Canção da esperança
Os meus olhos não vêem nada além de aridez.
No meu jardim, não mais flores, nem frutas vermelhas e cheirosas, mas troncos. Cortados, feridos, nitidamente destruídos pela dureza circunstancial que os atingiu.
Todavia, além das nuvens Teus olhos enxergam vida no meu jardim. Tua doce voz me sussurra que o que minha visão periférica é incapaz de ver as profundas raízes debaixo da terra, e para elas ainda há esperança.
Diante de Ti a sequidao se faz primavera,
há renovo para os velhos galhos secos,os troncos se fazem em árvores frondosas, frutíferas e perfumadas, brotos de vida pisoteiam as sementes mortas.
Tua graça refaz o que se desfez, tra(z)nsforma o que já não tem mais forma.
Os meus olhos não vêem nada além de aridez, mas Tua voz me grita: "Filha, em mim ainda há esperança".
"Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos.
Se envelhecer na terra a sua raiz, e o seu tronco morrer no pó,
Ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como uma planta."