Oração aos abandonados
Pedido de perdão ao bem que, um dia, deixei sem olhar para trás.
Perdoe-me se lhe fiz doer.
Perdoe-me se não lhe dei amor.
Perdoe-me se lhe deixei com fome.
Perdoe-me se não lhe fiz calor.
Perdoe-me se não lhe dei a paz.
Perdoe-me se lhe fiz calar.
Perdoe-me se não lhe protegi.
Perdoe-me, meu bem, perdoe-me!
Perdoe-me, se quando lhe quis e tanto, que de medo e pranto do fim do nosso tempo, esquecei de amar o amor.
Perdoe-me, meu bem, perdoe-me!
Perdoe-me se em quando e quanto lhe quis fui perdendo o brilho, a paz, a serenidade.
Construiríamos de verdade um reino de faz-de-conta onde o rei é um tolo que adivinha o ontem e suspira felicidade.
Embriagado de um não saber o quê com coroa de ouro falso.
Perdoe-me, meu bem, perdoe-me!
Perdoe-me se lhe esqueci.
Perdoe-me se lhe fiz trair seus próprios sonhos.
Perdoe-me se lhe não dei um apelido carinhoso como código de nosso humor.
Perdoe-me se lhe não anunciei o fim.
Perdoe-me se lhe preteri.
À minha própria vida sem saída
Perdoe-me se lhe deixei para trás.
Perdoe-me se lhe não fiz companhia na vida como queria.
Perdoe-me, meu bem, perdoe-me!