O prepúcio divino
Crença corrente é que, depois de sacrificado na cruz, Jesus ressuscitou e subiu aos céus, na inteireza de seu corpo, que viveu 33 anos na terra. Sua vida pública, divulgada pelos Evangelhos, foi de prodigiosa e exemplar valia. Operou milagres, doutrinou e praticou a caridade e a justiça por onde andou. São eloquentes os testemunhos da multiplicidade de suas obras em prol do bem, sem olhar a quem.
Tinha, nada obstante, declaradas suas predileções, que recaíam sobre os enfermos, os destituídos, e as criancinhas. E ninguém pode ver mal nisso, ou ao menos insinuar que o Mestre foi omisso, muito embora não tenha tido filhos, ou vivido o amor na sua expressão carnal. E não sei aqui, se a aceitação é geral.
Uma coisa que no entanto me aflige, é saber se, sendo Jesus judeu e, naturalmente circunciso, algo teria sido feito com o seu prepúcio, parte integrante de seu santo corpo. Parece preocupação reles, provocativa, mas não a vejo assim. Tudo o que a Jesus pertenceu, foi parte de seu eu.
Embora Confúcio, com prepúcio, não teve preocupação maior do que rimar, no caso de Jesus, sua ida aos céus, sem o aparato pelicular é, no mínimo, de se estranhar. Falta lá no céu, não há de fazer, mas deixá-lo cá na terra é que enlouquecer. Imagine se andarem proclamando a existência dessa relíquia divina?