O mistério da fé
O mistério da fé
Revelado em oração por Santo Agostinho
A o que observamos pelos sentidos. Um som, uma cor. Mas não percebemos que o sentido também informa agindo ao não responder. Se te pergunto se a luz é macia, me diz que não. Mas como disso sabe?
Sabe por que mesmo sem você perceber, o sentido informa como as coisas são.
Assim age o Espírito Santo no mundo. Os sentidos não o percebe e mesmo sem perceber pelos sentidos, os sentidos informam que Ele está ali. E só é possível perceber o que é Sagrado quando temos fé. Pois Deus comanda tudo, em seus mínimos detalhes, mesmo sem precisar comandar nossas ações. Pois Ele tudo sabe. E tudo é feito dentro de sua vontade, ao mesmo tempo em que decidimos por nossa vontade. Quando criou tudo bom e deixou a maldade estando fora Dele, o próprio pecado original foi fruto do bem. E a desobediência se torna por ingenuidade e por tudo que criou ser bom, mesmo ao desobedecê-lo se fez um bem. Assim foi possível ao homem amar verdadeiramente, buscando o que é bom ao invés de apenas ser bom. Por que ao perceber o que está fora de Deus, desejamos o quanto mais a Deus. E Ele ao ser bom, quanto mais quer que o que há de mais belo se aproxime Dele, pois sendo tão bom, seu desejo é se aproximar de si mesmo. E podendo tudo, só desejaria se aproximar de si mesmo se pudesse abandonar o mal. E só seria possível abandonar o mal e amar a si mesmo, se fosse livre para escolher a si mesmo, apesar do mal o querer de volta. E por isso, toda sua criação, bem como todo mal agindo no mundo, conduz a Deus. E até o mal só poderia desejar a si mesmo se o fosse livre para escolher a si mesmo.
Mas Deus é um só, não dois Deuses , um bom e um mal.
E se o homem fosse criado para amar a Deus por quem Ele é, não haveria escolha que levasse ao homem não o amar. E para amar a si mesmo, deveria abrir mão ser completo por vontade própria, para ser completo ao buscar a si mesmo. E viu que se pudesse tudo, não seria completo. E para se completar deixou fora de si uma parte, essa que também o deixou. E uma quer que a outra venha a si por vontade própria. Mas apenas uma é capaz de se sacrificar por amor a si, enquanto a outra quer ser adorada por si mesma sem sacrifício, por que sente que é sua própria obrigação. E para que fosse possível amar a si mesmo não por obrigação, mas por escolha, Deus expulsou de si o mal, mas sem o destruir. Não por que Ele quer que o mal também seja adorado, mas por que só assim seria possível amar a si mesmo. E quem escolhe amar o que não está mais em Deus, desagrada a Deus pois afasta Deus Dele mesmo. E faz com que Deus odeie mais a Ele do que a sua Criação. Pois para amar a si se fez incompleto e quando não consegue se ver completo, sofre. E por tudo saber, sabe que apesar de todos os erros de sua criação, seu sacrifício ao se tornar incompleto não foi em vão, apesar de entregar o seu próprio destino para a liberdade humana. E para que o mal não interferisse, fazendo por vontade própria sua criação amar a Deus, a retirou de si sem lhe dar poder absoluto. E a parte se irou, pois queria ser adorada sem sacrifício e agora não mais poderia. E essa decidiu agir com o que lhe restava. Não mais para que Deus fosse adorado, mas sim desprezado. Assim, Deus veria que ela é necessária, então ela poderia novamente voltar a fazer parte de Deus. E a existência humana é a própria luta que Deus trava consigo mesmo para ser completo.