Deus obra - e cobra
Vou lhe contar uma das antigas estórias de tia Rita, de fundo moral. (Ela as ouvia pelo rádio e no-las (!) repassava, com uma fidelidade mais que radiofônica:Um açougueiro não dava a mínima para religião. Criticava e zombava da fé alheia.
Um belo dia, para mostrar a insignificância daquela liturgia toda, disse ao filho, já rapazinho, que fosse correndo aa igreja e convocasse o padre para assistir a um filho de Deus às portas da morte: ele ia matar o porco gordo, que tinha no quintal.
Obediente ao pai, lá se abalou o filho para a igreja. Era hora de missa e justamente o padre fazia a consagração da hóstia no momento em que o filho entra esbaforido e vai direto ao altar fazer o pedido, em tom de súplica e urgência.
E o padre, sem saída, paralisou o ato litúrgico e acompanhou, o rapazinho resfolgante. E eis que quando chegam, que é do pai? Não o acham em nenhum lugar. Correm aqui ali e neca. E eis ao adentrarem o quintal, surpresa colossal: ao invés do porco gordo que ali havia,eram agora dois, iguaizinhos, sem tirar nem por. Em peso, forma, cheiro e cor.
O pai tinha sido transformado em porco por ter-se zombado de uma coisa sagrada. E o padre disse ao desconsolado moço: agora não pode matar nem um nem outro. É obra de Deus.