EXORTAÇÃO

Aclamai aos inocentes, pois é deles a dor maior;

Abrandai ao furor dos incautos o sabor do sangue alheio.

Sem tu, mansidão, o sossego corre depressa;

Fica órfã, a criança cheirando a leite;

Em combate incesante, é o corpo jovial que perde a vida.

Nesse desespero, em movimento vacilante, os velhos, ensaiam um grito retumbante, mas em vão vontade;

Do barulho atordoante das bombas explodindo, ofusca-lhe os olhos, falta respiração.

Ao som assustador não há, tranquila, a paz.

Pobres criaturas, enquanto fogem desperadas, outras morrem;

Estes condenados, sem culpa alguma, tentam apagar em pensamento, atrocidades.

Dos corpos destroçados, membros estraçalhados, espalhados nas vias, o horror revelador;

Nas paredes de outroras enfeitadas, agora, chapiscadas, escorre, pinga a cor vermelha, o sangue.

A voz, do corpo decomposto, exorta:

--Aos criadores de qualquer guerra declarada; que não lhe falte o pesado fardo.

--Que o inferno seja sua morada.

--Que antes do fim da vida, sintam a dor ardente da maldade feita aos outros, de suas ações impiedosas.

--Sois vós, criaturas abomináveis, os feitores dos grandes males.

Carlos A. Borbosa.

In: Barbárie insuperáveis. Séc.XXI, Ano: 2022.

Carlos Alberto Barbosa
Enviado por Carlos Alberto Barbosa em 20/03/2022
Reeditado em 20/03/2022
Código do texto: T7476913
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