O ASSASSINO

Se você sai, vai ao bar e enche a cara de cachaça, é problema seu. Você está exercendo a liberdade que Deus lhe deu. Somos livres e podemos tudo, ou melhor quase tudo, pois essa liberdade tem preço : a responsabilidade. Mas o que é responsabilidade ? Vem de “responder por”, você responde por alguém ou alguma coisa. Lembra-se do Pequeno Príncipe ? “És responsável por tudo aquilo que cativas”. É por aí !

Enquanto naquele bar, enchendo a cara de cachaça e gastando o seu dinheiro e colocando em risco a sua saúde, o problema continua sendo seu, com essa atitude fica claro que você é imprudente. Mas, tudo bem, o dinheiro é seu e a saúde também. Nada contra …

Todavia, se você continua naquele mesmo bar e continua bebendo, mas tem esposa e filhos em casa, o problema passa a tomar forma diferente. É claro que o dinheiro é seu, mas você tem responsabilidades. Você não tem o direito de colocar em risco a qualidade de vida e a segurança da sua família em função da sua imprudência.

Por outro lado, se você ao sair do bar com a “cara cheia”, pegar o seu carro e sair dirigindo, você continua sendo imprudente e passa a ser também negligente. Todavia, caso ocorra um acidente de transito com mortos, a coisa toma ares de tragédia onde a sua irresponsabilidade é a única “responsável”. Afinal, você assumiu os riscos conscientemente.

O preço da liberdade é a responsabilidade. Você é realmente livre, mas a liberdade tem limites, há fronteiras. E a sua liberdade termina exatamente onde e quando começa a liberdade do “outro”. Como você quer ser respeitado se você não respeita o direito dos outros serem livres ? Egoísta você ! Só você pode ser livre os outros não ? Estranho senso de democracia o seu !

Repare que na sua rápida passagem por aquele bar você regrediu. Começou sendo imprudente, passou para negligente, foi promovido à irresponsável e alcançou o lugar mais alto no podium : transformou-se em ASSASSINO ! O seu agir, enquanto procedimento, está no campo de liberdade; quando passa a ser resultado, entra no campo da responsabilidade. Você “responde pelo que fez, pelos seus atos” e suas consequências.

A liberdade não é para qualquer um, os estúpidos, por exemplo, não deveriam exercê-la pois não merecem essa benção. Eles não percebem as fronteiras, não sabem o que significa alteridade, gritam por direitos, mas odeiam os deveres. São os individualistas e os narcisistas do século XXI, fruto da própria sociedade que alimenta “a cobra que irá mordê-la nos próximos dias”.

É no resultado da ação do indivíduo que conhecemos os seus valores morais e/ou éticos. Ao sair do bar e voltasse para casa de táxi, você continuaria sendo imprudente, mas jamais negligente e irresponsável. E jamais colocaria a vida dos outros em risco de morte. O resultado da sua irresponsabilidade é “irreversível e intransferível”. No Brasil, onde impera a impunidade, você certamente poderá escapar das garras da justiça, mas não escapará do novo rótulo : você, de agora em diante, é um ASSASSINO !

Será um terrível constrangimento para os seus pais, a sua esposa e os seus filhos. Percebe até onde chegará a sua irresponsabilidade ?

Leandro Cunha