A realidade
Há coisas que simplesmente não se consegue falar e elas vão se perdendo aos poucos em cada lágrima não derramada, em cada riso não manifestado. Algumas sensações que nos acompanham durante toda nossa vida, que vez por outra voltam a incomodar, nos mostram quem somos e o que tememos. Ilusões, que usualmente nos submetemos a sentir nos forçam a olhar drasticamente para a realidade, quando elas chegam ao fim. E afinal, o que somos? O que sentimos? Qual é nosso propósito nisso tudo? Pessoas vão, pessoas vem, histórias começam e acabam, muitos morrem, outros nascem. Nada disso tem explicação. Existe algo especial em cada detalhe? Existe algo que diferencia tantas experiências semelhantes? A resposta talvez seja não. Não há nada de especial, nem ao menos algo novo. Há sempre uma repetição, um mimetismo contínuo. O ser humano se define por repetir atos observados. E nada disso é especial. Ninguém é diferente, ninguém age da melhor forma, não há consciência. Somos todos iguais no nosso egoísmo, nos nossos defeitos, nas nossas ambições. Nenhum de nós conseguirá se elevar espiritualmente. Afinal, isso é mais uma coisa que não existe. São todas falsas essas ilusões. Além dessa realidade não há nada. Depois da morte, só o fim.