Amor, Justiça e Verdade !
O cristianismo está estruturado sobre 3 colunas : o amor, a justiça e a verdade. Essas 3 máximas foram exaustivamente ensinadas e tratadas por Jesus. Assim sendo, a nossa fé em Cristo passa, obrigatoriamente, pela prática desses preceitos; quanto mais próximos deles, mais juntos de Deus estaremos e vice-versa. O nosso Deus é libertador, mas de forma universal, ampla. Ele quer libertar a todos e não apenas uns ou outros, ele não faz acepção de pessoas. É um Deus de amor, portanto de inclusão, nada de um Deus só para os pobres, ele se preocupa muito com esses, mas cuida de todo o seu rebanho e jamais perde qualquer de suas ovelhas. É um Deus de esperança para os pobres e para os ricos também, pois estes se apegam aos bens materiais e necessitam da libertação.
A fé nos direciona ao amor fraterno do Senhor. Mas como amar alguém que não se conhece ? Depositamos a nossa crença nele, quando amamos os nossos semelhantes, quando praticamos a justiça e a verdade, quando somos misericordiosos e quando exercemos a alteridade. A Revelação nos foi feita por Deus mesmo, ele veio até nós e através da fé e da liberdade de vontade acolhemos ou não essa Revelação. Depois, Jesus nos confirmou em plenitude a Revelação e nos enviou o Espírito Santo para que essa Revelação seja constante e perene.
O ponto de partida da espiritualidade cristã é o encontro com a humanidade e a divindade de Jesus. O Jesus histórico e o Cristo da fé se confundem, um não existe sem o outro. São imanentes. É substancial compreender que Jesus não é um simples modelo a ser seguido. Jesus é a raiz primordial da vida. Jesus é o caminho da salvação e Deus é o objetivo final a ser alcançado. E o Espírito Santo ? É ele quem mantém o nosso foco voltado para o certo, mas sempre respeitando a nossa liberdade de vontade. Deus nos deu a vida e com ela a liberdade. Como diz São Paulo : “- podemos tudo, mas nem tudo nos convém”. Liberdade com responsabilidade.
Ser cristão é difícil, mais difícil ainda é encontrar a espiritualidade cristã. O encontro com Cristo, por trás da fé, requer escutar a Palavra, acolhê-la e praticá-la. Como diria Jesus : “- é mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha”. E conforme diria Santo Inácio de Loyola “- é preciso discernir”. A nossa fé é consolidada por duas atitudes vitais : audição e silêncio, procedimentos que nos levarão à meditação e à contemplação. E a Igreja, corpo de Cristo, tem papel fundamental nesse processo, pois ela é humana e divina, visível e invisível, ativa e contemplativa, presente e peregrina.
Como disse muito bem Santo Agostinho, “o sermão da montanha é um verdadeiro código de conduta moral cristã”. Ali encontramos as fundações do cristianismo. Basta ler, refletir e discernir sobre essa belíssima passagem que nos foi presenteada por Jesus e teremos a “lei” que rege nossas atitudes. Jesus é vida e fonte da vida, imitá-lo é impossível, alcançá-lo jamais, mas é dever dos cristãos persegui-lo.
A Conversão
A conversão é um processo doloroso, requer autocritica, conhecimento e maturidade. A conversão é uma mudança radical de estado de espírito. Foi isso que Jesus quis explicar para Nicodemos quando lhe disse que era “preciso nascer de novo”, mas Nicodemos não entendeu. E nós, apesar de entendermos, não conseguimos alcançar a verdadeira conversão, pois estamos apegados e afogados às paixões e desejos deste mundo. A sociedade de hoje está contaminada com o vírus do individualismo, do consumismo, do narcisismo e do hedonismo. Alteridade ? A grande maioria nem sabe o que significa isso.
Muitos cristãos se preocupam com as “tentações” e procuram fugir delas, entendem que elas são responsáveis pelos pecados. As tentações são importantes para o nosso crescimento espiritual, pois ao nos defrontarmos com elas saberemos se somos virtuosos ou não. É como o dinheiro, tem gente que acredita que o dinheiro é o mal da sociedade. Nada disso ! O dinheiro é apenas um substantivo : dinheiro é dinheiro. O mal é a atitude que tomamos com o dinheiro. Se fazemos o bem com o dinheiro que temos, onde está o pecado ? O mal está no coração, dentro da pessoa e não do lado de fora.
O cristianismo, de modo geral, preocupa-se muito com o pecado. Esta é uma postura humana. Pecado, penitência, punição, reconciliação, confissão. Se você peca, precisa se arrepender, confessar e receber penitência para a sua purificação. Jesus desmistifica isso, quando nos fala da parábola do filho pródigo e na parábola da mulher adultera. Em ambas o que prevaleceu e falou mais alto foi a compaixão, postura divina, oposta à nossa. Pecado é não estar em comunhão com Deus ! Enquanto o homem se preocupa com a penitência e a punição, Deus se preocupa com a reconciliação.
A conversão passa por uma revisão dos seus procedimentos diante da comunidade e/ou sociedade em que vive. Quando você deixa de se preocupar com o próprio umbigo e se posiciona a favor do “outro”, isto é, quando as demais pessoas passam a ser vistas como fundamentais para você, isso é processo de conversão.
Estar voltado para o outro, é sinal de comunhão com Deus. Mas cuidado, nada de opção preferencial por este ou aquele. O cristianismo de Jesus é aberto, amplo, geral, inclusivo. O amor de Deus é universal e não exclui ninguém, nem mesmo os que não amam o Senhor. Os pobres merecem a compaixão de Cristo, pois são carentes dos bens materiais : comem mal, moram mal, se vestem mal e vivem mal, mas a maioria deles se apega em Deus, o bem maior de todos. Mas os ricos também merecem a compaixão de Cristo, pois são apegados aos bens materiais e precisam ser libertados desse mal. Precisam aprender a compartilhar, a fazer o bem e a agir em prol de uma sociedade justa e equilibrada, onde todos são merecedores de oportunidades.
Leandro Cunha