Noite
23h.
Abro as janelas do quarto e deixo a luz sair. Com ela, saem também os sons.
Sozinho, meus pensamentos começam a derramar de mim.
Eu tenho problemas. E eles ficam mais fracos à noite.
Estou protegido pela proto-madrugada.
Às vezes, o brilho lunar invade o quarto; às vezes, os sons do mundo ao redor entram sem fazer barulho.
Eu mergulho nesse silêncio para me proteger da vida.
Nada parece me assustar.
Ninguém vai me encontrar aqui.
Nem o sono. Nem o cansaço.
Esse mundo que eu encontrei é seguro.
Eis que sons naturais pedem pra entrar.
O barulho artificial insiste em ficar.
Cada um tem o seu lugar. Cada um tem a sua função.
O sol é injusto: revelou meu mundo. Aí vem sons, barulhos, meus problemas, a luz.
Agora é esperar um pouco mais. E torcer pra encontrar meu mundo de novo.