Noite

23h.

Abro as janelas do quarto e deixo a luz sair. Com ela, saem também os sons.

Sozinho, meus pensamentos começam a derramar de mim.

Eu tenho problemas. E eles ficam mais fracos à noite.

Estou protegido pela proto-madrugada.

Às vezes, o brilho lunar invade o quarto; às vezes, os sons do mundo ao redor entram sem fazer barulho.

Eu mergulho nesse silêncio para me proteger da vida.

Nada parece me assustar.

Ninguém vai me encontrar aqui.

Nem o sono. Nem o cansaço.

Esse mundo que eu encontrei é seguro.

Eis que sons naturais pedem pra entrar.

O barulho artificial insiste em ficar.

Cada um tem o seu lugar. Cada um tem a sua função.

O sol é injusto: revelou meu mundo. Aí vem sons, barulhos, meus problemas, a luz.

Agora é esperar um pouco mais. E torcer pra encontrar meu mundo de novo.

Paulo Jorge Jnr
Enviado por Paulo Jorge Jnr em 12/01/2022
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