Meu Senhor, que tal um passeio no velho jardim?
Sinto que minhas palavras estão se esvaindo tanto quanto meu sangue.
Em breve meu Silêncio imperará em meu espírito genuíno.
Não posso estar ferida ou não saberei voar para perto de ti, por isso me aprisionei em meu recinto até que me cure por inteira. Minhas asas são belas, reais, sagradas, mas foram decepadas por maldita inveja. Tudo tu sabes, porque tudo tu viste. Novas asas nasceram em seu lugar e outra vez, malignidade quer decepá-las, mas dessa vez tudo é diferente porque não sou mais inocente como era antigamente em meu tempo de criança. Bastava alguém sorrir para mim e eu lhe sorria de volta, sem saber que aquele sorriso era armadilha. Ser criança me custou muito caro, pois fui ferida sem piedade e enterrada viva, chorei as lágrimas mais amargas que alguém já chorou, pois de meu inferno, vi tudo que acontecia por aqui, e vi meus traidores triunfando sobre aqueles que tanto amei. Como fazer essa história ficar para trás? Me diz, meu Senhor?
Minha Tristeza não é mais uma criança, ela cresceu e reinou sobre seus antigos sonhos.
Tudo agora será diferente, a começar do modo que falo contigo.
Sei recolher meu pranto, sei falar contigo em silêncio, sei caminhar no fogo sem gritar, pois fogo tornei-me na Guerra onde fui lançada. Hoje, o chamo para que me contes o que fizeste com os meus traidores; Porventura os trouxeste um a um para que olhassem em meus olhos? E o que meus olhos justiceiros seriam capazes de fazer com quem nos condenou ao tormento eterno unicamente por amarmos a Justiça e a Verdade? Vamos juntos descobrir?
Senhor, eu ainda sou capaz de perdoar quem for capaz de se humilhar verdadeiramente, sem sombra de hipocrisia.
Perdoar quem reconheceu sua malignidade me faz avançar no Jogo, e avançar é minha meta. Portanto...
Aos humilhados por próprio reconhecimento de suas malignidades... Meu perdão vos ofereço.
Quero ir mais além. Encerro minha prece de hoje lhe convidando para um bom bate-papo e quem sabe depois, daremos uma volta no velho jardim para reatarmos nossos antigos laços. O que acha, meu bom amigo?
Se eu tivesse que interpretar seu Silêncio nesse instante eu diria: "Me agrado de sua ousadia, pois sua ousadia é nobre"
É o que eu diria. Estou certa ou errada? Poderia me dizer? Boa tarde, Senhor
Léia Carmona Torres em 21 de dezembro de 2023 às 14h:53min