APARECIDA
Uma oração num momento de solidão


Naquele dia, eu senti a força de uma oração. Senti o mal ao meu lado e, por encanto, esqueci de rezar o Pai Nosso. Minha cabeça, embotada de medos, desesperança, ódio e abandono, apagou a reza que acompanhou a minha inocente infância. Esqueci de rezar! As palavras não vinham.

Um anjo em forma de mulher me guiou:
 
"Reze com sua alma. Você não perdeu sua inteligência. Não são maus espíritos. É o seu espírito mau. Converse com Deus. Ele vai entender".

Já falei tanto com Deus e Ele me entendeu sem precisar de palavras bonitas e decoradas. Então, orei para que o Senhor me devolvesse o sol, a preguiça, o lazer, a despreocupação. Eu pedi trégua.

Hoje é dia de Nossa Senhora Aparecida. A Ela peço a Presença Divina, aqui junto de mim. O pouco que preciso para ter paz. Um pouquinho de amor, de estabilidade, de descanso - só um pouquinho. Não precisa mais, não.

Devolva-me a força, que eu perco de vez em quando. Mostre-me os caminhos certos, mesmo sem atalhos. Ensine me a usar minhas qualidades com prazer, mais do que por obrigação.

Santa negra, nascida das águas, peregrina e padroeira do meu Pais, hoje você vai passear. Passe por aqui e me dê a mão. Traga-me a esperança de ver além.


Leila Marinho Lage
Rio, 12 de outubro de 2005

Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 12/10/2007
Reeditado em 12/10/2010
Código do texto: T691838
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