Louvado seja Deus!
Canto I
Oh, dia glorioso(!)
em que nós, filhos de Deus,
podemos adiar nosso adeus
por um perdão amoroso
do Filho misericordioso
que em nosso meio habita,
bem onde o peito palpita
e, ora calmo, ora ansioso,
cada um de nós interpreta
as parábolas dos profetas
como lhe permite o entendimento.
Daquilo que sei, Senhor, eu Te peço
que eu oferte algo bom em verso,
no que não sei peço Luz e Ensinamento.
Canto II
Mas não tão forte e a todo momento,
porque todos temos um limite
e tudo que criaste existe
com arestas para polimento.
Percebo, Senhor, ser mais polido
quem faz da própria imperfeição
o combustível de um coração
que a si acolhe e ao esquecido.
Passei muitas eras arrependido
até de erros que não cometi
porque sei, que diante de Ti,
os humilhados são escolhidos.
e os ímpios, favorecidos,
pouco guardam para si.
Canto III
No amor que Deus oferece
até o diabo se compadece
pois esta pobre criatura
vive sua triste amargura
por não poder se reconciliar
com o Pai, que muito o ama
nem viver, com a raça humana,
a arcanja promessa de um lar.
Fique claro que o Capeta
possui reino próprio, mas inferior
ao infinito em que o Senhor
vê passar cada cometa,
e enquanto o Coiso nos espeta
como sua habitual tarefa,
Canto IV
tem muito ser humano que blefa
pondo a culpa neste ser
que já foi luz do amanhecer
e hoje banido se professa.
Mas saibamos: livre-arbítrio
Deus nos deu com imparcialidade
e espera que a responsabilidade
exerçamos, porque aonde vamos
extirpemos a culpa, pois humanos
com bem e mal erguem cidades,
amores, projetos, vidas
então por que a ferida
não há que curar com bondade.
Gentileza gera gentileza,
busque usar uma toalha de mesa
com este simples pensamento
e verás, abrindo a janela,
que menos incomodará o vento.