LAMENTAÇÕES

Para melhor fixar-me nos teus caminhos
Fiz concerto com meus olhos
Pois o contrário como haveria de ver tua benignidade?
Os homens olvidam tuas heranças e colocam em prova tua grandeza
Porventura eu , mesmo em rebeldia, ousei olhar tua face?
Se andei em veredas contrárias a tua vontade
Por ventura não foi no direito que me deste tu?
Agraciado sou em meu sagrado direito de escolher
Coloca-me diante uma encruzilhada e condena-me em minha escolha?
Testa-me a fé ou o amor?
Se no ouro depositei minha esperança e ao ouro disse:
em ti habita minha confiança.
Por ventura comi de minha fartura enquanto chorava o filho da viúva?
Se do meu melhor trigo fiz o pão aos meus filhos
Por ventura deixei de alimentar os filhos de tua crueldade?
Pois se meus pés seguiram pelas estradas da vaidade
Pesa-me então em tua balança e se assim eu merecer
Moa meus ossos e que de mim nada reste.
Se pisei na cabeça de meu inimigo e bebi o doce da vingança
se me alegrei em sua desgraça, e justiça fiz com minhas mãos
Por ventura não seria herdade de minha descendência?
Se sou tua imagem e semelhança, por que me julgas?
Atira-me aos leões para se engrandecer de meu medo
E ter gloria em teu nome por minha fé!
Quem és tu que governa com desgoverno?
És o deus de minha devoção?
E se te importa apenas joelhos que se dobrem perante tua magnitude
não tenho eu calos grossos em meus joelhos?
Que seja então...
Pois se meus olhos se desviaram dos caminhos e eu pequei em tua presença
se minha mão apegou-se ao que é vão e não me pertence
Então que eu plante e do que eu plantar outros comam, mas que a fome seja só minha!
E se o ouro foi o meu escarnio que ele seja escarnio de outro então!
Se fui injusto e cruel com meus servos quando entraram em contenda comigo
se os fiz sentir o chicote do castigo e os humilhei com minha superioridade
O que direi a ti quando te levantares e me cobrar tal ato?
Direi: OH! senhor, se procedi mal perdoa-me, mas não foi assim que me educou o Pai?
E não foi com sentires soberano que nasci do ovo cósmico de tua caótica criação?
Pesa-me então em balança e julgue meu coração no contrapeso do teu...
Se eu permiti que perecesse o homem em sua falta de vestido
E se comi o meu bocado e me cobri com a pele de meus animais
enquanto abatia-se a fome e o frio entre os povos...
Então que meu bocado se acabe e a pele escorregue de meus ombros
Pesa-me em balança com o contrapeso de teu coração e me julgue...
Olhei para o sol e para a lua graciosa nos céus e nas estrelas contemplei a tua face
Amei-te podendo escolher não amar...
Apaixonei-me pela paixão de teu primogênito
Desde então fujo de minha violência...
Mas teus profetas se erguem contra mim e exigem minha cabeça em bandeja
E o povo de minha tenda não comeram de toda a minha carne!
Ah! Quem dera se houvesse alguém que me escutasse!
Subi aos altos e despenquei na miséria do mundo...
E assim me escuta Deus... Meu adversário escreveu um livro
Que carrego pesado em minha espadua... De minhas dores apenas a distração!
Pesa-me então, pois assim também fez Moises!
Se minha terra clama por mim, e se moedas ainda é a esperança
dê a eles todo o ouro que me pertence que guardado está na sacola dos ímpios...
E de mim faça o trigo e por mim produza a terra
Pois de ti quero somente o amor que custou o sangue que escorreu da cruz...
Pesa-me em tua balança no contra peso de teu coração, que nos perdoe Jesus
Pois se errei em meus passos foi contigo em perpetua comunhão.
Pronto. Acabaram-se minhas palavras.





 
Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 13/10/2013
Reeditado em 09/09/2014
Código do texto: T4523017
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