Oração à deusa do cancã

Ó deusa da vertigem, da fantasia e do enlevo

Em pessoas de bem e em pessoas floridas,

Que esperança posso eu ter, deusa,

Quando nem pés nem pernas me obedecem,

Só os olhos, sós, vejo-os tresmalhados

Em fugida deleitante e soberana

Ao chamado da verdade sugerida,

Essa que todos olham, embora oculta,

Essa que todos sabem enxergar,

Embora as saias e a música escondam

O tempo, a ocasião que nunca chegará ...