Homilia de despedida...
-Que mais se sabe, do dia marcado e da hora exata? Certamente, nada.
Se não que é indizível momento, do indecifrável mistério Divino.
Desconhecido a todos, mesmo aos pretensiosos fanáticos e oscilantes, que permeiam as mentes mais escatológicas ou, hereges.
Reconhecendo-me de pouca significância e merecimento, ante Àquele que,
Tudo Sabe, Tudo Ouve, Tudo Vê e que Tudo Pode,
naquilo que o Faz Sê-lo para mim, “Ser Único, Supremo e Suficiente”.
-E é nessa condição de ínfimo valor, que eu queria, se ouvido e se possível fosse, é claro, ousar fazer-lhe ‘um’ pedido:
Queria...
Que no derradeiro dia, exatamente antecedendo o ensejo de meu finar, que meu partir se desse num dia em que se desenhasse no horizonte, majestoso Arrebol.
Que nem precisará ser o mais bonito, pois apesar de todos terem a sua magnitude, beleza e esplendor, e ainda serem irrepetíveis, vindos com a Tua marca e a Tua Autoria, que essa rogativa minha de último grau, possa suceder um extenso dia de Sol!
Também, reconhecendo o tamanho de minha insensatez, que segundos antes da hora do inadiável desenlace, debutasse para eu assistir pela última vez, 'neste' e no Teu Céu agora já, incrivelmente belo e avermelhado, a última Lua Nova que pudessem ver meus olhos, ainda vivos; mesmo que aceleradamente se fechando para o “além”.
"E era este, meu imerecido pedido"!
-E olha quanto atrevimento foi o meu, de fazer tal rogação...
A pensar, que eu nessas tortas e grifadas linhas anexas, havia lhe feito um só pedido para a minha “homilia de despedida”, excedo-me e ultrapasso meu senso de atrevimento, indo logo me estendendo; me atrevendo pedir-lhe no mesmo pacote, mais...vários...muitos outros...!
Pedi, sem saber que mereça (provavelmente, que não...), que me desse em meu epílogo, um belo dia de sol. E, por conseguinte que fosse este dia, bonito, a fazer-lhe descartar o restante de Tuas outras tantas belezas, constantes noutros dias (nem tão radiantes assim), como por exemplo, aquelas dos dias de chuvas...(e olha que poucas coisas se comparam aos encantos enxergados, presentes numa chuvisca de ouro ou de prata, que só Tu Meu Senhor, apenas Tu, é capaz de produzir; e do “nada”)
-Até aqui, dois pedidos já foram feitos a meu favor, sabendo que não mereça...
[Meu Deus, quanto atrevimento e quanta petulância de minha parte!]
-Ainda enfatizei, sabendo não digno de receber tal dádiva, pedindo que nesse findo dia de Sol, momentos depois viesse a surgir, por detrás dos montes um lindo Arrebol, precedendo uma portentosa Lua Nova, linda, desfilante ante meus olhos, neste momento já bem serenados...bem mortiços e quase partindo!
-Mas, não ligue não meu Senhor, às sandices que hora te peço. Pois meu maior bem, na coisa que mais amo e que gratuitamente me proporcionasses ser e fazer por todos os meus dias (sendo tudo, absolutamente de graça), foi de ter sido nessa minha alongada e árdua passagem, esse medíocre e releis poeta que sou, ou, que pensa ser; na qual por isso, te sou eternamente grato!
-Sem mais para pedir e sim, muito mais para usar esse diminuído tempo, (cada vez menor), mais para te AGRADECER; é que nesse momento, me despeço!
AMEM e BOA NOITE, meu DEUS
Ah! Agora, vou dormir para sonhar outros sonhos de poesias, não sabendo o tempo real que ainda me resta, para continuar a sonhar!
-Mas se for amanhã minha hora, ou a qualquer instante, penso que já esteja preparado, para seguir...