OUTRA CONVERSA COM JESUS – 25 DE DEZEMBRO DE 2016
Meu querido Mestre,
Estou precisando muito de falar com o Senhor. Ontem, ao ligar a TV, assisti a um filme sobre sua vida. Fiquei triste comigo mesmo. Sabe por quê? É que pude perceber o quanto estou distante de meu mestre, quão pouco estou lendo o evangelho. Acho que ligar a TV naquele momento foi uma bênção. Precisava mesmo de algo que pudesse mudar o rumo de minha vida.
Jesus, em algumas passagens do filme, um ator o representou muito bem. Um homem de olhar profundo, cheio de ternura e bondade. Um sorriso singelo demonstrava um pouco de tristeza. Suas vestes simples me mostraram o quanto o senhor era despojado. Sua túnica, puída, nas mangas e na gola, pôde me mostrar a humildade e o ensinamento de que a roupa é algo superficial, não importante. Pés descalços, às vezes protegidos por surradas sandálias, me passaram uma mensagem do quanto devemos ser desprendidos das coisas materiais.
No decorrer do filme, meu Jesus, não contive as lágrimas. Foram muitas. Em determinadas cenas, que reproduziram a realidade que o senhor viveu, tamanha emoção tomou conta de meu coração. Quando o senhor curou o cego, cuspiu na terra, e como o cuspe fez lodo e untou os olhos dele, e disse-lhe, “vai e lava-te no tanque de Siloé”. Pois é, ele foi e lavou-se, e voltou vendo, na maior alegria... Quão revoltado fiquei, quando os fariseus fizeram um comentário maldoso contra sua pessoa, dizendo que aquele homem nunca fora cego. Coloquei-me em seu lugar. Quanta maldade! Consideraram-No um mentiroso e enganador. O senhor, entretanto, humildemente, sem reagir, continuou sua caminhada. Ah, estava me esquecendo, achei bonito quando o senhor perguntou ao curado se ele acreditava no Filho de Deus. Quando lhe disse que ele estava diante dele, o homem O adorou. Foi maravilhoso este momento.
Ainda falando sobre o filme, Jesus, observei o quanto o povo de Israel estava judiado e carente de um líder. O líder havia chegado, o senhor, e as pessoas O ouviam com tanta atenção! O sermão da montanha foi lindo. E a multiplicação dos pães? Os apóstolos preocupados com aquele “montão” de pessoas e apenas dois pães e cinco peixes. O senhor, serenamente, sem se perturbar, demonstrando sua intimidade com o Pai, fechou os olhos, ordenou que distribuísse aquele alimento com o povo e saciou a fome de mais de cinco mil pessoas. A alegria tomou conta daquela gente. O que mais me impressionou, sabe, Jesus, é a sua tranquilidade, a sua firmeza. Quem me dera pudesse diante de qualquer dificuldade, me comportar, nem que seja um pouquinho, da forma como o senhor.
Jesus, o filme fez uma retrospectiva de sua vida, tal qual está escrito nos evangelhos. Nem precisa falar. O senhor sabe de tudo. Foram vários momentos de reflexão. Mas me chamou a atenção demais da conta o momento de sua morte e o seu descendimento da cruz. Quando o senhor foi, depois de morto, retirado da cruz e colocado ao chão. Uma chuva forte molhava o seu corpo inerte. Maria, sua mãe e muitos de seus seguidores choravam copiosamente. Lembrei-me de uma frase de minha mãe. Quando se falava de seu sofrimento da cruz ela dizia: “Coitadinho! Ele morreu por nós.” Pois então, meu querido mestre, foi emocionante demais.
Finalmente, chegou o momento mais importante. A sua ressureição. A derrota da morte. O senhor ressuscitou dos mortos e com isso nós temos a promessa de que seremos vivicados. Sabe, Jesus, que, apesar de a minha religião ter como base principal a ressurreição, notei que tinha me esquecido disso há algum tempo. Senti-me mais fortalecido e mais fervoroso, certo de que, depois dessa vida, haverá outra. Que bom!
Houve um momento, Jesus, que fiquei observando Maria. Quando ela entrou em um ambiente onde estavam os apóstolos, tristes com sua morte e deu a notícia de que o senhor havia ressuscitado. E eles disseram que ela estava cansada, que isso não era possível. Ela saiu caladinha, caladinha. Pedro, entretanto, refletindo, disse: “O mestre falou que ressuscitaria ao terceiro dia e ele não mentia." Pedro era uma pessoa muito especial para o senhor, não é verdade? Aquele pescador, teimoso, ignorante, foi o escolhido para ser o nosso primeiro papa. Ele que o negou por três vezes, antes que galo cantasse na madrugada... Senhor, como ele chorou tão logo o galo cantou e ter se lembrado de suas palavras. Coitado do Pedro, seu choro foi comovente!
Caro Jesus, acho que já escrevi demais. Espero que seja esta carta uma oração. Conversar com o senhor é sempre uma oração. Assim penso. As suas palavras, ao subir aos céus, despedindo-se dos apóstolos foi incisiva: “E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” Isso me dá um alento que o senhor nem imagina.
Despeço-me pedindo-lhe sua carinhosa e protetora bênção.
LUIZ GONZAGA