Oração à deusa da morrinha
Ó deusa da morrinha morrinenta,
Batiza-nos no orvalho matutino
Da Galiza irredenta e mãe triste
Do mundo e das gentes ditas
Lusófonas, no fundo utentes
Não só de aquela língua nascida
No Reino dos Suevos, mas sobretudo
Envolvidas nas sombras vaporosas
Das ânsias de ser e não ser, de viver
E desviver-se caminhando pela via
Indefinida e láctea, múltipla e candorosa ...
Cingida pela história imaginada e verdadeira
Que atravessa a Europa do Medioevo e voa sobre
Pontes e belezas verdes, de pedra e bosques já quase
Vencidos pelas incredulidades nojentas do capital miserento ...