Porta Fidei

PORTA FIDEI

PROCLAMAÇÃO DO ANO DA FÉ 2012 – 2013

(Lidercio Januzzi – ‘Programa Sintonia com o Senhor” – 21/10/2012)

A palavra fé nos remete à convicção e à crença firme e incondicional, alheia a argumentos da razão e, também, ao conjunto de dogmas e doutrinas que constituem um culto. Conduz-nos à confiança, à convicção, ao crédito, à primeira das três virtudes teologais (fé, esperança e caridade), à afirmação, à comprovação, à asseveração de algum fato, enfim, ao compromisso à palavra empenhada.

“Estamos vivendo este tempo especial de graça de Deus, que é o Ano da Fé, em comunhão com o Santo Padre e os Bispos que participam do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização para a Transmissão da Fé, iniciado no Vaticano no último domingo, 07 de outubro de 2012.” (D. Sergio da Rocha – Palavra do Pastor)

Em 11 de outubro de 1962, o papa João XXIII iniciou o Concílio Ecumênico Vaticano II exortando a cristandade ao aggiornamento, ou seja, à atualização ou ainda, para “varrer a poeira do Trono de Pedro”, fazendo a Igreja aproximar-se do fiel. Daí a Missa rezada no vernáculo, com maior participação dos leigos.

“Guardar o Depósito da Fé” é a missão que o Senhor confiou à sua Igreja”, como proclama a introdução da Constituição Apostólica Fidei Depositum que publicou o Catecismo da Igreja Católica - CIC, trinta anos após o Concílio Ecumênico Vaticano II.

É justamente a transmissão da Fé o objetivo do catecismo ─ “conjunto de esforços para fazer discípulos e para ajudar os homens a crerem que Jesus é o Filho de Deus” (CIC 4).

A Fé é o alimento da alma, a pura e perene fonte de vida espiritual (CIC 131).

E a PORTA DA FÉ (Act. 14, 27) está sempre aberta para todos nós, vislumbrando uma caminhada para a vida inteira. Por ela professamos a Fé na Trindade ― Pai, Filho e Espírito Santo ― um só Deus que é amor. É preciso redescobrir esta porta, este caminho de Fé, num mundo atormentado por uma profunda crise de Fé.

Batizados, somos “sal da terra e luz do mundo”: não podemos ser um sal insípido e uma luz escondida (Mt, 5, 13-16). Precisamos buscar o alimento fortificante para nossa Fé titubeante na Palavra e no Pão da Vida. Por isso o papa Bento XVI proclamou o Ano da Fé e convocou a Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos com o tema: A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã.

A renovação pregada pelo Concílio Vaticano II continua como convite sempre necessário para a conversão ao Senhor. Para o homem, é pela Fé que o livre arbítrio entende a novidade radical da ressurreição purificando-o e transformando-o. Também pela Fé, o homem entende o critério divino do amor renovando suas ações e sua vida.

É esse amor de Cristo que nos impele (“Caritas Christi urget nos - 2Cor 5,14) a evangelizar, a descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo em comunicar esta mesma Fé. E a crença nos fortalece como disse Santo Agostinho.

Quanto mais nos abandonamos livremente mãos desse Deus que é amor, mais nossa Fé se fortalece. A reflexão sobre a Fé deverá ser intensificada neste Ano da Fé, mediante profissão pública do Credo e pelo testemunho de vida dos batizados.

Como Lídia, peçamos a Deus que nos abra o coração para aderir ao evangelho pregado por Paulo (Act 16,14). Mais que compreender, é preciso concordar: com cordia ― abrir o coração pela ação da graça transformadora da Fé.

O crer não é um fato privado, íntimo e secreto: precisa ser proclamado e vivido. É preciso, também, assumir a responsabilidade social daquilo que se acredita: viver e agir como se professa e se proclama a Fé.

No Pentecostes, a Igreja preparada pelo Espírito Santo, manifesta esta Fé corajosa. É pelo dom do Espírito Santo que as determinações individuais se tornam atos verdadeiros.

Neste Ano da Fé deverão ser encorajadas romarias à Sé de Pedro, aos santuários de Maria, mulher de Fé inabalável, à Jornada Mundial da Juventude - JMJ Rio 2013, bem como a realização de simpósios, congressos e encontros de grande porte.

O aprofundamento no Catecismo da Igreja Católica – CIC deverá ser intensificado por todos, particularmente aos que almejam a vida religiosa. Maior atenção deverá ser prestada às homilias papais e às inciativas ecumênicas em todos os níveis da Igreja.

A PENITENCIARIA APOSTOLICA publicou urbi et orbi o decreto enriquecendo com o dom das Sagradas Indulgências as práticas de piedade especiais que forem realizadas durante o Ano da Fé.

Muitas serão as formas públicas de se professar o CREDO. Os testemunhos abertos diante dos outros serão também incentivados.

Alcançarão Indulgência Plenária os que tendo se confessado e comungado:

a.- participarem de três pregações durante as Missões Sagradas, ou, pelo menos por três lições sobre as Actas do Concílio Vaticano II;

b.- visitarem em peregrinação uma Basílica Papal, uma catacumba cristã, uma Igreja Catedral, um lugar sagrado, designado pelo bispo local para o Ano da Fé;

c. – participarem de celebrações litúrgicas determinadas pelo bispo, tais como missas, liturgia das horas, etc. e,

d. – realizarem um dia durante o Ano da Fé uma visita piedosa ao baptistério.

Há cinquenta anos, todo o trabalho conciliar foi ancorado na figura de Maria, mulher forte em favor de um cristianismo que parecia perder sua eficácia. Dessa vez, porém, não se tratava de solucionar um problema específico, um cisma, uma heresia, mas de renovar a Igreja, fortalecê-la, modernizá-la, com toda liberdade, sem mesmo a indicação de temas ou de programas.

Funções episcopais, eclesiologia, renovação litúrgica, ecumenismo, Renovação-Escritura-Tradição-Magistério, relação Igreja-Mundo Moderno, liberdade religiosa, isenção do Estado sobre a verdade religiosa, relações com religiões não cristãs, formas doentias e falsificadas de religião, são temas ainda carentes de muitos estudos pós-conciliares.

O papa Bento XVI, em sua homilia de 11 de outubro de 2012, cumprimenta seus irmãos, o Patriarca de Constantinopla, o arcebispo de Cantuária e os Patriarcas, Arcebispos e Presidentes Episcopais, demonstrando espírito ecumênico na abertura do Ano da Fé concitando que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz.