EU RENUNCIO A TRISTEZA
Eu renuncio a tristeza que não me deixa ver na vida a beleza
Eu renuncio ao ego desanimado que à toa me deixa cansado
Renuncio a cara feia que não me faz atraente à pessoa alheia
Renuncio ao mal humor que me deixa totalmente sem sabor
Eu renuncio essa vontade de chorar que não quer me deixar
Eu renuncio essa lágrima constante que desaba todo instante
Renuncio a essa dor no peito que nenhum analgésico dá jeito
Renuncio ao aperto no coração que me oprime como maldição
Eu renuncio a aflição crônica que explode como bomba atômica
Eu renuncio esse nó na garganta que como um tumor se agiganta
Renuncio a vil amargura que sem nenhuma compaixão me tortura
Renuncio a esse amargo gosto que não me deixa serenar o rosto
Eu renuncio a esse doloroso pranto que rouba todo meu encanto
Eu renuncio o aborrecimento que cola meus joelhos no cimento
Renuncio a melancolia que mergulha minh‘alma em nuvem sombria
Renuncio a esse clima funéreo que me aprisiona com um jugo aéreo
Eu renuncio esse azedume que como ácido corrói meu bom costume
Eu renuncio esse estado lastimável que me torna um ser deplorável
Renuncio o espírito acabrunhado que me faz terrivelmente desolado
Renuncio a minha cor opaca que deixa a minha luz totalmente fraca
Eu renuncio esse sentimento depressivo como um líquido corrosivo
Eu renuncio essa posição envergada como de uma pessoa fustigada
Renuncio esse espírito angustiado dentro de um corpo penalizado
Renuncio a dor dilacerante a me devorar como monstro horripilante
Eu renuncio a sombra fastidiosa que me bloqueia a luz tão radiosa
Eu renuncio o pesaroso desconforto que me faz ser como vivo morto
Renuncio esse marasmo que não me deixa viver com entusiasmo
Renuncio a aparência lastimável para recuperar meu rosto amável.
Aberio Christe