CONTRIÇÃO...
Senhor Jesus
Somos aqueles que, outrora aqui na Terra ou fora dela, só pensavam em satisfazer o ego ensandecido pelos prazeres, pela dominação, no desfrute total e absoluto das benesses que a Providência Divina estabelece como possibilidades de progresso e aprendizado.
Não víamos, em lugar algum, ensanchas de evolução e sim motivos de predomínio, de gozo desvairado, nada mais...
No entanto, quais verdadeiros títeres, tiranos loucos, somente pensávamos em consolidar os propósitos mais infelizes...
Quando não conseguíamos de pronto o que queríamos, estatelávamos na negação, na surda revolta interior sem conformação, e assim, os vínculos com as trevas de onde provínhamos eram maiores.
Desde milênios antes de Tua corporificação neste planeta de lágrimas, já éramos os artífices do sofrimento, da atribulação, do terror...
Depois de Tua estadia entre nós, quando lançastes o sublime convite ao Amor, simplesmente continuamos os mesmos, surdos aos apelos do Bem.
Sim, conhecemos-lhe os sublimes ensinos, o Teu Evangelho de bênçãos, desde a Grécia orgulhosa à Roma dos enlouquecidos e atormentados Césares. Todavia, depois, adotamo-lo, escondemo-nos à sombra dele para melhor dominar, atemorizar, implantar a religião cristã na base da força, com todo tipo de violência absurda. Desde Constantinopla, Alexandria, Roma, matar em nome da fé era a coisa mais corriqueira, não importava se eram vinte ou milhares de pessoas, todas pereciam sem comiseração.
E os mandantes éramos nós, ditos representantes do Teu Evangelho de amor...
Os seres humanos eram convertidos à base da força física e nada mais...
Adaptávamos Teus sublimes e pacíficos ensinos aos nossos escusos desejos...
Assim, caminhamos implantando lutas fratricidas em nome de Deus e em Teu nome, onde reis e conquistadores eram coroados nos altares de Templos suntuosos erguidos como Tua igreja, quando na verdade era mais expressão de nosso orgulho e vaidade.
Nas cruzadas, os assassínios, as espoliações, o terror total, escorados muito mais em nossa própria miséria espiritual do que em Ti que dissestes não se pode pregar o amor com espada na mão, bem como exemplificastes a humildade, o amor.
Nessa insanidade total, chegamos e aterrorizamos com o tribunal do santo ofício, com a fatídica noite de São Bartolomeu, e fomos além...
Até que um dia, Teu amor que nunca nos perdeu de vista, utilizando outros amores de espíritos que se enobreceram na fé, na evolução espiritual desde priscas eras, nos alcançou de forma incisiva, definitiva, e aqui estamos um tanto ainda rebeldes, mas cônscios do que nos compete fazer, e é por isso que asseveramos total dedicação a Ti e, agora sim, entregamos-vos, de uma vez por todas, nossas vidas, tentando praticar e espalhar o amor como desejas, sem esquecer os amores da retaguarda, como não esquecestes de nós.
Mesmo que tenhamos de sofrer, pedimos-te nos fortaleça o ânimo para amarmos os que não nos amam, e resgatar todas as almas que se predisponham a seguir Contigo nos novos tempos...
De almas ajoelhadas a Teus pés, dizemos:
- Senhor! Eis aqui Teus humildes e insignificantes servos! Disponde de nós como te aprouver.
Assim seja!