Dá-me o que preciso
Paciência minha que teima em ir-se:
retoma e me distrai o amargor da ansiedade
traz de volta a dádiva de me aguentar.
Ajuda a procurar em mim o que outrora havia:
o dom da espera,
o sorver da dúvida,
e a resolução dos problemas.
Dá-me o acatamento das inverdades,
tão verossímeis quanto assíduas;
o desprendimento da visão turva
quando das minhas atitudes.
Ajuda meu cerne a se acalmar,
e quando, e se, isso acontecer,
a pensar na melhor forma
de agir mais concernente
como me manda o coração.
E se depois dessa conquista, enfim,
não acalmar meus dias tensos,
perdoa-me os deslizes,
de amar e impacientar-me
quando nem mesmo o pretendia
e em magoar os que me cercam
com tamanha inquietude,
com tamanha rebeldia...
Dá-me, então, o que preciso,
mais um naco de juízo.
(Esse texto é uma alusão a um jovem aluno - Hugo - o qual me deixou essa semana "inspirada" a desejar-lhe um pouco mais de calma - que nem eu tenho, tantas vezes - e que tanto bem nos traz...)