O PÃO DESTA MANHÃ

Pai Eterno

dai deste pão,

do pão desta manhã,

a tantos cuja vida definha

pela ausência deste pão.

Olhai as carnes magras,

os ventres famintos,

os olhos assustados e opacos

da criança

que chora aflita a dor da negra fome.

Pai Eterno

dai um fim

neste filme de horror.

Dai deste pão,

desta massa que cobre de massa

os ossos do corpo esquelético

da criança que o bicho da fome assustou

– a vítima maior dos pecados dos homens.

Reparte, Senhor,

reparte do pão

que eu como,

que ele comes,

que nós comemos, aos pequeninos da terra,

às crianças que não conhecem o porquê das guerras,

que não sabem o que é um país,

que não sabem o que é um estado,

que não sabem o que é uma nação.

Senhor, tu sabes

que a pátria de uma criança faminta

é ter a barriguinha cheia

e viver num mundo feliz.

SGV (18/13/2000)

Sidnei Garcia Vilches
Enviado por Sidnei Garcia Vilches em 03/08/2023
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