Angútia:Saúdade
Solidão
Palavra estranha: Quem a não sentiu uma vez, uma só vez?
Solidão não é estar só. Solidão é estar só no meio da multidão. É saber que jamais terá a companhia daqueles que partiram entrando na eternidade.
Solidão, dói, deixa marcas que jamais se vão. Deixa marca que ninguém vê, deixa a angústia que só a sente quem a vive no dia a dia.
Entrar numa porta: Não falta nada,mas a casa está vazia. Estranho momento esse. Apenas silêncio, saudade. Apenas o tremendo som do silêncio, a angústia do nada.
Um momento que vale uma eternidade. Nesse momento, em louca correria vivem-se:
Recordações da infância. Marcas de um passado distante. Dias vividos e desaparecidos há pouco na voragem do tempo. Não são memória do passado, são momentos vivos de um presente, bem presente.
Foi aquela amiga que partiu para sempre.
Foi o outro pedaço deste eu, que continua a estar presente, sem ter a certeza se este eu, vive, ou apenas existe.
Como tinha razão o saudoso Padre António Vieira. Somos apenas pó. Pó levantado, pó caído. Apenas pó! Esta solidão, esta angústia esta saudade, terá apenas descanso quando for apenas pó. Pó caído!
Quantas vezes, quantas, eu recordo as últimas palavras de um soneto de Camões, aqui reproduzidas, e, só me restando esperar.
E se vires que pode merecer-te
De alguma coisa a dor que me ficou
Da mágoa sem remédio de perder-te
Roga a Deus que teus anos encurtou
Tão cedo de cá me leve a ver-te
Tão cedo de meus olhos te levou!