O PÃO DESTA MANHÃ
Pai Eterno
dai deste pão,
do pão desta manhã,
a tantos cuja vida definha
pela ausência deste pão.
Olhai as carnes magras,
os ventres famintos,
os olhos assustados e opacos
da criança
que chora aflita a dor da negra fome.
Pai Eterno
dai um fim
neste filme de horror.
Dai deste pão,
desta massa que cobre de massa
os ossos do corpo esquelético
da criança que o bicho da fome assustou
– a vítima maior dos pecados dos homens.
Reparte, Senhor,
reparte do pão
que eu como,
que ele comes,
que nós comemos, aos pequeninos da terra,
às crianças que não conhecem o porquê das guerras,
que não sabem o que é um país,
que não sabem o que é um estado,
que não sabem o que é uma nação.
Senhor, tu sabes
que a pátria de uma criança faminta
é ter a barriguinha cheia
e viver num mundo feliz.
SGV (18/13/2000)