Canto à Cabocla Jurema

Quando deito meu manto

e as águas da cachoeira

banham o meu corpo de encanto

em gotas de aguadeira

ouço o atabaque dos céus

e ela me entra, ela me toma

derruba todos os meus véus

e morena, toma sua forma

e meus olhos de verde penacho

recebem a cabocla e sou seu cavalo

sou dela, seu corpo, rio e riacho

ficando minha Pomba de acavalo

e ela vem, linda e suprema,

- Agora eu sou Cabocla Jurema -

Descalça sobre o teu leito

Ela dança a força das luas

Jurema balança seu peito

E as pernas desfilam nuas

Índia, cabocla dos cocares

Roda e tomba sua cabeleira

Pelo teu corpo aos amares

Pela tua sanha derradeira

Roda, cabocla, roda e atrai

Amarra a folha de toda flor

Gira índia, tua força é mais

Traz nas águas o seu amor

Na magia da onda e do fogo

Na chama, no sal e o cálice

Erguido acima de um todo

Bebido ao sangue que vale

Jurema das matas e águas

Jurema das flores e bichos

Jurema da magia e amarras

Jurema de todos os mitos.

I IV MMVII

23:57p.m.

03:41a.m.

II IV MMVII

VI VIII MMVI

XXI IV MMVII

Pela boca de Maria Quitéria e a cabeça com o penacho da Cabocla