O MEU PASSARINHAR
Admiro profundamente tudo que tem asas, mesmo simbólicas: borboletas, pássaros, folhas ao vento, bule de café (ah, memórias olfativas da infância...!).
Apesar do clichê em que foram resumidos nas tatuagens dos atrasados da moda “bad boy”, ainda me encanta o que escapole da terra, o que flutua.
Particularmente agora, ando aprendendo muito com os pássaros. A leveza encantadora, o voo belo e preciso, delicado e vigoroso...
Às vezes se locomovem por comida, pela inquietude do "instinto" e outras, creio, para o encanto dos olhos destes seres acorrentados à terra, como eu...
Seu canto é de uma tristeza doce, que não fere, não amarga... Mesmo assim é possível meditar: para que tanta parafernália enchendo os olhos? Todos os mais belos adereços do mundo já estão aí, prontinhos pela mão da natureza...?
Os filhotes no meu telhado acordam-me pedindo comida à mãe. Quer despertador melhor?
E eu almejo a delicadeza de um pássaro (peço muito?). Sua leveza, sua fragilidade que não aniquila a astúcia.
Ambiciono voos rasos, voos altos, voos de olhos abertos.
Ambiciono encantar mais que comover. E fazer sorrir mais do que franzir testas.
Ambiciono carregar meu próprio eu pelo céu, sem rastejar com tanto peso pela vida...