Dá-me o que preciso

Paciência minha que teima em ir-se:

retoma e me distrai o amargor da ansiedade

traz de volta a dádiva de me aguentar.

Ajuda a procurar em mim o que outrora havia:

o dom da espera,

o sorver da dúvida,

e a resolução dos problemas.

Dá-me o acatamento das inverdades,

tão verossímeis quanto assíduas;

o desprendimento da visão turva

quando das minhas atitudes.

Ajuda meu cerne a se acalmar,

e quando, e se, isso acontecer,

a pensar na melhor forma

de agir mais concernente

como me manda o coração.

E se depois dessa conquista, enfim,

não acalmar meus dias tensos,

perdoa-me os deslizes,

de amar e impacientar-me

quando nem mesmo o pretendia

e em magoar os que me cercam

com tamanha inquietude,

com tamanha rebeldia...

Dá-me, então, o que preciso,

mais um naco de juízo.

(Esse texto é uma alusão a um jovem aluno - Hugo - o qual me deixou essa semana "inspirada" a desejar-lhe um pouco mais de calma - que nem eu tenho, tantas vezes - e que tanto bem nos traz...)

Luzia Avellar
Enviado por Luzia Avellar em 29/03/2014
Reeditado em 29/03/2014
Código do texto: T4748550
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