REVERÊNCIA A MINHA ANCESTRALIDADE

Somos como aquelas bonecas matrioskas uma dentro das outras. Viemos de um útero que nasceu de outro útero que nasceu de outro lá atrás. EU REVERENCIO A MINHA ANCESTRALIDADE. As mulheres que vieram antes de mim e me embalaram em seus úteros por séculos, transmutando plasma e sangue, alquímicamente me tecendo em suas entranhas a custo de suor e de lágrimas. De força e fé. Reverencio os corpos negros violentados das minhas mães africanas que em terras estrangeiras me embalaram em seus ventres um século após outro até que eu chegasse a existir. Escravizada, submissa, abusada. Miscigenada. Negra, índia e branca. Misturadas e por isso, inigualáveis. Somos o suprassumo da raça humana. Estamos tão entranhadas uma na outra que nada nos atravessa que não seja luz. Guerreiras e persistentes. Vim de vocês e por isso sou como vocês, minhas mães. Sou força e determinação. E vocês renascem em mim e de mim recebem a gratidão vivificada no meu existir pleno. Recebi de suas mãos o conhecimento e a liberdade. Sou livre e abraço a liberdade de ser e de poder. Tenho vez, tenho voz. Tenho força e tenho fé. Obrigada minhas mães, tudo chegou até mim. Sou perfeita e generosa. Abraço as irmãs que comigo caminham. O sangue do meu sangue, os ossos dos meus ossos. Uma sobe e puxa a outra. E, assim, a mágica continua. Vamos perpetuando vocês em nós e ficaremos nas que vierem depois. Nossa genealogia não terá fim. E juntas chegaremos à eternidade.

Adelaide de Paula Santos em 08/03/2017, 23:05. Quarta! : )

Para minhas avós, minha mãe e irmãs.

DJANIRA, ANANÍZIA, ALAÍDE, ADECY, ADELAIDE, ADEMILDE,

ANA PAULA, ANDREA E ADRIANA * E AS QUE NÃO CONHECI.

Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 08/03/2017
Reeditado em 08/03/2017
Código do texto: T5935203
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