No frio desses dias

Senhor

Se maior é o que está comigo,

Então porque meus resultados são menores?

Está errado! Está errado! Está errado!

Estou cansado de ver a minha miséria!

O que eu faço? Não aceito essa situação!

Não somos nós o exército do Deus Vivo?

Mas a cabeça do Golias não está em minhas mãos

Minha cabeça é que está a premio.

E já são quarenta e sete do segundo tempo,

Pois acabou o prazo que me deram.

Muda minha sina

O mal que me assassina todo dia

Não é o morrer e nem o agir

Mas a hemorragia que me definha

Há doze meses venho sangrando

Padecendo à mão de vários fracassos

Me acotovelei

Empurrei, e apertei o Senhor.

Se eu ao menos o tocasse...

Até quando Senhor, não alcançará o teu manto a minha mão?

Até quando minha oração

Será feita de lágrimas,

E lá fora os dias estarão fechados?

Nuvens pesadas, vento e cinzas.

Não há esperanças

Nem perspectivas

Os sonhos se tornaram negros

Por causa das circunstancias

Escurecidos pela angústia

De se sentir desamparado.

Contudo a esperança não é a última que morre.

As esperanças acabam

Mas eu ainda estou de pé

E nada me impede de continuar andando,

Pois no fundo ainda brilha

A chama da fé

Crendo contra a esperança

Crendo ainda

A fé que brilha contra a escuridão do meu luto

Grão de mostarda que se impõem

Contra a montanha

Pontinho que brilha na amplidão escura

Do espaço sideral

Chama que não se apaga no banho frio

E agressivo das tempestades

Fé: a chama que ainda me aquece

No frio desses dias...

Lucca
Enviado por Lucca em 05/05/2007
Código do texto: T475656