Perante
Perante o trono me desfaço –
Sou como ninguém,
Torno-me apenas o resíduo de minhas ações,
Sou como um homem de segredos descobertos,
Uma ínfima súmula
Que só tem o direito de ser sincera.
Este perante não deve apenas à representação.
Mero advérbio? Servo e Rei?
Filho e Pai? Homem e Deus?
O cheiro da canção sem timbre?
Que seja para além da intensidade
Uma fusão meio abrupta – quase uma unidade
O céu que beija a terra
O arrebatamento da humana sinceridade
Este momento de conversa
De dentro pra fora
Em direção transversa
O vislumbre do Eterno Agora:
Os ouvidos de um Deus
Os lábios de um homem
Vozes que somem
Gemidos inexprimíveis do eu
Um Deus que fala;
Um homem que escuta;
Uma infinita ausência
Preenchida de carências
Satisfeita nas doenças
Dividida no silêncio ensurdecedor;
Guardado na alma o labor
Do desejo intenso pela divina presença
Todas as honras ao Eterno Emanuel!
Que não seja apenas Deus Conosco,
Que seja também Nós Contigo.
Cristo, tua noiva te ama.