No frio desses dias
Senhor
Se maior é o que está comigo,
Então porque meus resultados são menores?
Está errado! Está errado! Está errado!
Estou cansado de ver a minha miséria!
O que eu faço? Não aceito essa situação!
Não somos nós o exército do Deus Vivo?
Mas a cabeça do Golias não está em minhas mãos
Minha cabeça é que está a premio.
E já são quarenta e sete do segundo tempo,
Pois acabou o prazo que me deram.
Muda minha sina
O mal que me assassina todo dia
Não é o morrer e nem o agir
Mas a hemorragia que me definha
Há doze meses venho sangrando
Padecendo à mão de vários fracassos
Me acotovelei
Empurrei, e apertei o Senhor.
Se eu ao menos o tocasse...
Até quando Senhor, não alcançará o teu manto a minha mão?
Até quando minha oração
Será feita de lágrimas,
E lá fora os dias estarão fechados?
Nuvens pesadas, vento e cinzas.
Não há esperanças
Nem perspectivas
Os sonhos se tornaram negros
Por causa das circunstancias
Escurecidos pela angústia
De se sentir desamparado.
Contudo a esperança não é a última que morre.
As esperanças acabam
Mas eu ainda estou de pé
E nada me impede de continuar andando,
Pois no fundo ainda brilha
A chama da fé
Crendo contra a esperança
Crendo ainda
A fé que brilha contra a escuridão do meu luto
Grão de mostarda que se impõem
Contra a montanha
Pontinho que brilha na amplidão escura
Do espaço sideral
Chama que não se apaga no banho frio
E agressivo das tempestades
Fé: a chama que ainda me aquece
No frio desses dias...