O Amor de Deus
Transfigurado, descarnado no madeiro
E me perguntei:
Porque Deus, o Poder Supremo
O regente de tudo, onisciente,
Onipotente, onipresente
Foi capaz de se tornar um miserável,
Assumir todo o pecado da humanidade,
Carregar sobre si todas as enfermidades,
Viver como um simples mortal,
Como um retirante, um excluído, um fugitivo?
Ser humilhado
Por aqueles que pregavam
Em Seu nome?
E me vi representando o homem
Representando a humanidade.
Vi minhas fraquezas,
Minhas complexidades.
Vi minhas carências, vi meus sofrimentos.
Vi o homem de barro que sou,
Que vive segundo o bater do vento,
Segundo o que se apega em meus sentimentos.
Vi um homem que está sempre
Numa procura sem jamais encontrar-se
Aprisionado nas emoções.
Neste meu olhar vi-me refletido
Tantos e tantos que vivem constantes conflitos.
Vi tantos sofrimentos sociais.
Pessoas em demasia excluídas
Que vivem sem identidades,
Que não existem para a sociedade,
Que sofrem as dores da desigualdade.
Faltando-lhe o essencial que é pão
Enfim, vi a miséria que rodeia os irmãos.
A resposta à mim foi dada
Àquela pergunta que me intrigava.
O que seria do homem
Sem a presença de Deus ao seu lado?
Para ser afagado e consolado?
Para não sentir-se abandonado?
Compreendi que a loucura da Cruz
É o maior sinal e manifestação
Do amor que Deus tem pela sua criação.