Conversando com Deus
Senhor perdoe-me mais uma vez por fazer perguntas tolas, mas meu coração partido anseia por uma resposta.
Sei que eu deveria entender melhor, mas confesso que esta sendo mais difícil do que imaginava.
Quando se tem um amor de mãe, é verdadeiro e único.
Uma simples mãe consegue ser um mundo inteiro através do que expressa no falar, no sorrir ou no punir.
É como milhões de polvos abraçando a gente de uma só vez.
É como se todos os raios do sol brilhassem exclusivamente para uma só pessoa.
Quando o senhor arranca - a da terra repleta de impurezas a levando-a de vez para junto da sua presença, privando-a de inúmeros sofrimentos que estavam por vir.
Os filhos como eu egoístas, ficamos sem foco, sem brilho ou vivendo por viver, com um dia após o outro.
Sei que tenho pessoas em minha volta que precisam de mim, ainda assim me sinto sozinha no meio da multidão, era como se ela, somente ela representasse o mundo inteiro e agora me sinto vazia. Sem conteúdo era como se existisse duas eu, duas de mim.
Sem a eu de dentro fico meio perdida, o meu eu interior ardil alhures alienável.
Sozinha, sou como uma criança que se sente desprotegida, ser órfão é difícil para qualquer tamanho, embora eu tenha idade o suficiente para entender a lei da vida, me recuso. Recuso-me em acreditar que estou sem ela, ao mesmo tempo sinto-me feliz ao pensar na oportunidade que tive em ter nascido da melhor mãe do mundo.
Talvez seja daí a força que tiro de dentro de mim para continuar a caminhada.
Não posso parar no meio do caminho, devo ser tudo de bom que ela me ensinou a vida inteira e derrota não era uma palavra usada desde a minha infância.
Ainda assim sabendo de tudo isso meu coração de menina me entristece a todo o momento, me contenho quando consigo e me esvaio em prantos diante da sua presença.
Do sábio ao tosco com a perca de uma mãe não deve haver diferença alguma no meu modo de pensar...
Eu queria sim ser preparada para este doloroso dia, a perca e endurecer meu coração, sou mole demais para cair em mim e perceber que aquela aparência foi embora e não volta nunca mais...
Uma mulher com coração de criança que sente falta do amor da mãe.
Coração não tem idade, não tem noção muito menos opção.
Provavelmente optaria pela vida eterna...
Mas este é só mais um dos meus pensamentos fúteis e insanos.
Perdoe-me mais uma vez sei que devo pedir de novo e de novo toda hora que ignoro as suas leis, a lei da vida.
Talvez um dia eu consiga esquecer a minha outra parte, eu não sou melhor que niguém para merecer uma mãe imortal.
Por isso que ínsito em implorar, me perdoe e me perdoe...
Está indulgente, seca minha lágrima negligente.
Já não sei como resgatar meu interior sucinto.
Por favor, sempre me acolha em seu manto, não me deixe sentir frio do calor de minha mãe, se és meu pai, supri-me, preciso me sentir segura de mim mesma.
Ai de mim, se continuar assim, abobada e paranóica interiormente...
Madura sim, mas plangente por dentro e discreta por fora.
Sei que mereço repreensão e retroceder de me sentir só, se tu estas comigo que motivo tenho para ficar assim... Vazia.
Não, eu não a perdi, todos os dias sinto-me cada vez mais perto dela quando ao sentir coração bater dentro de mim.
Estou viva, obrigado...
O amor de uma mãe para um filho vai além da vida e um sobrevivente do transtorno ausência da mãe é a prova viva disso.
O amor dela por mim e o meu por ela é incondicional, simplesmente imortal.
Obrigado mais uma vez por me dar a chance de tentar entender o inexplicável...
Confesso que sou leiga, não consigo entender o que o meu próprio coração diz para eu viver o melhor de mim na presença de Deus e sem pensar no amanhã.
Mayala Morenna