O Amor Fraterno


Como se vive uma “experiência de Deus” ? Toda vez que você ama o seu próximo e faz o bem sem olhar a quem, toda vez que você é misericordioso, compassivo. As pessoas têm uma compreensão totalmente errada sobre o perdão. Quando alguém age mal com você, o fato de perdoá-lo não significa que foi feito um “bem” para o outro. Pelo contrário ! O perdão é um bem que se faz a si mesmo. Ao perdoar, verdadeiramente, você deixa de ficar “ruminando” o problema, purifica o seu coração de todo o excesso de adrenalina que lhe faz mal. Ao perdoar o “outro” ele pode nem estar aí para você, mas o seu perdão lava a alma, é libertador.

A experiência de Deus está nas suas ações, nas suas orações, na sua visão e aplicação para um mundo fraterno, onde todos são tratados com dignidade e o respeito à liberdade é um compromisso. Jesus é libertador. Portanto, qualquer atitude contrária afasta você do amor fraterno de Deus. Nada de preconceitos, intolerâncias, discriminações, exclusões ou processos preferenciais, nada disso tem algo a ver com Cristo. Pelo contrário, tem tudo a ver com a mais baixa condição humana.

O amor fraterno começa lá atrás, quando “o Pai enviou-nos o seu Filho que, por sua vez, enviou-nos os apóstolos para fazerem discípulos seus em todos os cantos do mundo. E os apóstolos, então, criaram a Igreja de Cristo com a força do Espírito Santo”. Assim, entendemos que o Espírito é o dom vivificante do Pai, pois tudo vem do Pai pelo Filho no Espírito. A fé é o caminho para a comunhão com a Trindade. Essa é a teologia da missão, que segue pelo mundo desde então, pois a Igreja, como dissemos anteriormente, é peregrina e tem como responsabilidade levar a Palavra para todos. Isso, faz parte do amor fraterno.

A misericórdia é uma das práticas do amor fraterno. Mas o exercício da verdade e da justiça são, também, meios edificantes de se construir uma comunidade livre das injustiças sociais, da exploração do homem pelo próprio homem, da humilhação e do desrespeito aos nossos “irmãos”. Neste tocante, os judeus possuem uma determinação marcante do Senhor em Deuteronômio 15, 4 : “ … Exceto quando não houver entre ti pobre algum...”. Essa é a maior demonstração de amor fraterno vinda diretamente de Deus. Infelizmente, ainda estamos longe, muito longe de compreender o que é isso !

Experiência de Deus e amor fraterno se confundem. A parábola do “bom samaritano” nos remete ao significado do amor fraterno como experiência de Deus.

O Amor Serviço É Para Todos !

“É no amor pelo irmão pobre que está a comprovação do amor fraterno”, com todo respeito essa é uma visão excludente, de subjetividade fechada, onde há uma postura de diferença entre as pessoas. Isso é totalmente contra os princípios de Jesus. Quando Jesus fala em preferência pelos pobres, ele quer destacar os “pobres de espírito”, aqueles que estão fora do caminho que nos mostra a verdade para a vida real em Deus.

Servir aos pobres é obrigação de todas as pessoas, mais ainda dos cristãos, mas não somente aqueles que vivem numa sociedade injusta, que pratica o preconceito, discrimina pessoas, permite que haja fome, miséria, indignidade, desrespeito, humilhação, moradores de rua, viciados e tantos outros excluídos e abandonados por uma sociedade materialista, egoísta e hipócrita.

Servir aos pobres inclui, também, aqueles que possuem bens materiais e não compartilham com os necessitados, pois estão apegados às suas posses e propriedades e não compreendem o significado de amor fraterno, eles não percebem o que Cristo quis dizer quando contou a parábola do “bom samaritano”. Esses são os “pobres de espírito” e, como diria Jesus, estão doentes e precisam de cuidados, pois ele veio salvar os “doentes” e não os sãos.

Leia com atenção e reflita sobre as palavras contidas em Mt 5, 1-12 e entenderá o sentido da expressão “amor fraterno” dirigido aos “pobres”. É um amor de integração-inclusão, jamais de separação ou preferência, pois como muito bem diz a Constituição Sacrosanctum Concilium - SC, do Vaticano II, em seu capítulo I, parágrafo 5, “Deus, que quer salvar e fazer chegar ao conhecimento da verdade todos os homens...” (1Tim 2,4).

Em Mc 10, 17-30 encontramos o diálogo entre Cristo e o jovem rico que não soube discernir sobre as palavras de Jesus, pois encontrava-se apegado à Lei e aos seus bens materiais, já que era muito rico. O apego aos bens, as posses e as propriedades é uma armadilha perigosa, pois tudo isso é fantasia, são coisas que pertencem a este mundo e nós não somos daqui. Como disse Jesus para Pilatos “o meu Reino não é desse mundo”. O nosso também não, mas para recebermos o convite para entrarmos no Reino do Senhor, é preciso passar pelo amor fraterno, que é a locomotiva da justiça, da verdade e da misericórdia.

Leandro Cunha

 

Leandro Cunha
Enviado por Leandro Cunha em 03/11/2012
Reeditado em 25/03/2013
Código do texto: T3967107
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