NATUREZA E GRAÇA

 

  1. Por que uma concepção extrinsecista da relação entre natureza e graça é falsa ?

 

Natureza e graça têm a mesma origem : Deus. É impossível separá-las. O ser humano foi criado por Deus e para Deus. Criação e Encarnação de Jesus foram elaboradas com o mesmo objetivo, princípio e razões. O homem está em relação direta para com Cristo desde sempre.

 

Com o tempo, alguns membros da recém surgida Igreja Cristã, tentaram separar a natureza da graça (carne e espírito). Isto é, compreender o homem em si mesmo e deixando para Cristo o que diz respeito ao pecado e à salvação. O eterno conflito entre fé e razão ? Mas a espiritualidade anda sobre duas pernas : uma chama-se fé e a outra razão.

 

O sobrenatural não dispensa o natural, pelo contrário deve explicá-lo e justificá-lo. Tudo vem de Deus ! O que é o homem ? É graça de Deus que se torna natureza. A Encarnação do Verbo nos mostra Jesus, natureza humana e natureza divina, condição sobrenatural. Somos criados à imagem e semelhança de Deus. Somos divinos ? Não, mas somos divinizados em Cristo. Somos natureza abençoada pela “graça” divina com a liberdade de vontade, mas com senso de responsabilidade. A “graça não é devido à natureza”, pelo contrário : a natureza é devido à graça.

 

Quanto à pergunta, por que é falsa ? Porque :

 

  • Deforma a mensagem de Cristo sobre o Reino de Deus ;

  • Seria, então, o cristianismo uma ideologia ?

  • Qual o compromisso dos cristãos com a alteridade ?

  • Não somos “corpo e alma”; somos “seres humanos”, viemos de Deus;

  • Somos criados para o Reino de Deus, mas não é direito, é “dom” ;

 

 

  1. A partir da sua atuação profissional e pastoral, refletir sobre as consequências da relação justaposta entre natureza e graça.

 

Como já disse, é impossível desmembrar a natureza da graça. Onde começa um e termina o outro ? Há uma ordenação unitária e imanente, são inseparáveis, pois ambas começam e terminam em Deus.

 

Em uma sociedade onde prevalece o hedonismo, o individualismo, o consumismo e o narcisismo como tratar deste tema ? Como levar a mensagem de Jesus e falar sobre sobre natureza e graça, carne e espírito, razão e fé para uma “turma” que se preocupa exclusivamente com os bens materiais, com a ambição, com as paixões e desejos desse mundo ?

 

 

Como falar disso para pessoas que são incentivadas por outros grupos religiosos com a doutrina da prosperidade ? Podemos ficar literalmente “clamando no deserto” : falando sozinhos.

 

A chave de leitura pode estar na seguinte máxima : quem planta para colher neste mundo, já obteve o seu premio. A visão dualista de origem grega que nos remete à interpretação de corpo e alma, como se fossem “coisas” distintas, prejudica há séculos uma analise equilibrada do assunto. Não há “corpo e alma”, há “uma pessoa”, um ser. Fácil de compreender : é possível existir uma pessoa sem a união indissolúvel do corpo com a alma ? Não !!!!

 

Portanto, é preciso estressar para as “pessoas” o que nos diz São Paulo em 2Cor 4, 18 :

 

Porque não miramos as coisas que se veem, mas sim as que não se veem . Pois as coisas que se veem são temporais e as que não se veem são eternas.”

 

É importante frisar que o Reino de Deus já está e ainda não está entre nós, pois iremos colher no “futuro” aquilo que plantamos agora. E o futuro é o Reino de Deus. Afinal, se viemos de Deus e a vida se basta nessa dimensão, qual o sentido da Criação ? Qual o sentido da nossa existência ? Mero “capricho” de Deus ? E Jesus onde ficaria nisso tudo ?

 

 

 

Leandro Cunha

abril 2.012

 

 

 

 

 

 

 

 

Leandro Cunha
Enviado por Leandro Cunha em 10/04/2012
Código do texto: T3604764
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