ÀDeus

Ó grandioso Ser incriado e criador de todas as criaturas. Não sei como chamá-lo. Não sei se vossa excelência és homem, mulher, animal ou força vital. Não sei se és uma energia, uma criatura ou qualquer coisa do tipo.

Sempre me ensinaram que fostes homem, com a barba branca e que estais no céu. Sempre me ensinaram que fostes o ser perfeito e irrefutável. Porém eu nunca acreditei em muita coisa que os "homens" julgaram ser verdade.

Aristóteles, Descartes, Heráclito de Éfeso, até Epicuro tentaram explicar - e explicaram- a existência de vossa excelência. No entanto, não sei mais a quem confiar a minha razão e fé.

Na razão, onde vossa excelência -pra mim e pra outros simples mortais- é paradoxada com a fé, ou na fé, onde a imposição empírica "move" os sentimentos de renascença.

Não consigo entender se és soberano rei das verdades e inverdades, ou se apenas deixa os homens seguirem seus caminhos com certa liberdade. Não consigo entender por que deixas os homens viverem em tanto caos e desarmonia, se és o "controlador" de tudo?

Os homens explicam esse fato de acordo com uma simples mordida na maçã. O primeiro ser, advindo do paraíso, come uma maçã e por um pecado - se assim podemos chamar- destrói a humanidade inteira pelo resto de nossas vidas.

Peço perdão à vossa excelência por ser leigo sobre esse assunto. Peço perdão, meu senhor - se assim puder chamá-lo- , por nunca me interessar nas palavras dos homens. Me sinto tão culpado por nunca ter tido a fé comum - o fato de ir a igreja, e seguir uma religião- . Também me sinto culpado por estudar demais a história da humanidade - onde Marx dizia que a história só é construída a partir de conflitos entre os homens - .

Peço a vossa excelência que me faça ver o mundo como ele realmente é. Suplico a ti que me dê um sinal de sabedoria e paciência para que eu possa continuar seguindo em frente.

Não quero vê-lo, pois sei que desde os primórdios vestígios de civilização, nunca ninguém "provou" que o viu. Quero apenas senti-lo.

Me sinto culpado por nunca ter ido - com fé- à uma igreja e de certo modo adorá-lo com tanta certeza da sua existência.

Sei que és o Ser incriado. Sei que és o Ser não vindo de Ser. O Ser perfeito e imutável. Sei que não há necessidade de me expressar aqui, pois além do plano material, vossa excelência já sabia das minhas dúvidas. O que eu preciso, meu Deus, é ter mais fé. Eu preciso "apagar" da minha memória tudo o que já aconteceu e tudo o que já disseram em teu nome; cruzadas no século XII, Inquisição, indulgências e tirania - provocada pela igreja-.

Eu só não consigo senti-lo como és descrito. Eu só não imagino tanto poder nas mãos de vossa excelência. Decidir quem vive e quem morre? Não, pois isso os homens já fazem - com criações de clones, mudanças de genes e assassinatos-.

Do fundo do meu coração - no sentido figurado- ; eu queria poder entender e ser o escolhido, para poder peregrinar e explicar um dia aos simples homens o quanto disseram mentiras sobre você e o quanto teu poder se resume na verdade real.

Me ajude a enfrentar a vida. Enfrentar meus medos e meus desafios. Não deixem eles me dominarem. Deixe-me doma-los. Não deixe minha esperança acabar. Deixe-me esperá-lo. Não deixe os homens reinarem. Reine e mostre ao mundo que nenhum mortal pode explicá-lo.

Não sei se digo Amém, ou se essa palavra foi inventada por um ser humano - que aplicou-a à seu interesse- , ou se digo obrigado, aplicando-a à meu interesse em agradecê-lo.

Caio Vieira
Enviado por Caio Vieira em 09/04/2015
Código do texto: T5201098
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