Experiência de Deus
                                     Oração Contemplativa
                                       O que sai da boca.

Em Genesaré a presença de Jesus era marcante. Os milagres aconteciam em profusão, um após o outro. Eram multidões de pessoas indo e vindo em todas as direções. A gente sentia no ar o cheiro da fé, da caridade, da esperança, do amor e da misericórdia. E todos atiravam-se aos pés de Jesus implorando a sua compaixão e ele os curava sem escolher privilegiados ou afastar excluídos. Eram coxos que voltavam a andar, cegos que recuperavam a visão, mudos que falavam, aleijados que ficavam sãos, possuídos que eram exorcismados e tantos outros.
Tudo isto era sinal de horror para os fariseus e saduceus. O desespero deles contra Jesus chegava as raias do ódio, já tramavam abertamente o seu assassinato e procuravam motivos para denunciá-lo às autoridades. A maior aflição deles era ver a quantidade de pessoas que recorriam a Jesus em busca da remição e da remissão, algo que eles não sabiam como prover àquela população carente, excluída, sofrida, marginalizada que tinha tido a sua dignidade roubada pela própria elite da sociedade daquela época.
Ali em Genesaré presenciamos a uma das mais ríspidas discussões entre Jesus e os fariseus. Depois de recriminá-los a respeito da hipocrisia em que se apoiavam para fugir da responsabilidade de amparar os pais, Jesus, mais uma vez, os massacrava com a falsidade de seus atos.
Naquele tempo, os judeus respeitavam uma série de princípios que consideravam os atos puros ou impuros e a ablução, isto é, ritual de purificação por meio da água era um dos mais sérios. As comidas também eram definidas umas como puras e outras como impuras. Óbviamente, as comidas impuras não poderiam ser ingeridas. E é sobre isto que Jesus debate acaloradamente e faz questão, absoluta, de chamar a atenção de todo mundo sobre isto. Disse ele :
“- Escutai-me todos e compreendei. Não é o que entra na boca que torna o homem impuro, mas o que sai da sua boca, eis o que torna o homem impuro”.
Estas palavras deixaram os fariseus mais escandalizados ainda. Eles não conseguiam perceber a verdade. Estavam tão apegados às suas tradições que não sabiam separar o joio do trigo. E exatamente por isso, até mesmo os discípulos de Jesus tinham dificuldade em entender a mensagem e recorreram ao Mestre para explicar-lhes melhor. Então, Jesus disse :
“- Também vós ainda estais sem entendimento ? Não sabeis que tudo que penetra na boca vai para o ventre, depois é evacuado para a fossa ? Mas o que sai da boca provém do coração e é isto que torna o homem impuro e não comer sem ter lavado as mãos”. Com isto, ele declarava que todos os alimentos são puros.
Os fariseus ficaram sem ação, não tinham argumentos para replicar. Sabiam que Jesus estava certo, mas a soberba era maior, falava mais alto.
Tudo isto nos deixou bastante perturbados. Era uma avalanche de informações, de novidades e não tínhamos a menor chance de “digerir” tudo aquilo, entender e colocar em prática em nossas vidas. Daí, mais uma vez recorremos ao ancião, nosso grande amigo, que estava sempre conosco e que nos ajudava a compreender as palavras e as parábolas de Jesus que sempre nos maravilhavam. E era, claro, mais uma experiência de Deus que acontecia em nossas vidas.
O que Jesus quer dizer, é que as nossas preocupações não devem ser com o que comemos, pois os alimentos não são impuros. Impuras são as palavras que saem de nossa boca, pois mostram, verdadeiramente, o que temos dentro do nosso coração, da nossa alma, da nossa mente. Não é o que está do lado de fora que é ruim para nós e sim o que está do lado de dentro que nos leva ao fundo do poço.
É de dentro de nosso coração, da nossa alma, da nossa mente que provêm as más intenções, é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraude, desonestidade, inveja, difamação, orgulho, corrupção e insensatez. Isto sim é que nos torna impuros diante de Deus e não o que comemos.

Meditando : Leia Mt 15, 10 – 20 ; Mc 7, 14 – 23; 2Tim 3, 2 – 4 ;

1 – Quais são as tradições a que você é apegado ?
2 – Você conhece, verdadeiramente, a sua alma, o seu interior ?
3 – Olhe no espelho e diga para você mesmo o que você tem de bom.
4 - Olhe no espelho e diga para você mesmo o que você tem de ruim.
5 - E o que sai da sua boca, você tem controle sobre isto ?
6 – Você já viveu algum experiência de Deus ? Reflita sobre isto.















Leandro Cunha
Enviado por Leandro Cunha em 04/11/2007
Reeditado em 07/07/2008
Código do texto: T723359
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