algo que o impeça de que eu seja batizado por você, meu bom amigo?
E o rei, antes de se tornar cristão, ele começou a suar sangue e a verter lágrimas de sangue pelos olhos, pelos dois olhos, pelos dois olhos grandes que ele tem, porque ele ficou muito incomodado e muito arrependido de ter conhecido o Evangelho há um dia atrás, há quase 24 horas, e ele não ter percebido que aquelas palavras só poderia ter vindo de um Deus, devido ao diálogo sobretatural. E ele, com toda a sabedoria que ele julgava ter, não havia percebido isso e ele ficou quase 24 horas sem reconhecer que Jesus era o filho de Deus, que existia um filho de Deus. Por isso ele se auto-penalizou. Internamente, e para tirar o pecado dele, tirar o erro dele, o próprio corpo dele, a própria consciência dele, o martirizou e ele derramou o seu sangue no solo. Daria mais de um litro e meio de sangue que foi perdido por causa desse fato.
E o jardineiro prontamente o responde assim:
— Sim, eu posso sim, vossa majestade… Vamos ao lago do jardim do palácio real. — E, tendo dito isso, foram o rei, o jardineiro, os repórteres, os cientistas e os que puderam entrar no imenso jardim real. Ao término do batismo o jardineiro diz ao rei:
— Vossa majestade já está batizado… Embora esse batismo nas águas é apenas uma ilustração, é apenas o batismo de João, mas você está sendo batizado com o batismo de Cristo, com fogo e com o Espirito Santo de Deus.
Nisso o rei senti uma sensação que não é possível descrever e fica imóvel por uns instantes e quando volta si no instante seguinte responde ao jardineiro:
— Eu não sou rei, só Cristo é rei, só ele pode nos governar… Eu renuncio a tudo, meus bens, minha fama, meu poder, tudo…
O ex-rei diz isso, e dá um abraço no jardineiro e lhe agradece por ele ter ensinado a verdade e salvo a sua vida e diz ainda que ele havia perdido muito tempo tentando aprender a verdade através de filosofias inventadas por homens tolos.
Nisso o jardineiro fixa o olhar nos olhos do ex-rei e diz:
— Não diga isso… Os gênios desse mundo, de certa maneira, ajudaram-no a tornar-se sábio o bastante para que o senhor pudesse reconhecer Cristo como a verdade. E, em verdade, digo-lhe que se o senhor não tivesse ido às montanhas e estudado os gênios desse mundo nunca entenderia a Cristo… O senhor seria igual a essas pessoas, talvez fosse até um péssimo rei… Portanto, meu querido irmão agradeça a ele. Eu lhe digo que mesmo que eu o ensinasse sobre Cristo, o senhor jamais poderia entendê-lo e aceitá-lo sem ter exercitado o seu cérebro, o senhor seria igual a esse povo ignôrante… Esse povo que nem se lembra do nosso mestre… O senhor o chamaria de mestre, mas, apenas com os lábios, não seguiria seus ensinamentos com o coração.
E o rei disse ao jardineiro:
— Sim, meu irmão, entendi tudo isso que você me disse e, aproveitando o próprio conselho que eu mesmo dei ao motorista, vou às universidades, aos presídios, às escolas, aos hospitais, às praças públicas etc, e ensinarei a todos o que eu puder, que, através de Cristo, ou seja, através dos ensinamentos dele, poderemos nos salvar da ignorância desse mundo e começar a viver em Cristo, nos prepararemos para um dia encontrá-lo e poder chamá-lo de Mestre, sem a preocupação de ouvir dele essa resposta: — por que você me chama de mestre se não faz aquilo que eu ensinei? Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
E ao findar todas essas palavras o rei sai dali. O novo crstão vai pregar a verdade que tanto procurou, e agora muito feliz por finalmente tê-la encontrado.
Ele sai pensando consigo próprio: estudei com muitos mestres em livros e pessoalmente por oito dezenas de anos e foi em uma conversa de duas horas com um simples jardineiro que eu encontrei a verdade…
E andando sozinho pensa novamente: todas essas emissoras de televisões estavam procurando alguém sábio para dar ao povo do mundo todo uma sabedoria… Mas que tolos são eles… Não sabiam que Deus já havia dado ao mundo alguém para ser seguido: Jesus!
Dá mais alguns passos e pensa mais: Há dois mil anos, Deus olhou para a Terra e não viu nenhum justo e mandou seu filho para ser um presente ao povo, para ser exemplo de conduta a ser seguido e isso representava a nova aliança de Deus com o povo, do Pai com todas as pessoas que quisessem ser seus filhos… Mas, todas essas emissoras de televisões do mundo todo viram que o mundo não tinha um justo, e resolveram procurar um sábio em quem o povo pudesse se espelhar… Queriam dar ao povo esse presente, queriam me dar ao povo de todo o mundo… Acreditavam que eu era sábio… Como puderam esquecer de Jesus e seu convite para sermos seus irmãos? Como puderam esquecer que ele é o único digno de ser seguido? Que tolos são os homens!
Dois meses após tudo isso acontecer àquela citada agência espacial que estava no dia da entrevista com uma máquina especial para filmar a aura do rei fez um relatório sobre suas descobertas, mas antes de divulgar o resultado disseram que aconteceram coisas muito estranhas com o aparelho de medir as luzes que saiam do pesquisado. O aparelho estava muito perto do ex-rei quando ele chegou próximo ao local onde estavam as crianças atropeladas. Tentaram tirar fotografias que revelariam o tamanho da aura quando ele estivesse filosofando, porém, essas fotos sempre queimavam.
Parecia que havia muita luz em volta do rei, porém os cientistas responsáveis pelos estudos não enxergavam luz alguma. Essa máquina era programada para não deixar qualquer coisa desse mundo intervir.
Depois os pesquisadores resolveram ficar bem longe para ver se conseguiriam terminar o trabalho e quando eles finalmente conseguiram ver a aura do entrevistado descobriram que ela não era tão grande como eles imaginavam e isso gerou uma dúvida, o que fazia com que as fotos queimassem se não era a intensidade da aura do rei? De onde vinha a luz que queimava as fotos? Só depois os pesquisadores descobriram que essa luz vinha do jardineiro, descobriram que a aura dele era mais de um milhão vezes de maior que a do rei!
Os cientistas desses estudos, todos, mesmo sendo ateus, não tiveram dúvidas em afirmar que só um ser com a alma do tamanho de Deus, se ele existisse, poderia ter uma espiritualidade assim. E alguns dos cientistas que trabalhavam nas pesquisas se converteram ao cristianismo no mesmo instante.
Os cientistas vendo a sequência em que as fotos foram tiradas afirmaram que no momento em que o rei descobre que Cristo não era uma lenda e sim o maior presente que Deus deu aos seres humanos para ser um exemplo de conduta a ser seguido, a sua aura aumentou cem vezes. E quando o rei renunciou o seu reinado aumentou mais cem vezes a luminosidade de sua aura.
Os cientistas disseram que quando o rei foi batizado perceberam nas fotos uma luz intensa entrando nele e isso fez com que sua aura aumentasse milhares de vezes. E, quando o rei disse que sairia pelo mundo a pregar a verdade que acabou de aprender a sua aura quase que se igualava à do jardineiro, isso porque, segundo o próprio rei, a partir daquela data, não seria mais a sua cabeça que o governaria e sim Cristo. O rei disse que além de renunciar a tudo que ele tinha de bens materiais, renunciaria toda a sua própria sabedoria que aprendeu com as verdades dos tolos homens desse mundo.
Um mês após a conversão do rei ao cristianismo, ele saiu diante de todos e caminhou em direção à floresta. Algumas pessoas que estavam sob efeito de entorpecentes afirmaram ter visto o rei sendo levado para o céu, com anjos subindo e descendo ao seu redor. Muitos acreditaram que ele estava sendo arrebatado, mas poucos deram crédito a esses relatos. A polícia, preocupada com a situação, recolheu os entorpecentes restantes, temendo que representassem um novo tipo de droga perigosa.
E três meses depois que o rei deixou a vida de monarca quase todos os jornais publicaram em suas primeiras páginas que no dia em que houve o atropelamento e morte dos inocentes, o jardineiro visitou o velório das pequenas vítimas e conversou com os seus pais. Ele havia perguntado-lhes se eles queriam os filhos de volta e eles disseram que sim, mas que não poderiam tê-los mais. Disseram ao jardineiro que se eles pudessem tê-los de volta, fariam tudo bem diferente e que cuidariam direito deles. E quando eles acabaram de dizer isso o jardineiro sumiu diante de seus olhos. Eles ainda puderam ouvir um pedido do jardineiro: “daqui a noventa dias vocês poderão contar a todas as pessoas sobre mim”. E, quando a voz do jardineiro sumiu, e eles se abraçaram e ouviram vozes suaves, conhecidas, dizendo que estavam com fome e as pessoas choraram, as crianças por estarem famintas e as lágrimas dos pais eram de alegria. E eles pegaram as crianças e foram para casa alimentá-las e amá-las, dessa vez, de verdade.
E, terminando de contar esta história, o interno do Sanatório Municipal coloca a cabeça novamente através do buraco do muro e pergunta para as pessoas que estão do lado de fora no ponto de ônibus:
Ei!… Ei!… Psiu! Você acha verdadeiro? Ei!… Ei!… Psiu! Você acha justo?
O interno relata que o rei, ao abdicar do trono, teria afirmado que jamais poderia continuar a ser rei, pois o único verdadeiro Rei é o Cristo. Ele declarou que, para os cristãos, há um único Pai, que é Deus, e que todos os seres humanos são irmãos. Não importa se alguém era pai, filho, tio, bisavô, neto ou bisneto—todos são filhos de Deus e, portanto, irmãos.
Todos se entreolham e o interno diz para a vendedora ambulante:
— Você não seria uma boa governante, pois, para começar a história, a sua filhinha foi violentada por um homem que você mesma , a mãe dela, conheceu num bar. Você bebeu, embriagou-se, mostrou a foto da filha ao homem que se interessou por ela, e depois ele abusou da menina e a ameaçou de morte. Se ela contasse quem foi o abusador, a mamãe dela também morreria. Foi por isso que a menina não lhe contou quem a engravidou. Foi por medo que ela apanhou. Por isso que ela aceitou tudo o que aconteceu com ela, inclusive a expulsão de casa.
E você nem quis escutá-la… Eu a ouvi comentar com uma amiga ontem: "coitadinha dela!" Ela disse que você não a escutaria… Se você não foi justa nem com sua própria filha, como seria o seu governo de tiranias?
E, tendo ouvido isso do interno, a vendedora sai correndo, desesperada, gritando pelo nome de sua filha, esquecendo ou não dando mais importância alguma ao seu carrinho de cachorros-quentes.
O interno disse ainda:
— A verdadeira resposta para um conhecedor do Evangelho, um seguidor de Cristo, um convertido, seria assim: eu o perdoaria, já que só Deus pode julgar; só Ele conhece o coração do homem. Vamos ouvir o motorista a fim de saber como e por que ele errou e o ajudaremos a não errar mais, e a ajudar que ninguém erre mais pelos mesmos motivos dele. Quando ouvirmos ele, saberemos de tudo, mudaremos a estrutura da rua, dos carros e de tudo que for necessário para que possamos cuidar uns dos outros, pois somos fracos e não podemos, sem a ajuda de todos, fazer a vontade do Pai que está no céu.
E todas as pessoas que estavam no ponto de ônibus andavam envergonhadas, sem dizer uma só palavra.
FIM do meu livro
Apelo para Patrocínio do Audiolivro
Olá, queridos ouvintes e leitores,
Meu nome é Isaías Francisco de Amorim, e é com grande emoção e orgulho que compartilho com vocês o culminar de um projeto profundamente significativo: após anos de dedicação e esforço incansável, concluí um livro que explora como os ensinamentos de Jesus Cristo podem transformar nossas vidas, tanto nas pequenas quanto nas grandes questões do cotidiano. Transformei essa obra em um audiolivro, um feito que representa o resultado de uma jornada árdua e inspiradora. Estou imensamente grato por poder agora apresentar a vocês esta realização que, para mim, é uma verdadeira conquista e uma oferta sincera de luz e sabedoria.
Por que este projeto é importante?
Este audiolivro foi criado com a intenção de levar a mensagem de Jesus Cristo a mais pessoas, de uma maneira acessível e envolvente. Acredito que as palavras de Jesus têm o poder de transformar vidas, inspirar mudanças e trazer paz e esperança em tempos difíceis.
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Com gratidão e esperança,
Isaías Francisco de Amorim